segunda-feira, 20 de março de 2017

Não posso dispor do meu corpo

Já dizia, caros leitores, o Padre Pio, que as almas “custam sangue”. E bem sabemos, que se refletirmos com calma, isso é uma verdade extrema, e por quê? Porque Jesus derramou algumas gotas de sangue por cada um de nós. Não foram muitas, é verdade, mas essas poucas gotas de sangue “pagaram”, por direito divino a nossa pertença eterna aos céus. Falo de algumas e poucas gotas em tom de protesto, porque para muitas pessoas parece que foi exatamente isso que Jesus fez por elas, parece apenas um pequeno ato tudo o que ele passou. Triste de quem pensa assim porque seu dia de se explicar vai chegar e será preciso dizer para Jesus porque não levou a sério “a prova de amor” que ele deu. Tanto é, que numa das aparições que Jesus fez a Santa Brígida, ele atendeu um desejo dela que lhe disse que gostaria de saber a dimensão da sua paixão crucificadora pois, por querer melhor e mais honrar e glorificar seus sofrimentos por cada um de nós, desejava saber mais. E Jesus assim o fez, disse para Santa Brígida que seu sofrimento durante sua paixão soma a quantia de 5480 golpes. Por isso, uma das devoções a Jesus, é a oração do Pai Nosso, feita 15 vezes por dia, durante um ano, para honrar seu sofrimento por nós. O leitor atento poderia cair na curiosidade de fazer algumas contas para entender esse número 15. Vou facilitar porque a curiosidade é antiga, remonta a séculos passados e o próprio Cristo a explicou. 15 (Pai Nosso) x 365 (dias do ano) = 5.475 + 5 (Pai-Nosso em honra às suas 5 chagas) = 5.480. Exatamente o número dito por Jesus. Se é mero acaso matemático ou não, pouca importância tem, porque se foi ele quem falou, e como sabemos Jesus não costuma mentir, tudo tem a sua razão divina de ser.

Pois bem, Jesus passou pelo que passou para que cada um de nós voltássemos a ter o direito de entrar no céu. A salvação objetiva aconteceu, agora cabe a cada um, viver o segmento apresentado por ele para alcançar a salvação objetiva, que é de caráter individual. Mas existe aí, um pouco de algo que parece paradoxal. Pertencemos a Deus, fomos comprados por alto preço porém, recebida a graça do livre arbítrio, esse dom de Deus que é o corpo de cada um, que deve ser cuidado e nunca profanado, pois ele é santo, veio das mãos do criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis, não pode ser feito dele o que bem entendermos porque, vale lembrar, no fim, ele vai ressuscitar, no dia da prestação de contas de cada um, para ser transformado num corpo glorioso ou para receber a segunda morte. Mas tem mais, além de não nos pertencer e estar sob nossos cuidados, nosso corpo está a serviço de outrem. Vamos acompanhar:

1ª Coríntios 7,4 – “A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa.”

Aqui vemos o que Deus espera de nós, aqueles que recebemos a vocação matrimonial. Se a sério fosse levado este ensinamento ou ao menos lembrado dele a cada vez que as pessoas são confrontadas pelas tentações, fugiriam delas por amor a Deus e ao seu cônjuge. Pois pensariam, não posso cometer esse pecado porque meu corpo, primeiro pertence a Deus e segundo pertence ao meu marido, ou a minha mulher. E estamos aqui a tratar do assunto sexual e afetivo. Meu corpo não é um objeto que posso usar como bem entendo, fazer com ele o que bem quero. Tão pouco o corpo de minha esposa, ou de meu marido é um objeto, que posso utilizar para satisfazer necessidades sexuais e depois empurrar para o lado, exatamente como acontece no mundo animal. Nada disso, nosso composto de corpo e alma, nossa origem divina e nossa condição adquirida e recebida nos coloca numa posição onde não nos cabe sequer uma ofensa contra Deus e contra o próximo. E a questão vale também para os não casados. Se não estão casados, vivem o chamado a fidelidade a Deus através da virgindade, que significa a doação de si a Jesus Cristo. Ao passo que os casados vivem a castidade, que significa ser fiel a um só e neste caso, fiel a Jesus Cristo, assim como os solteiros mas também ao seu cônjuge. Seja como for, solteiros ou casados, não podemos sair por aí promovendo todo tipo de maluquice sexual, sadomasoquista ou práticas entorpecentes contra esse corpo que nos foi concedido nesta etapa de nossas vidas porque, ele ainda não nos pertence e como lemos na primeira carta aos Coríntios 6,13 – “O corpo, porém, não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o corpo. E sendo assim lemos também na mesma carta que “não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo.”

“Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne”, está escrito no Gênesis 2,24. O comando é para que se una com sua mulher, não com a amiga do trabalho, não com alguma conhecida, não com seja lá quem for, tudo que vai além disso, não glorifica a Deus (1ª Coríntios 6,20) e atrai para si o pecado, que como salário não nos oferece nada além do que satanás pode nos dar.


fonte: Jefferson Roger

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