quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Isso na bíblia eu não aceito

São Tomás de Aquino nos recorda em seus ensinamentos que a primeira reação do pecador frente ao seu pecado é o ódio. Jesus no episódio da pecadora pega em adultério advertiu que quem não tiver pecado que atire a primeira pedra (João 8,7). É o famoso ditado popular que diz que quem tem telhado de vidro não atire pedra no telhado do outro. No entanto neste ensinamento de Jesus podemos ainda refletir que, caso existisse alguém sem pecado no meio da multidão e tivesse atirado a primeira pedra, os demais prosseguiriam atirando pedras? Mesmo tendo pecados? Podemos tirar alguns ensinamentos nisso tudo.

Depois que alguém tivesse atirado a primeira pedra, então os demais estariam liberados para atirarem as suas pedras. Ou então se a primeira pedra fosse atirada, os demais iriam olhar para Jesus para aguardar uma atitude de Cristo. De qualquer forma o episódio encontra uma perfeição na atitude do Messias. Se tenho pecado não posso atirar a primeira pedra. Mesmo que alguém atire uma pedra, a primeira pedra, continuo não podendo atirar a minha pedra, porque tenho pecados que me impediram de atira-la por primeiro. O fato de alguém ter atirado a sua não me libera para atirar a minha. Ainda continuo com meus pecados.

Nisso tudo ainda, aprendemos uma grande lição do Ressuscitado. Aprendemos que se existe uma condição de pecado, não podemos altera-la, extingui-la, modifica-la ou omiti-la para que aquele pecado deixe de o ser. Se a bíblia diz que algo é errado lembremos que é o ponto de vista de Deus que vale e não o nosso. Se nos revoltamos contra Deus porque discordamos daquilo que ele nos deixou por escrito, passando a não aceitar os seus mandatos é preciso estarmos conscientes que isso irá apenas nos fazer mal.

A fé católica nos ensina que devemos acreditar num todo e não só em partes que nos são mais fáceis de viver ou que melhor se adequam as nossas necessidades de uma vida dividida entre os prazeres do mundo e divinos e entre os amores mundanos e o amor de Deus. Bater o pé e não aceitar algum escrito sagrado é se revoltar contra o criador, é deixar a humildade de lado e se comportar como um desobediente.

Ser católico implica numa adesão completa, uma adesão católica, uma adesão ao todo. Uma adesão mutilada ou percentual fazem as outras denominações religiosas e aqueles católicos superficiais, que no fundo se debatem para trilhar o exigente caminho das pedras que nos leva a porta do céu (João 10,9).

Facil é viver as partes “boas” da palavra de Deus. Difícil é viver as exigências que o amor de Deus, que ama e corrige seus filhos (Provérbios 3,12), cobra de cada um de nós. É como tentar compensar pecados escondidos ou omitidos na confissão com obras de caridade. Não somos nós quem decidimos como queremos receber o perdão de Deus e fazer parte da sua igreja. O próprio Jesus nos ensina como as coisas devem ser. Um membro de seu corpo não pode agir em desconformidade ao todo. Não são apenas trechos bíblicos que irão servir para justificação perante o altíssimo e sim toda uma vivência pautada em toda a sua palavra, em toda a totalidade de seus ensinamentos. Isso é ser católico, quem assim não age, perece pelo caminho já aqui nesta vida comportando-se como sepulcros caiados (Mateus 23,27).


fonte: Jefferson Roger

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