terça-feira, 23 de agosto de 2016

O que caracteriza um pai?

Como definir a especificidade da figura do pai? O que o define? Analisando a ação de Deus Pai na História Sagrada, a partir do Antigo Testamento, vemos que a primeira coisa que o SENHOR faz é dar a sua Lei; é estabelecer os limites entre o que é certo e o que é errado. Isso é próprio da figura do pai: educar. Isto implica também castigar, sim, quando preciso – é próprio do amor verdadeiro e zeloso do pai. Quer queira quer não, o pai sempre significou, de algum modo, a lei. E isso também pode significar, em determinados momentos, um certo distanciamento – e é por isso que não se quer mais ser pai. Todos querem ser "modernos", querem ser bonzinhos, tolerantes... Querem ser "cúmplices" dos filhos. E para alguém se assumir como a lei, como aquele que impõe os limites, é preciso coragem, determinação, firmeza em suas convicções. Isso dá trabalho e pode gerar alguma antipatia. Evita-se correr o risco.

Deus, que inspira a nossa paternidade, é o mesmo que – para o nosso bem – apresenta os nossos limites, dá a Lei e nos mostra até onde podemos ir, apresentando a simples verdade: Ele é Deus, e não nós! Se quisermos ter uma vida realizada, feliz e plena, precisamos em primeiro lugar reconhecer este fato elementar. Todo ser humano, em alguma fase de sua juventude, vive um período de rebeldia. Quer contestar a ordem estabelecida, quer impor o seu querer e o seu pensar, revolta-se contra "o sistema"... Ele quer, enfim, ser o seu próprio deus. Adolescentes, se não forem devidamente orientados, tornam-se pequenos ditadores. Cabe antes de tudo ao pai orientar, apontar a realidade, apresentar os limites, ensinar a lição fundamental: você não é deus.

O pai cristão deve fundamentalmente e sempre, afinal, conscientizar-se dos seguintes fatos: por um lado, a Paternidade Divina é insubstituível; por outro, os pais aqui na Terra são como ícones de Deus Pai. São José não era propriamente pai de Jesus, mas ele de alguma forma serviu como um pai para o Senhor aqui na Terra, e não apenas socialmente, mas também, em algum nível, psicológica e espiritualmente. De alguma forma existia essa noção de paternidade sublime e sagrada, mesmo entre Jesus e José, e nós o percebemos quando a Virgem Maria diz a Jesus Menino, ao encontrá-lo no Templo: “Meu filho, por que fizeste isso? Teu pai e eu te procurávamos, cheios de aflição”. Por esta declaração de Maria Santíssima, vemos que Jesus chamava e tratava a S. José como pai, mesmo sabendo que aquele homem santo não era, de fato, seu pai. Mesmo assim, Jesus o respeitava como ícone de pai neste mundo.

E a Sagrada Escritura diz, ainda mais, que Jesus “desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito” (Lc 2,49-51). Jesus, aos doze anos de idade, depois de tratar dos “negócios de Seu Pai” – o próprio Deus, no Templo em Jerusalém – voltou com sua mãe e seu pai adotivo para Nazaré, onde viviam, e era-lhes obediente. Jesus, o Filho de Deus e Deus, sujeito e obediente ao seu pai adotivo humano! Que lição maravilhosa para os nossos jovenzinhos de hoje, sempre rebeldes e tão cheios de razão! Evidente que assumir-se como ícone de pai não quer dizer obrigar os filhos a uma obediência cega, tiranizando-os e obrigando-os à obediência cega. A grande missão do pai de família cristão é colocar-se de joelhos diante do Pai dos pais, do qual provém toda a paternidade, para aprender como gerar espiritualmente aos seus filhos.

Consta que o grande S. João Maria Vianney, celebrado pela Igreja em 4 de agosto, passou várias horas da sua vida diante do Sacrário, aos prantos, pedindo a Jesus: “Senhor, convertei a minha paróquia”. Todas as ações pastorais dos padres, bem como todas as nossas iniciativas como pais de família, só têm sentido se forem acompanhadas da Paternidade espiritual e da confiança primeira em Deus. Somente assim é possível ser verdadeiramente, simplesmente... Pai.

Peçamos a Nosso Senhor e à Santíssima Virgem que nos auxiliem a restabelecer a necessária figura do autêntico pai neste mundo secularizado e cada vez mais materialista.


fonte: o fiel catolico

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