quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Substituir o pedido de desculpas

Mateus 18,21-22 – “Então Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.”
Mateus – 6,12,14-15 – “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam. Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará.”

Como vemos caros leitores, nestes dois trechos das sagradas escrituras, uma coisa é certa: é preciso perdoar, perdoar e perdoar. E aprendemos também que no perdão existe uma raiz muito profunda. Se nos recordarmos o início da história prefigurada do cristianismo uma ofensa mui grandíssima e sumamente inalcançável para ser reparada pela estatura humana, precisou ser perdoada na mesma medida de grandeza. Tal se deu o fato que somente Jesus Cristo foi capaz de recolocar nos trilhos os seduzíveis seres humanos.
Porém, como se diz no dito popular, “o buraco é mais embaixo”. De cara enxergamos no trecho destacado do evangelho que, se queremos o perdão de Deus, precisamos perdoar. E perdoar não é colocar condição, nem é desculpar. “Olha eu te perdoo mas se fizer de novo não tem mais volta” – não é assim que se houve dizer? Onde está o perdão aí? Jesus disse seja o seu sim sim e seu não não, pois tudo que proceder além disso vem do maligno (Mateus 5,37). Ou seja? – se vais desculpar alguém de verdade e falamos aqui do perdão bíblico, que o faça realmente e o faça abertamente e também no oculto, que é o coração, onde Deus enxerga até seus confins.

Desculpar no grau em que estamos falando, o perdão sem ressentimentos e sem condição, é uma atitude que nos permite saber conviver “apesar de”. Não é necessário acharmos que não conseguimos perdoar porque não conseguimos esquecer. Se o esquecimento fosse uma condição, poucos conseguiriam perdoar porque conforme o grau da ofensa que se faz, ficam marcas muito profundas. Pois bem, no entanto é também preciso refletir sobre outra coisa, sobre o pedido de desculpas. Ele precisa acontecer porque esta atitude implica na pessoa admitir seu erro e se colocar sob o olhar do ofendido. Se na hora de cometermos o erro não nos faltou coragem porque ela falta na hora de nos desculparmos? Possivelmente ela não falte mas fica abafada por sentimentos de orgulho, reputação e toda forma de hipocrisia que sustenta algum tipo de imagem aos olhos das pessoas. Querer agradar alguém com presentinhos sem um formal pelo menos “me desculpe” ou “me perdoe” por isso e por aquilo e por aquele outro que fiz não resolve o problema.

Já é importante aqui nesta vida irmos treinando em ser diretos uns com os outros, sem rodeios, falando claramente e sem florear a situação. Digo treinando porque certamente no dia do juízo de cada um (Mateus 25,31-46), o justo juiz que irá nos dar a recompensa segundo nossas obras (Apocalipse 22,12) não irá ficar de braços e pernas cruzadas escutando mirabolantes historietas que tentarão em vão justificar ou camuflar a verdade que nunca fica oculta aos olhos do altíssimo.


fonte: Jefferson Roger

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