terça-feira, 26 de julho de 2016

Com Deus não se brinca (Gl 6,7)


Conta a História Sagrada no I Livro dos Reis de como os Filisteus, atemorizados por tremendos castigos, resolveram devolver a Arca Santa aos Judeus.

Durante o regresso a Arca ficou por algum tempo entre os Betsamitas os quais fizeram grande festa por tão insigne acontecimento; mas alguns mais curiosos, desejando conhecer o que havia dentro da Arca, a abriram.

Esta falta de respeito, para nós tão insignificante, custou a vida de mais de cinquenta mil pessoas, fulminadas repentinamente pela ira divina enquanto o povo gritava: Quão terrível é a presença de um Deus tão poderoso e santo!

Discípulo — Pelo que vejo, Padre, com Deus não se brinca.

Padre — De fato.

E se tivéssemos verdadeira fé quando vamos comungar, deveríamos prorromper nas mesmas exclamações diante de Jesus realmente presente na Santíssima Eucaristia;

Em vez quantos betsamitas existem ainda hoje que se dizem cristãos, e vão alegres e desejosos de ver e receber a Jesus Cristo, porém não fazem o que devem para honrá-Lo dignamente.

Não conseguem ver as purulentas feridas da própria alma, por estarem atolados na matéria, no sensualismo, no egoísmo.

Não advertem que, cometendo sempre as mesmas faltas e permanecendo sempre nos mesmos defeitos sem vontade de se corrigir, aproximando-se temerariamente daquele insondável Mistério do qual a Arca era uma simples imagem, convertem o remédio em veneno, e vão buscar a morte na fonte da vida.

No segundo livro dos Reis encontramos o seguinte episódio:

O rei Davi determinara transladar a Arca para a cidade onde ele residia em meio de grandes e jubilosos festejos do povo. Para isso colocaram-na em um carro de bois, ricamente adornado para tal fim.

Sucedeu, porém, que os bois a certo ponto pararam e aos coices fizeram a Arca tombar de um lado. Ora, um levita, que ia ao lado do carro, levantou a mão para sustê-la. Imediatamente a ira divina fulminou-o e o levita caiu morto no mesmo lugar.

Discípulo — Coitado! O que havia na Arca?

Padre — Na Arca Santa, além das tábuas da Lei e a vara de Arão, se achava um vaso com Maná símbolo da Eucaristia.

Isso serve para advertir-nos de que não devemos consentir que almas indignas recebam o adorável Sacramento da Eucaristia.

São Paulo recorda esta semelhança da Eucaristia com a Arca santa, quando diz que nos primeiros tempos da igreja eram castigados muitos cristãos com enfermidades e até com a morte por se haverem atrevido a comungar indignamente.

Discípulo — Atualmente não temos exemplos de semelhantes castigos?

Padre — Temos muitíssimos.

Ouça o seguinte: Uma senhorita de dezesseis anos havia passado a noite dançando. Pela manhã seguinte foi atrevidamente comungar a fim de encobrir sua falta perante o vigário e suas colegas.

Pobrezinha! Apenas voltara ao banco, sentiu um calafrio e um desarranjo interno seguidos de vômitos que a fizeram lançar fora a sagrada Partícula e tudo quanto havia ingerido e por fim até as próprias entranhas.

Só se pode servir a um Senhor

Discípulo — Coisa horrível! Com Deus verdadeiramente não se brinca. Por isso procurarei comungar sempre dignamente, com o maior respeito e reverência a tão grande Sacramento.

Padre — Muito bem! Esse é o propósito que todos deveriam fazer. Comungar sempre com as devidas disposições possíveis, com os melhores sentimentos de piedade e devoção de que é capaz.

Discípulo — E que hão de fazer os que mesmo querendo não conseguem ter essa piedade e devoção?

Padre — Para muitos será suficiente a fé interna e os esforços que fazem para manter-se em graça; outros suprem essa falha com o cuidado em evitar as faltas veniais.

O que Jesus detesta são os desgraçados maliciosos, os indiferentes, tíbios e, sobretudo, aqueles que pretendem servir a dois senhores, ser cristãos e pagãos, crentes e liberais, bons e maus, castos e desonestos.

Discípulo — Aqueles enfim, que cantam para espantar os próprios males, não é, Padre?

Padre — Isso mesmo: Mas chegará o dia da Justiça Divina.

Dia em que lhes será tolhida a venda dos olhos e aparecerão claros e diáfanos todos os sacrilégios cometidos. Que confusão e vergonha não experimentarão todos os que profanaram a Pessoa adorável de Jesus Cristo.

Agora Jesus se oculta e permanece caladinho, mas naquele dia aparecerá em todo seu poder e majestade como um Juiz rigoroso.

Discípulo — Basta, basta, Padre, já estou com medo…

Padre — Oxalá! Ficassem com medo todos os indignos, os traidores, os miseráveis sacrílegos… Jesus na sua infinita bondade lhes conceda conhecimento, temor e conversão.

fonte: retirado do livro “Comungai bem” do Rev. Pe. Luiz Chiavarino por Associação Apostolado do Sagrado Coração de Jesus

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