segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A realidade do purgatório


A realidade do purgatório já confirmada pela doutrina e pelo magistério da igreja, ao contrário do que muitos pensam, tem origem bíblica. São várias as passagens em toda a sagrada escritura que comprovam essa realidade, tanto no antigo testamento, quanto no novo testamento. Por isso, é preciso ficar bem claro para todo o católico que se: se quer aprender algo sobre alguma verdade, dentro das sagradas escrituras, é preciso compreender qual é o ensinamento bíblico em todo o seu contexto e, sobre tudo, para o católico, o que existe é tradição e sagradas escrituras, e uma não existe sem a outra, tampouco contradiz a outra.

Pois do contrário corre-se o risco de ter que "deixar" de lado passagens bíblicas que atestam verdades confirmadas na tradição porém, não aceitas por outras denominações religiosas e até mesmo entre os católicos não comprometidos com o Caminho, a Verdade e a Vida.

Para início de conversa, vamos colocar um trecho do Evangelho de Mateus, onde Jesus Cristo explica o que acontece com os salvos que ainda não são santos. Sim, isso mesmo, essa é a realidade das pessoas que almejam o paraíso. Como entrar na glória eterna? Como ser admitido pelo três vezes santos, bastando-nos a fé? Se ao olharmos para dentro de nós, vemos um coração medíocre, que faz o bem, mas também guarda rancor? Que sofre por sua natureza humana quando precisa perdoar quem nos faz o mal? Quando muitas vezes sentimos o peso das tentações e vez por outra nela caímos ou ainda agimos por decisões que nos parecem mais adequadas, querendo justificar atitudes e deixando de lado as verdades celestes?

Pois então caro leitor. É difícil aceitar o fato, que algumas vertentes religiosas dizem que a pessoa se salva bastando ter fé. Como pode? Deus não vai considerar sua entrada no céu apenas pela fé, pois esta tese se derruba por ela mesma. Afinal por essa linha de pensamento, para se entrar no céu seria preciso uma fé autêntica 100%, e uma fé assim tem como consequência verdadeiras atitudes cristãs isentando-nos de qualquer repreensão que nos impeça a passagem pela porta estreita.

É possível? Claro que é! Mas, uma fé assim faz o católico agir seguindo os moldes de Jesus. Então sabemos que é difícil, pois nossa triste realidade de servos inúteis e de que sem Deus nada podemos fazer, nem nos salvarmos segundo o próprio Jesus, nos faz, ao tentarmos sem Ele chegar ao céu, cairmos porque buscamos a felicidade, que é uma realidade do espírito, no prazer, que é uma realidade do corpo. E na tentativa de acertar, erramos o alvo e pecamos.

Pois bem, pecamos e buscamos, após o arrependimento, nossa reconciliação com Deus, porém nossas imperfeições se não forem vigiadas nos levará a termos algumas expiações a satisfazer perante o criador. Trocando em miúdos, é o famoso "corpo mole". Nossa Senhora já nos alertou em algumas de suas aparições de que o purgatório é lugar para almas santas que se salvaram mas lá estão porque deixaram de lutar pela sua salvação ao menos um dia de sua existência neste vale de lágrimas.

Já vimos que é dureza! Jesus mesmo já disse que é difícil entrar no Reino dos Céus. Então, com essas pequenas reflexões da bíblia não devemos nos espantar com a realidade do purgatório; a última das misericórdias de Deus. Não é como na escola, que tirou nota azul, passou de ano. Por essa analogia no céu só entra quem tirar 10, pro inferno vai quem tirou nota vermelha. Porém se não tirou 10, mas tirou nota azul, precisa fazer recuperação. Onde? No purgatório!

Vejamos o que nos diz Jesus:

23 Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. 25 Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. 26 Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.

Aqui neste trecho do Evangelho, os estudiosos sérios da bíblia confirmam que esse ensinamento de Jesus consiste na verdade sobre o purgatório. O adversário é o acusador, satanás. O juiz é nosso salvador e redentor, o justo juiz Jesus Cristo. O ministro a doutrina e a tradição católica nos ensinam que se trata do Arcanjo São Miguel, que recebeu de Deus a missão de levar as almas ao purgatório. Essa atividade do Arcanjo é inclusive proferida na ladainha a São Miguel Arcanjo. Ser posto na prisão é ser posto no purgatório onde só sairá depois de ter expiado todos os pecados não satisfeitos plenamente em vida. Vamos lembrar? No Evangelho de Mateus, após a tentação no deserto nos é contato que Jesus inicia sua vida de pregação e começa dizendo: Fazei penitência pois o reino dos céus está próximo. (Mateus 4,17) Olhemos para a preocupação de Jesus, aqui é o lugar para a penitência porque aqui ela é meritória enquanto que no purgatório ela é satisfatória.

Seguindo adiante neste assunto temos também as confirmações que a divina providência nos revela através dos santos, como é o caso de uma grande santa chamada Santa Francisca Romana, que relatou sua experiência concedida por Deus sobre o purgatório que abaixo transcrevemos:


Admirável é a luz que derramam sobre esta importante doutrina as revelações de Santa Francisca Romana. Na relação que delas fez, por ordem do seu confessor, a Santa diz que foi levada ao Purgatório pelo Arcanjo São Rafael, e que lhe foram mostradas as almas padecentes em três regiões ou esferas, uma acima da outra.

1º - NA REGIÃO INFERIOR viu as almas envolvidas em terríveis chamas de fogo menos tenebroso do que o Inferno: a Santa diz que nesta região são detidas as almas que cometeram pecados graves de que não fizeram suficiente penitência: o fogo é o mesmo para todas, umas porém sofrem mais do que as outras, conforme a gravidade dos pecados cometidos: cada pecado mortal pelo qual não se satisfez a Deus, depois da absolvição, é expiado no Purgatório por sete anos de suplícios nesta região inferior, conforme diz a mesma Santa.

2º - NA REGIÃO DO MEIO são detidas as almas que não cometeram tão graves culpas: as penas do fogo que sofrem são terríveis, mas não tão horríveis nem tão prolongadas como as da região inferior.

3º - NA REGIÃO SUPERIOR padecem as almas que caíram em pecados mais leves, ou que tendo já expiado culpas graves completam sua purificação, ou dão a Deus a última satisfação antes de serem admitidas à sua divina presença, e de entrarem no lugar do suavíssimo refrigério, na Região da Eterna Luz, no imenso oceano da Paz bem-aventurada. (História de Rohrbacher, vol. II, p. 291)

4º - A mesma Santa refere que via muitos Anjos ocupados em levar as almas com muita caridade de um lugar do Purgatório para outro; são Anjos aos quais a Divina Misericórdia confiou este ofício, mas não são os Anjos da Guarda; estes, diz a Santa, apresentam à divina justiça os sufrágios oferecidos a Deus pelos parentes, ou amigos das almas, e Deus aceita e os entrega ao anjo da guarda, que os comunica à alma por quem foram oferecidos, e lhe alivia as penas que sofre.

5º - As Santas Missas, orações, esmolas, mortificações, ou indulgências que se aplicam a uma alma particular, aliviam principalmente, ou libertam primeiro a esta, mas, diz a Santa, todas as almas do purgatório também sentem alívio por causa da caridade que reina entre todas essas almas santas. As Missas oferecidas e mais sufrágios feitos pelas almas que não precisam, por estarem já no Céu, aproveitam aos que oferecem, e a todas as almas do purgatório.

6º - As Missas porém, ou sufrágios aplicados a uma alma que os parentes ou amigos julgam estar no Purgatório e que se acha no Inferno, nada aproveitam a esta alma desgraçada, nem às almas do purgatório, mas unicamente aos fiéis que rogaram por esta pobre alma, a não ser que na sua intenção quisessem aplicar seus sufrágios a todas as almas do purgatório, no caso de não servirem à alma por quem as aplicaram em particular.

Convém aqui nos aconselhar com Santo Anselmo, que aproveita mais assistir devotamente uma só Missa, ou dar espórtula para se celebrar, do que deixar mil Missas depois da morte.

Com efeito, assistindo à Missa durante a vida tiramos dela um proveito imediato e direto: se estamos em estado de graça, angariamos um novo grau de glória para o Céu; se estamos culpados de pecado mortal, podemos esperar que Deus nos concederá o benefício dum sincero arrependimento; estando a nossa hora fixada e prevendo Deus que, a executar o seu decreto, nós cairemos no Inferno, Ele retardará ou mudará, como seja melhor, esse momento decisivo, de maneira a não nos chamar ao seu Tribunal senão reconciliados com Ele pela penitência.

As Missas que rezamos ou mandamos rezar em vida, são pois de precioso valor; elas acompanhar-nos-ão até o Tribunal do Supremo Juiz, pedindo graças por nós; e, se não nos livram do Purgatório (levando-nos para o Céu), impedem-nos de lá cairmos muito profundamente.


fonte: Jefferson Roger e trechos retirados da sagrada escritura e do livro Sufrágio - Revelações de Santa Francisca Romana

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