Quando pensamos na palavra “dor” logo associamos o conceito da palavra com seu aparente e inseparável companheiro, o “sofrimento”. De fato, é muito difícil desassociar a dor do sofrimento. Alguém já ouviu alguma pessoa de consciência sadia dizer assim: “como eu gosto de sofrer, porque eu gosto de sentir a dor”? Se não ouviu, já presenciou? Alguns poderão dizer que sim, outros poderão dizer que não, não é mesmo! Pois é, já que podemos concordar que uma das consequências do sofrimento é a dor então podemos afirmar que toda a dor nos leva a algum tipo de sofrimento. Este é um pensamento lógico e aqui ainda não entramos na esfera religiosa, que é para onde caminha o objetivo deste artigo. Humanamente falando, não demorou muito para que o ser humano inventasse a tal da anestesia, que tem a finalidade de bloquear as informações transmitidas pelas vias nervosas de nosso aparelho neurológico e com isso evitar que o cérebro avise a pessoa de que ela está a sentir dor. Este é um mecanismo para contornar a dor física, seja voluntária ou não. No entanto, as coisas não param por aí. Existem também sofrimentos que causam uma dor que não é física, uma dor que pode ser sentida na alma e no coração. Quem já não chorou de tristeza e desgosto, ou pela perda de um ente querido? Não foi um golpe físico que provocou essa dor e sim um golpe psicológico que atinge nosso interior. Através de uma realidade que não nos atinge fisicamente, suas consequências nos invadem mente e coração e nos colocam sob o pesado fardo de uma dor. Uma dor que parece um aperto no coração, uma dor que ofusca os pensamentos e faz aflorar em nós, muitos sentimentos de tristeza e melancolia, todos frutos dessa dor. Porém, existem dores que são bem-vindas e sobre estas até o diabo, nosso cruel inimigo tem ciência, da importância delas. São as dores que são filhas do amor. As dores que brotaram da paixão de Jesus Cristo, por amor a todos nós. Ele mesmo nos disse em seu evangelho que não existe amor maior do que aquele que dá a vida por seu irmão. E para endossar suas palavras ele mesmo foi crucificado. Ninguém pode dizer que foi da boca para fora que Jesus disse isso porque ele, como sempre, ensinava e dava exemplo mostrando como se fazia. Se, como vimos linhas acima, o sofrimento é uma consequência da dor, e a dor é filha do amor, então aceitar os sofrimentos por amor, é um remédio que muito bem faz para a alma. Religiosamente falando, os sofrimentos involuntários são as provações e tribulações. Os sofrimentos voluntários são as penitências impostas ou praticadas por iniciativa de cada um. Independente da natureza todas provocam algum tipo de dor por conta do sofrimento que lhes é propício. Por isso, abraçar esse sofrimento é atitude muito querida por Deus e muito salutar para salvar almas. Já dizia o Padre Pio que as almas custam sangue. Os sofrimentos salvam almas. Santa Catarina de Sena nos ensina que quando abraçamos o sofrimento nós paramos de padecer. A dor é filha do amor, dizia a beata Alexandrina Maria da Costa e tantos outros testemunhos de santos e santas que nos provaram que cristianismo sem cruz, cristianismo analgésico simplesmente não existe e nem foi pregado por Jesus. O diabo certa vez disse num exorcismo que o que mais ele odeia é o sofrimento das pessoas porque através do sofrimento as almas são salvas e é por isso que ele quer pregar no mundo o ódio ao sofrimento para que as pessoas odeiem o sofrimento e busquem apenas o prazer, para que com isso deixem de lado o sofrimento e assim ele, satanás, arraste mais pessoas para o inferno. E diga-se de passagem, basta olhar para o mundo para enxergamos como andam as coisas. Eis aí, um pequeno vislumbre a respeito de tão grande mistério. Porque o sofrimento? Porque a dor? Porque Deus permite tudo isso? Não nos cabe saber tudo (Deuteronômio 29,29), nos cabe apenas viver aquilo que nos foi ensinado pelo Cristo pois tudo que dele veio é de natureza muito clara e mais que suficiente para chegarmos ao céu. Preciso é, portanto, não temer esse amor que vem de Deus e que é exigente e mais ainda, não temer de corresponde-lo na mesma via e se isso, inclui a dor, abracemos as dores. Recebamos sempre as dores vindas. As divinas abracemos, as não divinas ofereçamos a Deus e, de nossa parte, nunca a provoquemos a quem quer que seja, pois de nós Deus espera que sejamos seus imitadores (1ª Coríntios 11,1). fonte: Jefferson Roger
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