terça-feira, 30 de agosto de 2016

Para os outros tudo é mais fácil

1ª Pedro 4,12-19 - Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua glória. Se fordes ultrajados pelo nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, porque o Espírito de glória, o Espírito de Deus repousa sobre vós. Que ninguém de vós sofra como homicida, ou ladrão, ou difamador, ou cobiçador do alheio. Se, porém, padecer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por ter este nome. Porque vem o momento em que se começará o julgamento pela casa de Deus. Ora, se ele começa por nós, qual será a sorte daqueles que são infiéis ao Evangelho de Deus? E, se o justo se salva com dificuldade, que será do ímpio e do pecador? Assim também aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem as suas almas ao Criador fiel, praticando o bem.

Pois bem caros leitores, assim como este pequeno trecho bíblico, tantos outros são escolhidos para não serem escolhidos. Explico. A tendência humana de se afastar de Deus, graças a sua natural concupiscência, que deve ser combatida por toda a vida, leva muitas pessoas a quererem da palavra de Deus apenas os trechos que são mais agradáveis ao coração e que não exigem grandes sacrifícios de nossa parte. Em geral são aqueles trechos que falam das coisas boas e das promessas e direitos.

Só que, assim como uma moeda tem dois lados e é impossível não ser assim, da mesma maneira a palavra de Deus nos apresenta os direitos e os deveres que o filho deve ter, ser e fazer com relação aos mandatos e as graças de Deus. Como podemos querer que Deus nos atenda se não nos comportamos como filhos seus? E mais, como podemos querer que nos atenda em nossas necessidades se elas não são o que de fato precisamos, e sim o que queremos? Deus não é um vovô bonzinho e nem o papai noel.

Para muitos, ele é a imagem vendida pelo diabo de que Deus é um desmancha prazer. De que este Deus quer que soframos se quisermos ir ao céu, enquanto para outros de nós a vida corre mais facilmente. A pessoa nem “vale nada” e tudo na vida para ela se ajeita. Tem bom emprego, vida boa, casa boa, carros na garagem, bastante dinheiro, boas roupas, viaja bastante, que vidão elas tem. E eu, tudo para mim é uma dificuldade para conseguir, tudo é na base do sofrimento. Que injustiça.

Assim pensam muitos de nós. E talvez, em qualquer momento de nossas vidas, cada um de nós também pensou assim. Se isso aconteceu vivíamos numa fase da vida em que estávamos longe de Deus e afastados daquilo que ele quer de nós. Não cobiçar as coisas alheias diz o décimo mandamento e não cobiçar a mulher do próximo diz o nono. Deus é claro em seu mandato e nos adverte que não nos é permitido “olhar” para o que o outro tem com um olhar de desejo e cobiça, pois isso nos leva também a pecar contra o sétimo mandamento, não roubar, e todos nos levam a pecar contra o primeiro mandamento. Mandamento este que é muito esquecido quando se vai ao confessionário. Sim, porque se eu amo a Deus sobre todas as coisas, com todo o coração, alma e entendimento, não irei roubar, não irei cobiçar a mulher do próximo e nem as coisas alheias, e tudo isso, por amor a Deus.

Quando nos preocupamos com a vida do outro e não com a nossa, nisso reside um erro e erros não nos levam para uma direção que nos permita fazer o que é certo. Isso é impossível acontecer. Se quero chegar a um destino e pego a estrada errada me será impossível chegar no local desejado. Assim deve ser nosso proceder, nos ensina Jesus. Cada um tem a sua cruz e desejar ter a vida de alguém, que no fundo nada mais é que desejar ter a cruz desta pessoa, é uma ofensa que muito entristece a Deus, que pensou para cada um de nós a vida que levamos. Cada um de nós, que somos únicos no mundo, recebemos de Deus os dons que para o bem comum devem ser utilizados. Não nos cabe entristece-lo e nos revoltarmos contra ele como se tivéssemos a dizer para Deus: você errou! Por que esta revolta, que manifestamos com nosso livre arbítrio, faz com que aquilo que Deus pensou para nós em termo de vida, se transforme naquilo que vivemos. E os culpados somos nós mesmos. O que eu fiz para Deus? – muitos se perguntam. A resposta é simples: virei as costas para ele e agora vivo aquilo que escolhi como na parábola do rico e Lázaro (Lucas 16,20-31).


fonte: Jefferson Roger

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