É inútil tentar encher um balde de água que está furado. Assim pode ser a nossa disposição frente ao pecado. É preciso romper com o pecado, renunciar ao demônio e se abrir a Deus com o propósito de não mais pecar. Ou seja, primeiro é preciso tampar o buraco, para depois encher o balde. Do contrário nossa má disposição para agir conforme Deus espera esbarra nessa tibieza que irá promover a passagem da graça ficando pouco sobre nós. Vamos compreender. Imaginemos um pedaço de gelo, uma telha de barro e uma telha de zinco. Estes três objetos são colocados sob a luz do sol. O que acontece? Bem, sabemos que o gelo irá se derreter, sabemos também que a telha de barro irá esquentar menos do que a telha de zinco. Embora o sol seja o mesmo o resultado de seus raios sob cada objeto é diferente. Assim também é a disposição de cada um. São Tomás de Aquino nos recorda que a disposição do penitente tem impacto direto na forma como a graça divina atua sobre a pessoa. Conforme o grau de sincero arrependimento podemos sair do sacramento da confissão, num estado de graça maior, num estado de graça igual ou ainda num estado de graça menor do que antes de termos ofendido a Deus. A eficiência do sacramento atua em graus diferentes conforme a disposição do penitente. Portanto, é salutar também recordar; para aqueles que fazem suas confissões devocionais e rotineiras que reside aí o perigo da ausência do arrependimento, o que invalida a confissão. Por outro lado, como bem diz o santo, se nosso arrependimento for tão sincero e profundo, iremos sair do outro lado do sacramento em estado de graça maior do que quando pecamos, tal nossa disposição em voltar-se para Deus por conta de nossa desgraçada culpa por tê-lo ofendido. A graça que Jesus dá é a mesma para todos, mas cada pessoa se comporta como uma pedra de gelo, uma telha de barro, uma telha de zinco ou como qualquer outro objeto, conforme nossa analogia.
Fato este que é facilmente comprovado, por cada um e em cada um. Existem pessoas que muito comungam e muito se confessam e ainda assim não progridem espiritualmente. Comungam e confessam rotineiramente, mas não frutuosamente e com isso se previnem do alcance vivificador que a alma precisa para ser lavada pelo sangue misericordioso de Jesus e seu perdão dos pecados. É preciso de forma urgente exercitarmos a contrição dos pecados dentro de nós. Contrição que não é um sentimento, mas é uma atitude da vontade. Ela é interna, embora as vezes se manifesta exteriormente. Deus nos concedeu o retorno para a sua amizade, que é o estado de graça através da contrição perfeita e da confissão, que requer uma contrição ao menos imperfeita. Na contrição perfeita brota em nós o arrependimento pelos pecados por amor a Deus. Na contrição imperfeita brota em nós o arrependimento pelos pecados por termos ofendido a Deus. Nos arrependemos na contrição imperfeita porque perdemos as graças celestes e ganhamos o direito ao inferno. Não é um arrependimento por causa de Deus e sim por causa das consequências que recaem sobre nós. Sendo assim, no entanto, esta última contrição precisa nos levar a confessar para enfim, recebermos o perdão dos pecados e a penitência pelas suas consequências. Outrossim, é preciso enfatizar que a contrição perfeita, que perdoa pecados não dispensa ao bom católico o dever de se confessar, porque nesta contrição nasce o propósito da confissão o quanto antes. Mas e se não confessarmos por culpa própria e vencível? Vai-se o propósito para com Deus... lembra-se do balde furado? Pois é, confissão e contrição não são como remédio para azia. Onde a pessoa pode intencionalmente fazer uma farra gastronômica porque sabe que basta tomar um “engov” antes e outro depois, como se ouvia nos comerciais televisivos deste medicamento. Pecar com intenção de se confessar é agir em desacordo com a vontade de Deus, privando-se do seu perdão, sacrilegamente, pois não existe arrependimento, quesito necessário para o perdão dos pecados. fonte: Jefferson Roger
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