terça-feira, 6 de setembro de 2016

Missa Tradicional x MESC's

O espírito de inovação dos últimos quarenta anos tem endurecido a sensibilidade de muitos clérigos para a seriedade e gravidade de suas rupturas quase rotineiras com a Tradição. Ainda que tenha sido mostrado a eles que algumas inovações obviamente foram detestadas pela assembleia dos santos, eles os ignoram – uma atitude que outrora seria impensável para um católico – ou alegam que a Igreja tem feito "progressos" desde os primeiros tempos em que tais inovações começaram a ser implantadas. Tal é o nível da idiotice que só uma era tão empobrecida espiritual, intelectual e esteticamente quanto a nossa poderia descrever como “progresso”, enquanto interpreta o desagrado dos santos como sinal de atraso destes (dos santos), ao invés de prova da sua própria imaturidade.

Como um convertido, sempre considerei o uso dos “ministros de Eucaristia” uma das inovações pós-conciliares mais incômodas. Eu me perguntava: se nós, católicos, realmente cremos no que diz a Igreja sobre a Sagrada Eucaristia, e se realmente cremos no santo sacerdócio, por que estimulam tanto a introdução dos leigos em área tão sagrada da vida da Igreja – uma área para a qual, de fato, os leigos nunca reivindicaram ou manifestaram desejo de admissão? Afinal de contas, Sto. Tomás de Aquino já fizera uma ligação explícita entre a ordenação do sacerdote e a sua missão de distribuir a Santa Comunhão, e o Papa João Paulo II uma vez indicou a relação entre a consagração das mãos sacerdotais com o seu inestimável privilégio de distribuir as Hóstias consagradas aos fiéis. Nada disso, porém, parece sensibilizar os inovadores, cujo ponto ideológico não é exatamente sutil: a introdução dos ministros da Eucaristia clara e obviamente denigre o ofício do sacerdócio sacramental em nome de um igualitarismo que é totalmente estranho à tradição Católica – embora (não coincidentemente) agrade os materialistas e/ou aqueles que têm dificuldades em aceitar/entender a transcendência da Religião e cause boa impressão aos olhos do mundo. A premissa implícita é justamente a de que devemos nos conformar ao mundo: uma vez que a era em que vivemos é aquela que, profundamente influenciada pelo pensamento marxista, enfatiza a “igualdade” e, uma vez que os privilégios do sacerdócio parecem intoleráveis aos formadores de opinião do nosso tempo, é esta exigência do tempo que deve ser satisfeita, ainda que à custa das tradições imemoriais. E somado-se a isto ainda se acrescenta a constante fala do clero de que os ministros extraordinários suprem a falta de padres. Tudo bem, mas os ministros são ordinariamente colocados em ofício, ferindo a Redemptionis Sacramentum.

Em pelo menos um caso, os ministros da Eucaristia continuam sendo harmoniosamente (porque não há conflitos) evitados na comunidade da Missa: pelos sacerdotes e fiéis católicos que celebram a Missa extraordinária, tradicional ou tridentina. Certamente as pessoas que procuram o rito antigo o fazem a fim de evitar a sensação de banalidade – de familiaridade quase casual – que existe na "Missa nova". Ao se colocaram na Presença do Eterno, sabedores de que estão adentrando lugar santo (lugar separado, outro, consagrado) querem manifestar a sua reverência diante da Majestade infinita de Deus. Já o uso dos ministros extraordinários da Eucaristia é um costume introduzido que claramente transmite a indesejável aparência e sensação de coisa comum, meramente humana, como se a Missa fosse uma simples ação de louvor a Deus organizada pelos irmãos de fé, a exemplo do culto protestante. A santa Comunhão simplesmente contém Corpo, Sangue, Alma e Divindade do próprio Senhor Jesus Cristo, Deus e Salvador nosso. A única resposta racional e espiritual madura para tal Dom é a maior reverência, e esta é a mensagem às crianças que a presença dos ministros de Eucaristia, membros não-ordenados dentre os fiéis comuns, vai minando. Uma vez que, além disso, a custódia exclusiva do sacerdote sobre a Eucaristia tem sido tradicionalmente um dos aspectos que mais fascinava os jovens meninos no sagrado Ofício, o uso dos ministros de Eucaristia pode apenas afastá-los do mistério do sacerdócio que tanto os atraía. Por que tanto sacrifício associado à vida de sacerdote se o leigo comum pode alimentar o rebanho, tanto quanto você e eu?

É esta enfermidade espiritual que nos assedia de todos os lados e que está praticamente institucionalizada através da vida paroquial, e que as pessoas que participam da Missa tridentina procuram evitar. Muitos fazem grandes sacrifícios para participar de tais Missas, frequentemente percorrendo longas distâncias ou, em alguns casos, até mesmo mudando suas residências, a fim de que a "Missa de sempre" se torne mais acessível para eles. Bispos e pastores que se desviam do caminho para demonstrar a sua “compreensão pastoral”, por exemplo, aos católicos divorciados ou recasados, dissidentes, feministas, homossexuais inveterados, etc, etc... (a lista se torna cada vez maior e pior) nada têm a oferecer àqueles católicos que estão simplesmente tentando viver a Fé que seus pais e avós lhes transmitiram, e que por seus meios procuram resistir à obsessão da "cultura" secular com a dessacralização e profanação contra as quais os bispos e pastores deveriam resistir ao invés de serem tão indulgentes.

Ao contrário do que imaginam muitos, há bem mais do que um toque de fanatismo naqueles que não se conformam com os espetáculos histéricos na Missa –, com as "danças litúrgicas", a distribuição do Pão Consagrado ao estilo "self-service" e tantas outras aberrações –, submetidos às mais impiedosas e destrutivas inovações pós Vaticano II, muitas das quais violam claramente toda a ética do rito antigo e a visão tradicional do sacerdócio, a única que os santos reconheceriam. Será que essas pobres criaturas não poderiam ser deixadas em paz?

”Não queremos, como dizem os jornais, uma Igreja que se move com o mundo. Queremos uma Igreja que move o mundo. E é através deste teste que a história realmente julgará qualquer Igreja, seja ela verdadeira ou não (G. K. Chesterton)”.


fonte: o fiel católico

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