segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Reflexão sobre a realidade do inferno


Desde o princípio encontramos a existência do inferno de fogo eterno nos livros mais antigos que se conhecem: os de Moisés. Assim nos conta o décimo sexto capítulo do livro dos números: os três levitas, Coré, Datã e Albiron, que tinham blasfemado contra Deus e haviam se revoltado contra Moisés, foram "tragados vivos para o inferno. Eles desceram vivos para o inferno; e o fogo saído do Senhor devorou duzentos e cinquenta outros rebeldes." Isso foi escrito por Moisés há mais de seiscentos anos antes do nascimento de Nosso Senhor.

No Deuteronômio, o Senhor, pela boca de Moisés: "Sim! O fogo da minha ira está ardendo e vai queimar até o mais fundo do inferno." No livro de Jó, igualmente escrito por Moisés segundo alguns historiadores, o servo Jó testemunha que os ímpios, cuja vida era repleta de bens, disseram a Deus: 'Afasta-te de nós, pois não nos interessa conhecer os teus caminhos. Quem é o Todo-Poderoso, para que o sirvamos? De que nos aproveita que lhe façamos orações?. Estes ímpios caíram no inferno." Jó ainda descreve o inferno como "terra soturna e sombria de escuridão e desordem, onde a claridade é a sombra."

Certamente são testemunhos mais do que respeitáveis, que remontam às mais antigas origens históricas.

Davi e Salomão falavam frequentemente do inferno como uma grande verdade, conhecida e reconhecida por todos, sem haver necessidade de demonstração. No livro dos Salmos, entre outras coisas, dizia Davi sobre os pecadores: "Sejam precipitados todos os pecadores no inferno, envergonhem-se, e sejam conduzidos ao inferno. E também fala das "dores do inferno".

Salomão, referindo-se aos ímpios que querem seduzir e fazer se perder os justos diz: "Nós os tragaremos vivos, como o inferno." E na famosa passagem do livro da Sabedoria, onde descreve os desesperos dos condenados: "Eis os que dizem os pecadores no inferno; sim, a esperança do ímpio é como palha levada pelo vento". Outro dos seus livros chamado Eclesiástico, diz ainda: "A assembleia dos pecadores é monte de estopa, cujo fim derradeiro é a chama de fogo; no final estão o inferno, e as trevas e os castigos."

Dois séculos mais tarde, mais de oitocentos anos antes de Jesus Cristo, era a vez do grade Profeta Isaías dizer: "Como caíste do altos dos céus, ó Lúcifer (...) dizias a teu coração: subirei acima da altura das nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, no inferno serás precipitado até o profundo lago." Em outra passagem do livro de Isaías, o Profeta fala do eterno fogo do inferno: "O temor se apoderou dos ímpios. Quem dentre nós poderá habitar com o fogo devorador? Quem dentre nós poderá manter-se junto aos braseiros eternos?."

Também o Profeta Daniel, que viveu duzentos anos após Isaías, ao falar da ressurreição dos mortos e do julgamento: "E toda esta multidão dos que dormem no pó da terra, acordarão: uns para a vida eterna, e outros para o opróbrio, que eles terão sempre diante dos olhos."

O mesmo testemunho é dado por outros Profetas, até chegar ao precursor do Messias, São João Batista, que também fala ao povo de Jerusalém sobre o eterno fogo do inferno, como uma verdade de todos conhecida, da qual jamais se duvidou: "Eis o Cristo que se aproxima", disse; "Ele recolherá o Seu trigo (os eleitos) no celeiro, mas queimará as palhas (os pecadores) num fogo inextinguível."

O inferno existe: foi Deus mesmo quem nos revelou




As passagens do antigo testamento vistas anteriormente nos mostram que foi o próprio Deus quem revelou o dogma do inferno aos Patriarcas, aos Profetas a ao antigo povo de Israel. Com efeito, não são apenas testemunhos históricos; são, sobretudo, testemunhos divinos que comandam a fé, que se impõem à nossa consciência com a autoridade infalível das verdades reveladas.

Nosso Senhor confirmou solenemente essa formidável revelação, pois fala quatorze vezes sobre o inferno nos Evangelhos. Não nos reportaremos aqui a todas essas palavras, mas veremos apenas as principais. Não esqueçamos caro leitor, que é Deus mesmo quem fala aqui, e Ele disse:"Passarão o céu e a terra, mas não passarão as minhas palavras".

Pouco após a sua admirável transfiguração no Monte Tabor, Nosso Senhor disse aos seus e as pessoas que o seguiam: "Se tua mão ou teu pé te escandalizam, corta-os e atira-os para longe de ti. Melhor é que entres mutilado ou manco para a vida do que, tendo duas mãos e dois pés, seres atirado no fogo eterno. E, se teu olho te escandaliza, arranca-o e atira-o para longe de ti. Melhor é que entres com um olho só para a vida do que, tendo dois olhos, seres atirado no fogo do inferno, onde o fogo jamais extinguirá".

Ele também fala que chegará o fim dos tempos: "O Filho do Homem enviará Seus anos e eles apanharão do Seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade e lança-los-ão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger com o dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de Seu Pai. O que tem ouvidos, ouça!".

Quando o Filho de Deus prediz o juízo final, no vigésimo quinto capítulo do Evangelho de São Mateus, faz-nos saber de antemão os próprios termos da sentença que Ele pronunciará contra os condenados: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos". E acrescenta: "E irão esses para o suplício eterno".

Pode haver algo mais decisivo?

Os Apóstolos, encarregados pelo Salvador para desenvolver Sua doutrina e ensinar Suas revelações, não falam de maneira menos explícita sobre o inferno e suas chamas eternas. Para citar algumas de suas palavras, lembremos que São Paulo, pregando sobre o juízo final, disse aos cristãos de Tessalônica: "O Senhor Jesus descerá do céu com os Anjos da Sua virtude, em chama de fogo para vingar-se daqueles que não conhecem a Deus, e que não obedecem ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. O castigo deles será a ruína eterna longe da face do Senhor e do esplendor de Sua majestade".

O Apóstolo Pedro diz que os ímpios partilharão do castigo dos anjos maus, que o Senhor os precipitou nas profundezas do inferno, no tormento do Tártaro. Ele os chama de filhos da maldição, a quem são reservados os horrores das trevas.

São João, do mesmo modo falou-nos do inferno e suas chamas eternas. Quanto ao anticristo e seu falso profeta, disse: "ambos foram lançados vivos no lago de fogo, que arde com enxofre para serem atormentados noite e dia e por todos os séculos".

Finalmente, também o Apóstolo São Judas nos falou sobre o inferno, mostrando-nos os demônios e os condenados presos em "cadeias eternas sob as trevas", sujeitos so "castigo de fogo eterno".

Em todas as epístolas inspiradas, os Apóstolos recorrem constantemente ao temor dos julgamentos de Deus e Suas punições eternas, que estão à espera dos pecadores impertinentes.

Diante de tão claros esclarecimentos, é de se admirar que a Igreja nos apresente o castigo eterno como um dogma de fé propriamente dito? E de tal modo que, havendo quem ouse negar, ou mesmo pôr em dúvida, seja considerado herético?

Enfim, a existência do inferno é um artigo de fé católica. E estamos tão seguros disso como da existência de Deus. Assim sendo, o inferno existe.


fonte: trecho retirado por Jefferson Roger do livro "O inferno - se existe - o que é - como evitá-lo de autoria de Monsenhor de Ségur

Nenhum comentário:

Postar um comentário