terça-feira, 23 de agosto de 2016

O discípulo de Santo Agostinho

São Próspero de Aquitânia, hoje chamada de Limoges na França, tornou-se grande escritor e teólogo. Como monge leigo, combatia a heresia da época que Pelágio insistia em divulgar de que a graça divina era importante, mas não essencial para a salvação pois bastava o esforço pessoal de cada um. Também Pelágio propagava que era contra a doutrina do pecado original. Nesta época, período que acontecia dentro do ano 400 em diante, São Próspero conheceu Agostinho, que tornou-se seu mestre. Por ser grande escritor ele manifestava através de seus escritos sua defesa em favor dos ensinos de Santo Agostinho, que na época eram criticados por muitos do clero. Chegou ao ponto de escrever ao sumo pontífice Celestino I, que determinou por documento que os bispos da França deixassem este imenso doutor e mestre da igreja fora de suas críticas.

Tudo que se sabe a respeito de São Próspero se reúne nos materiais que ele mesmo produzia. Na história da igreja existe relato de um quadro feito sobre o santo que está exposto na igreja de São Clemente em Roma, local que em 417 o papa Zózimo condenou a heresia do pelagianismo, fortemente combatida por São Próspero.

Num de seus escritos temos a seguinte exortação:

"(Advertimos àqueles que,) deixando de reconhecer a Deus como Autor de suas capacidades, professaram-se sábios; gloriando-se não em Deus, mas em si mesmos, como se tivessem atingido o conhecimento da Verdade pelos esforços do seu próprio raciocínio." São Próspero de Aquitânia (Chamado às Nações, IV, vs. 17-20)

Com este belíssimo parágrafo tecido pelo santo somos remetidos ao convite para sermos humildes, reconhecermos o nosso nada, termos consciência de que somos servos inúteis, que devemos servir, adorar, amar a Deus e fazer a sua vontade assim como sempre nos recordarmos que sem ele, nada podemos fazer. Tudo é graça e dom de Deus, mesmo que as pessoas neguem este fato e virem suas costas voluntariamente para o Criador, inevitavelmente continuarão dependendo dele para tudo. Deus nos sustenta e somos reféns de sua mínima vontade.

Como é triste olharmos para o mundo e assistirmos tantas e tantas pessoas agindo como se não fossem elas mesmas obras de Deus. A humanidade coloca em seu pescoço uma linha medalha e se exalta por conta própria. Proclama aos quatro cantos do planeta que resolve sozinha todas as coisas e este Deus dos católicos não passa de uma invenção.

Não é nada disso. Não podemos ficar imunes contra toda a realidade que se apresenta ao nosso redor. Como acreditar que não existe um Deus e que nossa vida não é eterna? Que quando morrermos pronto e acabou? Ou ainda como se pode acreditar que Deus está lá em cima, ocupado com seus afazeres e nós que nos viremos para dar um jeito de chegar até lá, por conta própria, como defendia Pelágio?

Não podemos ficar alheios ao Verbo de Deus que se fez homem e habitou entre nós. Santo Agostinho enxergou isso. São Próspero enxergou isso. Tantos santos e santas de Deus enxergaram isso. Por que muitas pessoas não enxergam isso? Quem sabe seja outra coisa, quem sabe muitos enxerguem e não queiram aceitar tudo que vem de Deus porque o Amor do Pai é exigente e cobra de nós que sejamos um outro Cristo. Cobra e espera de cada um que alcancemos a estatura de Jesus e que coloquemos nossa cruz do lado da cruz do salvador. Outra forma não há, precisamos como São Próspero, sermos discípulos da verdade, do caminho e da vida.


fonte: Jefferson Roger

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