É preciso moderar os prazeres sensíveis, do contrário um desequilíbrio irá se instalar no indivíduo e a partir de então a inquietude não deixará em paz enquanto não for saciada a busca pelos desejos de todas as espécies. Se dermos asas aos pedidos do corpo e do coração e permitirmos que eles subjuguem a nossa razão, iremos ceder e mais cedo ou mais tarde nossa parede de defesa será penetrada pelo aceite das tentações. E uma rachadura que seja pode se alastrar e levar a ruína toda a parede. Não é à toa que sabedoria nos ensina que devemos combater contra três inimigos. O diabo, o mundo e a carne. O mal, como bem sabemos, está muito organizado no mundo que vivemos e seria muita ingenuidade de nossa parte pensar o contrário. O maligno, é claro, também não vamos cometer aqui o erro da ingenuidade, anda por trás de tudo que não é bom, porque ele sabe aproveitar suas oportunidades. Afinal, como já sabe que não vencerá no fim dos tempos, precisa agora trabalhar sem cessar para ceifar dos céus quantos mais ele puder. Para isso, se utiliza do que o mundo oferece e da concupiscência presente em cada um de nós. Então, como vimos, é contra o mundo, a carne e satanás que devemos lutar.
Claro que não é fácil essa batalha, sabemos disso, Jesus nos disse que sem ele nada podemos fazer (João 15,5), e se ele disse nada, significa que nem lutar neste vale de lágrimas podemos sozinhos. Precisamos sempre da ajuda celeste. Aqueles que tentam sozinhos, comprovam a verdade dita na pele por nosso salvador e começam a reclamar que as coisas não vão bem. Claro que não irão, tenta-se lutar sozinhos! Sendo assim, dizia eu no início do artigo sobre a necessidade da moderação dos prazeres sensíveis. Moderação conseguida através da virtude da temperança, que nos traz o equilíbrio em tudo. Ótima virtude a se pedir ao Espírito Santo. Ela nos coloca em nosso devido lugar e acalma nosso coração permitindo que não sejamos soterrados pelo mal ao mesmo tempo que nos mantemos com o olhar voltado para a eternidade.
Uma temperança muito necessária na vida das pessoas. As esposas que o digam. Muitas possuem em suas casas maridos destemperados, que pensam que sua sala de estar é o local de seu trono real. A cozinha da casa é onde sua serva prepara suas refeições, local destinado ao proletariado. Seu quarto é seu aposento real onde ele deve ser servido pela mulher que precisa se comportar como um objeto para a realização do prazer. Maridos agitados, que acham que ser o chefe da casa é a mesma coisa que ser um ditador, um imperador ou um gangster comandante da máfia. Se as coisas andam assim, já deu para se notar que falta alguma coisa: oração.
Através da oração, que é nosso diálogo com Deus, aprendemos a nos configurar a sua vontade, reconhecermos que não existe uma saída que nos leve ao céu que não seja a do próprio Cristo. Se somos maridos agitados, deixamos de ser maridos companheiros, maridos amigos e aquele por quem nossas esposas se apaixonaram. Se começamos de um jeito e no percurso mudamos nossa conduta trazendo coisas ruins para dentro de casa, de nossa família, foi porque em algum ponto da caminhada, fomos tomados por uma crise pelagiana e deixamos de contar com a ajuda celeste. Deixamos de contar com Jesus, aquele que nos alivia, o manso e humilde de coração, e passamos a formular nossa própria regra que acaba por não dar certo uma vez que possui muitos elementos do mundo. E quem se faz amigo do mundo se torna inimigo de Deus, nos ensina Tiago 4,4. Oração, muita oração. Oração pedindo a temperança e um coração configurado ao de Jesus pois como se diz em Efésios 5 é preciso nos aproximarmos de nossas esposas como nos aproximaríamos do sacrário. Nosso lar, a igreja doméstica precisa ser regada pelas novidades diárias que Deus nos concede a cada dia. Numa casa onde Deus é o rei dos corações, não existe rotina porque a cada dia se recebe a graça de poder viver mais um pouco ao lado da família, que precisa em seus membros, ajudarem-se a chegar ao céu.
fonte: Jefferson Roger
Leia mais...