segunda-feira, 30 de maio de 2016

Minhas filhas estão batizadas

Na época do povo judeu, antes da vinda de Jesus, quando completados 8 dias, os pais da criança recém-nascida levavam o bebê ao templo para a cerimônia da circuncisão, cujo ritual concedia o ingresso e a pertença desta ao povo de Deus. Nenhum pai cogitava esperar a criança crescer para que ela decidisse por si se queria fazer parte deste povo de Deus. Pela fé no Deus de Abraão os pais imediatamente presenteavam seus filhos com aquilo que de mais precioso tinham na vida: Deus.

No tempo da plenitude, o enviado do Pai, nosso Senhor Jesus Cristo, que não veio para abolir a lei, mas para torna-la perfeita (Mateus 5,17), confere a todos nós no alto da cruz, o sacramento do batismo que após sua ressureição mandatou essa realidade a todos (Mateus 28,19). Então, nos primeiros passos da igreja fundada por Jesus sobre a profissão de fé de Pedro, vemos no livro de Atos dos Apóstolos que, à medida que alguém se convertia, era batizado ele e toda a sua família (Atos 16,15,31,33).

Pois bem, assim como os judeus faziam na circuncisão, os convertidos ao cristianismo católico também o fazem até os dias atuais. Ninguém espera a criança crescer para que ela decida se quer ser filha de Deus. O quanto antes as famílias católicas entregam aos filhos o que de mais precioso tem em suas vidas: Deus. Estudando a vida dos santos aprendemos que as crianças eram batizadas no dia seguinte ou quando muito, dois dias depois por conta de se esperar algum parente chegar de longe. Sempre foi assim. O quanto antes. E vale ressaltar que não existiam batismos de criança no início porque ainda não existiam famílias cristãs. Ainda nem existia o sacramento do batismo pois foi Jesus que o constituiu! Muitos, porém, de outras denominações, alegam que o batismo não vale nada porque a criança ainda não tem fé. Por isso é preciso batizar depois de adulto, como foi o batismo de Jesus, feito por João Batista. Isso é um erro muito grosseiro, porque o próprio João Batista afirmou que o batismo dele era somente para conversão pois viria alguém maior que ele para batizar no Espírito Santo.

E vem a pergunta: Jesus precisava ser batizado? Claro que não. Ele foi batizado para nos mostrar o caminho a ser seguido e para dar exemplo. Não conceder o quanto antes esta graça que brotou na cruz para as crianças é parar em João Batista. No início da igreja a conversão e a fé de um dos membros da família e sua consequente experiência de Deus, o fazia querer isso na vida das pessoas que amava e assim é até os dias de hoje.

E assim foi na minha vida, eu fui batizado com poucos meses de vida, três meses para ser exato. Assim foi também com minhas duas filhas. Com seus seis meses de vida, foi a vez da minha segunda filha. No primeiro banco da igreja, Sofia (a filha), seus pais e padrinhos, formavam a linha de frente aguardando pelo início da cerimônia que estava marcada para acontecer na tarde do dia 28/05/2016. Numa contagem regressiva de dias e horas, numa contagem regressiva que nasceu de uma simples conversa de que se estava planejando receber de Deus mais uma vida para educar na fé, em cada detalhe desenhado em nossas vidas majestosamente por Deus, lá estávamos nós.

Sob a condução de nosso pároco, o Padre Marcos, que acompanhou a Sofia desde o ventre, o batismo aconteceu em clima de muita sacralidade e de sentimentos contidos. O brilho no olhar, o sorriso estampado, até o choro da Sofia que pedia por mamá, tudo se completava e se consumava em menos de uma hora e se iniciava o compromisso assumido no amor. A mãe sorria com os olhos e de tempo em tempos olhava para mim, porque como pessoa muito emotiva que sou, já aguardava ela pelas minhas lágrimas. Eu, ali, na primeira fila de bancos, parei no tempo, olhei para o altar, esqueci do mundo e fitando os olhos para Jesus sacramentado agradeci por me permitir entregar mais uma filha em suas mãos. E eu que não tenho nada, pude mais uma vez entregar para minha segunda filha tudo o que tenho: Deus.


fonte: Jefferson Roger

Nenhum comentário:

Postar um comentário