VEMOS HOJE muita gente bem intencionada que parece encontrar problemas para entender o que vem a ser, exatamente, o Catecismo da Igreja Católica. Para grande parcela da população católica, dizer “Catecismo” pode ser uma referência às enfadonhas "aulinhas" que tiveram, quando crianças, que na maior parte das vezes consistiam de atividades que não lhes deixaram marcas: brincar, colorir, desenhar. Para os que têm uma participação mais ativa na vida eclesial, a referência é ao Catecismo do Papa João Paulo II. Raros são os católicos que vão além disto, e raros também são aqueles que percebem o que realmente vem a ser o Catecismo. Muitos catecismos já foram escritos. O primeiro deles, provavelmente, é o livro conhecido como Didaquê. O Catecismo de João Paulo II é apenas o mais recente. O objetivo de todos os catecismos, todavia, é o mesmo: a apresentação sucinta e ordenada das verdades de Fé em que o cristão deve crer. Cada catecismo foi escrito tendo um público determinado em mente, enfatizando mais este ou aquele aspecto da Fé, procurando sanar os erros mais comuns de seu tempo. Tradicionalmente, os Catecismos podem ser de três tipos: o Primeiro Catecismo, contendo uma apresentação extremamente abreviada dos pontos principais da Fé, frequentemente em forma de perguntas e respostas a memorizar. O objetivo deste tipo de Catecismo é a utilização em aulas de preparação para a Primeira Comunhão. Há quem diga que não seria pedagogicamente aconselhável usar esse tipo de memorização; esta não é a nossa opinião: se por um lado a memorização sozinha pode não servir para muita coisa, por outro, quando auxiliada por explicações claras e precisas pode perfeitamente servir para que os pontos mais fundamentais e necessários sejam memorizados e fiquem, por assim dizer, “disponíveis” na mente da pessoa para que possam ser trazidos à memória (e à consciência) quando se fizer necessário, ao contrário de cantorias, joguinhos e pinturas a lápis de cor. Uma historieta que ouvi outro dia mostra bem essa função da memorização: contou-me um sacerdote que estivera recentemente à beira da cama de um moribundo, e sua filha, chorando, murmurava contra o que ela concebia como injustiça: a morte próxima do pai. Repetia que não podia ser para "aquilo" que o pai tinha vindo ao mundo, para sofrer daquela maneira, e afirmava que Deus estaria sendo injusto. O padre perguntou-lhe então “para que havia sido criado o homem?”, e a moça de pronto respondeu, como havia memorizado muitos anos antes: “o homem foi criado para conhecer, amar e servir a Deus neste mundo, e depois gozá-lo para sempre no outro mundo”. Atônita, ela mesma se deu conta das palavras que havia pronunciado, e percebeu a resposta divina de esperança que, em sua dor, até então vinha se negando a perceber. O segundo tipo é o Segundo Catecismo, muitas vezes ainda em perguntas e respostas, porém mais aprofundado, destinado ao estudo de crianças mais velhas e adolescentes. O terceiro tipo, o Terceiro Catecismo, em que se enquadra o Catecismo de João Paulo II, é um livro que contém um resumo um pouco mais aprofundado e explicado das verdades essenciais da Fé cristã, apresentando as mesmas verdades eternas ao público de um determinado tempo e de uma determinada ocasião. O Catecismo de João Paulo II foi concebido como uma maneira de ajudar a refrear as muitas falsas interpretações do Concílio Vaticano II, que se haviam espalhado pelo mundo para a confusão dos fiéis. Para que se tenha uma ideia, na Holanda chegou a ser publicado um falso “catecismo” que negava as verdades mais básicas da Fé, apoiando-se em falsas interpretações dos textos do Concílio, – ou melhor, naquele famigerado e fictício “espírito do Concílio" ao qual os adeptos da herética "'teologia' da libertação" tanto recorrem em seus erros. – À época, o Papa Paulo VI mandou que este livro fosse corrigido, mas isso nunca foi feito. Procurando, assim, mostrar que o Concílio Vaticano II visava o aprofundamento, não a negação nem a modificação, da Fé da Igreja, o Papa João Paulo II lançou o mais recente Catecismo, que procura apresentar a mesma Fé de sempre de uma forma mais atual, visando a eliminação dos erros do tempo presente. A parte mais rica deste Catecismo é a sua apresentação do que é negado pelas escolas de pensamento mais recentes: a cristologia ortodoxa, ou seja, o conhecimento da humanidade e divindade de Nosso Senhor, e a antropologia teológica, ou seja, a percepção verdadeira de quem é o homem. Se no Brasil, felizmente, os erros europeus não tiveram grande alcance, os nossos problemas vêm mais das influências nefandas do espiritismo e do protestantismo pentecostal e neopentecostal. Para esclarecer às pessoas cuja antropologia teológica foi contaminada por tais erros é bastante útil, ainda que não seja voltado especificamente para tal. Para os erros decorrentes especificamente da contaminação protestante, contudo, parece-nos mais eficaz empregar o Catecismo dito Romano, promulgado por São Pio V e escrito por São Carlos Borromeu após o Concílio de Trento. Este Concílio foi convocado para fornecer à Igreja definições e modos de agir quanto à então nascente heresia protestante. Assim, as partes deste Catecismo que dizem respeito à Sacramentologia, ao culto dos Santos e outras verdades de Fé negadas pelo protestantismo são extremamente úteis para o cristão brasileiro. fonte: o fiel católico
Nenhum comentário:
Postar um comentário