quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Advertir o irmão


Ezequiel 3,18-20

18 Se digo ao malévolo que ele vai morrer, e tu não o prevines e não lhe falas para pô-lo de sobreaviso devido ao seu péssimo proceder, de modo que ele possa viver, ele há de perecer por causa de seu delito, mas é a ti que pedirei conta do seu sangue.
19 Contudo, se depois de advertido por ti, não se corrigir da malícia e perversidade, ele perecerá por causa de seu pecado, enquanto tu hás de salvar a tua vida.
20 E, quando um justo abandonar a sua justiça para praticar o mal, e eu permitir diante dele algum tropeço, ele perecerá. Se não o advertires, ele morrerá por causa do seu delito, sem que sejam tomadas em conta as boas obras que anteriormente praticou, e é a ti que pedirei conta do seu sangue.
21 Ao contrário, se advertires ao justo que se abstenha do pecado, e ele não pecar, então ele viverá, graças à tua advertência, e tu, assim, terás salvo a tua vida.
Caros leitores, neste artigo iremos refletir um pouco sobre o comportamento desaprovado por Deus que resulta no pecado da omissão. Entre tantos trechos das sagradas escrituras que nos ensinam essa verdade, separamos aqui essa passagem do livro do profeta Ezequiel. Nele, Deus é muito claro em afirmar que irá pedir conta pela perdição do irmão que deixamos de advertir. Porém da mesma forma é claro em afirmar que a atitude de querer salvar uma alma, ato de caridade, nos trará a recompensa da vida eterna. Recordo-me aqui de uma passagem do livro do Eclesiástico que diz que a caridade apaga uma multidão de pecados.

Oba, muitos podem pensar. Achei o pote de ouro. Vamos sair por aí fazendo um monte de caridade e controlando a balança da quantidade de pecados que eu cometo versus a quantidade de caridade que faço. Assim posso viver a boa vida dos prazeres terrenos e passageiros, pecar a vontade só me bastando tomar cuidado em fazer obras de caridade suficientes para apagar minha multidão de pecados. Ora, afinal está escrito na bíblia não é mesmo, se está lá então vale e baseado nisso garanto minha salvação. Quantos pensam assim, quantos cometem o triste e grave erro de colocar um texto fora do contexto e com isso caminhar rumo a rampa da perdição.

Vamos por etapas, como sempre gosto de dizer. Jesus disse que tudo se resume aos dois mandamentos do amor. Se não lembra caro leitor de uma olhada em Mateus 22,36-40 para reavivar no seu coração e mente os ensinamentos do mestre. Partindo deste ponto este trecho comentado do livro do Eclesiástico fica ligado da seguinte maneira. Quando Jesus diz para amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos significa que, por amor a Deus, que me amou primeiro, eu amo o próximo e faço a ele o que gostaria que fizessem a mim. Outro ensinamento de Jesus e este podemos conferir no sermão da montanha, Mateus capítulo 5, 6 e 7.

Dessa forma a mensagem do evangelho e do antigo testamento convergem para uma realidade que nos mostra que o egoísmo precisa ser completamente descartado de nossas vidas. Não podemos querer sermos salvos e apenas isso, ou querermos ser salvos nós e nossos familiares e pessoas que gostamos. Nada disso, Jesus quer que rezemos pelos nossos inimigos e pela conversão de todos os pecadores. Ele mesmo disse que não existe recompensa em fazer como os pagãos fazem: “Que recompensa recebereis?” – palavras do nosso salvador.

Da mesma forma o raciocínio se deve aplicar a outras práticas católicas. Ser pecador e querer enrolar Jesus com obras de caridade não vai funcionar. Certa vez Deus Pai numa aparição a Santa Catarina de Sena disse que “o pecador que peca com intenção de pedir perdão, não espere de mim, nem o perdão e nem a misericórdia”. Ao lermos isso podemos ser acometidos de um breve susto. Ué, vou pedir perdão e Deus não vai me conceder? Sim e não. Explico.

É muito simples. O perdão existe para quem está arrependido. O sacramento da confissão concede através do sacerdote, instrumento de Cristo, que atua “in persona Christi”, o perdão dos pecados quanto a sua culpa, ficando a reparação temporal pela sua consequência. Ir se confessar por mera formalidade sem arrependimento é gravíssimo pois se trata de sacrilégio cometido intencionalmente e descaradamente. E se a vida for continuando nessa linha, nossa multidão de pecados ao contrário não será apagada, será multiplicada.

Peçamos sempre em nossas orações a graça de termos um coração contrito, cientes da nossa condição de pecadores e necessitados da graça de Deus, para podermos chegar por Jesus e com o auxílio de Maria Santíssima a pátria celeste, nossa eterna morada, nos comportando como é do agrado do criador e dando testemunho da fé que professamos.


fonte: Jefferson Roger

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