Segundo Santo Tomás de Aquino o agradecimento passa por três níveis. Em sua suma teológica ele nos ensina que esta realidade humana, a do agradecimento, é algo de muito complexo. Isto deriva também de uma limitação que o ser humano tem em sua linguagem. Tantas vezes já ouvimos ou até falamos a expressão "Estou sem palavras para me expressar", utilizada nas mais variadas situações, de tantas formas e até automaticamente, mas, tudo como resultado desta verdadeira realidade: sentimos que não conseguimos colocar para fora o que sentimos através de nossas palavras. É preciso, como sempre ensinou Jesus, brotar do coração mas, nem tudo que nasce nele conseguimos expressar. Por isso também é que Jesus julga a pessoa pelo seu coração. Olha quanta sabedoria e justiça divina. A gratidão segundo Santo Tomás é dividida em três grupos: O primeiro consiste em reconhecer o benefício que se recebe; O segundo consiste em louvar e dar graças; O terceiro consiste em retribuir de acordo com as possibilidades.
Nas mais variadas línguas do mundo, as expressões utilizadas pelas pessoas refletem uma destas realidades, algumas ou todas. Aqui no Brasil, no caso de nossa língua portuguesa, nossa palavra “obrigado” se dirige ao terceiro grupo, lembrando que Santo Tomás explica que existe uma condição de um grupo estar contido no outro. Existe uma ordem. O terceiro grupo engloba os outros dois e o segundo grupo engloba o primeiro. A origem de nossa palavra “obrigado” vem da expressão “ob-ligatus” que remete ao dever, a obrigação de retribuir. Desta forma Santo Tomás ensina que a gratidão deve, ao menos de forma intencional, superar o favor que se recebeu. Também ensinou que há dívidas por natureza que não são possíveis serem saldadas, seja de um homem em relação a outro, seu benfeitor, e sobretudo em relação a Deus. Diz o Salmo 115, "Como poderei retribuir ao Senhor por tudo o que Ele me tem dado?". Nessas situações de dívida impagável, tão frequentes para a sensibilidade de quem é justo, o homem agradecido sente-se embaraçado e faz tudo o que está a seu alcance, tendendo a considerar-se em condição sempre insuficiente e por causa dessa insuficiência de quem sabe não dispor de moeda forte, nasce o recurso a Deus, consignado na expressão "Deus lhe pague", que, naturalmente, deixa subentendido que um pobre homem, como eu, não pode fazê-lo...
Jesus em seus ensinamentos através de revelações privadas acrescentou que esta intenção pode ser mais agraciada e melhorada em benefício próprio e de outrem, se ajuntar-se ainda a expressão “mil vezes” ou “eternamente”. Ficando então “Mil vezes, Deus lhe pague” ou então “Eternamente Deus lhe pague”. Percebe-se então o caráter lícito da expressão, mas cuidado. Não se pode “em vão” se fazer do nome e da grandeza do altíssimo para justificar uma ausência voluntária de atitude por parte de quem foi favorecido. Assim conclui Santo Tomás ao dizer que a falta de agradecimento ou o uso ilícito do “Deus lhe pague”, como por exemplo, alguém que após comer num restaurante sai sem pagar dizendo apenas ao proprietário “Deus lhe pague”, constitui esse ato de ignorar a graça, favor ou benfeitoria em suprema ingratidão. É, portanto sempre necessário vigilância constante para bem agirmos dentro daquilo que nos pede Jesus, pois assim como ele disse que nenhum copo de água que dermos ficará sem recompensa, ele que é justo juiz, julgará nossos corações e obras e saberá muito bem todas as vezes que usamos seu santo nome em vão, desobedecendo o segundo mandamento da sua lei. fonte: Jefferson Roger
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