quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Quando só restou o "respeito"

Sem dúvida alguma, todas as pessoas já passaram, passam ou passarão por invasivas do inimigo, que sempre busca em suas tentativas desenfreadas atacar e destruir as duas expressões do amor de Deus, que acontece em nossas vidas: a Castidade e a Virgindade.

Uma representa o Matrimônio e a outra representa o Sacerdócio. Estas duas vertentes desse amor sofreram e sofrem em toda a história da humanidade e em toda a parte, constantes infortúnios do “maldito anjo caído”. Os pecados capitais avassalam cotidianamente suas tentativas de entrada através das tentações e como aquele velho ditado popular que diz “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, acabam por certas vezes, penetrar por estas brechas e causar, assim como a fumaça de satanás que o papa Paulo VI disse que penetrou na igreja, grandes sofrimentos, problemas, pesares e derrotas na caminhada de todos.

Pois bem, na vida de casado, homem e mulher são constantemente assediados pela luxúria carnal em todas as suas formas. Sua natureza que é divina tem a força de Deus para resistir bravamente pois, do céu, tudo nos foi dado para suportarmos as adversidades e tentações. Até o próprio Cristo nos deixou a perfeita oração do Pai Nosso. Deixou sua igreja, nos deixou Maria Santíssima, o Pai Eterno nos deixou seus anjos e confiou à sua igreja os sacramentos, meios seguros e caminho para a salvação, mas nós, por não fazermos uso e nutrirmos uma fé percentual, sempre levamos um tombo atrás do outro. E por não olharmos para cima quando estamos caídos, não enxergamos a mão de Deus estendida a espera para nos acudir. Olhamos para os lados ou para baixo e encontramos as “soluções” do mundo. Que são as soluções do seu príncipe (João 12,31 ; 14,30).

Mas e quando as quedas deixam marcas muito profundas que, mesmo depois de cicatrizadas, nos transformaram e não nos deixaram esquecer os acontecimentos? Muitas são as consequências. E algumas perigosas para nossa vida nesta terra e na eternidade. Uma delas é o ressentimento. Ele tem um poder destruidor e consegue abafar outros bons sentimentos, afoga-los ou sufoca-los. Em Efésios 4,26 aprendemos que ele deve ser exterminado o mais rápido de nossas vidas. Do contrário, ele pode um a um retirar de nós coisas boas que possuímos.

Podemos aqui, caro leitor, recordar sem dúvida alguma, testemunhos sobre o assunto pois é uma verdade comprovada por todas as pessoas que vivem a experiência do matrimônio. Nós já passamos por isso ou conhecemos alguém que já passou. E assim como Jesus deu exemplos, testemunhos, ensinou e mostrou como se fazia, devemos ser seus imitadores e fazer o mesmo. Não devemos somente proferir o belo, também devemos colocar sob a luz da verdade o que está oculto, pois ela nos libertará (João 8,32). Vejamos:

Conta-se na vivência popular que muitas vezes, o desgaste dos relacionamentos acaba por vezes a ferir muitos sentimentos que existem na relação de um casal. E se o desgaste for tanto ao ponto de só restar, por exemplo o respeito? E se nas palavras dela o que restou agora é “só o respeito”? E se sua lista de desabafo for imensa quando o assunto for a conduta como homem, pessoa, pai, filho e cristão? Pois bem, a culpa todos sabemos, é do pecado que por culpa própria cometemos. Longe de ser aquilo que a esposa um dia sonhou para si, o homem algumas vezes não passa de uma pessoa que simplesmente é o pai de suas filhas. E não passa disso. E como existem exemplos assim na sociedade. Seu coração foi a muito perfurado pelos males que o marido causou e suas cicatrizes mudaram o rumo do que poderia ser uma família nos moldes da sagrada família. E ao invés de procurarem o médico do corpo e da alma, Jesus, correm atrás das soluções do mundo e enchem os consultórios de psicologia.

Alguns podem pensar: porque ficar com alguém só por causa dos filhos já que não existe mais amor? A pergunta está errada porque as pessoas associam a felicidade ao amor terreno e não ao amor que Jesus pede de nós (João 13,34-35). Eis a questão, não se deve deixar que a coisa tome raízes tão profundas. Já se dizia num filme que não importa o quanto a vida bata em você e sim importa o quanto você aguenta apanhar e seguir em frente, continuar tentando.

Se Jesus em sua missão quisesse desistir depois que passou pelo domingo de ramos, ou nas vezes que foi perseguido ou sofreu o assédio dos fariseus e mestres da lei, o que seria do plano de Deus? O que seria de mim e de você caro leitor? Se durante sua paixão, ele colocasse em prática o que disse em Mateus 26,53 e abandonasse o sofrimento que aceitou por cada um de nós, o que faríamos?

Ora, se por amor a cada um de nós, fez o que fez, porque devemos agir diferente dele? Os sofrimentos são bem-vindos (Romanos 8,18) e nunca vem sozinhos (2ª Coríntios 1,5). Não podemos nada sozinhos (João 15,5) e precisamos contar com o manso e humilde Sagrado Coração de Jesus (Mateus 11,28-30). Todo erro pode ser corrigido. Ainda que somente de uma forma espiritual, no fundo da alma. Do contrário não existiria o arrependimento.

Ahhh, mas alguns irão dizer que o que está feito está feito. E isso é pura verdade, mas Deus instituiu o arrependimento e o perdão, seguidos de uma profunda conversão. Pedir perdão é fácil, sempre foi. Conceder o perdão é outra história. Só perdoa quem se recorda que Jesus se entregou por nós, fazendo a vontade do Pai para nos resgatar da ofensa do paraíso. Só perdoa quem se recorda que a cada vez que se ajoelha no confessionário, para receber o sacramento da penitência, é perdoado por Jesus que nos recebe de braços abertos, sempre nos avisando para não pecarmos mais (João 5,14). E ainda, só perdoa quem reza a oração do Pai Nosso e aprende que só seremos perdoados se perdoarmos o irmão (Mateus 6,14-15).

Padre Paulo Ricardo - O Perdão, a Justiça e a Misericórdia

fonte: Jefferson Roger

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