Uma coisa é muito certa, embora sejamos predestinados à santidade existe dentro de nós a natureza e inclinação para o mal chamada de concupiscência. “Se dissermos: “Não temos pecado”, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” – nos recorda o apóstolo em 1ª João 1,8. E mais, no livro dos Provérbios cap. 24,16 encontramos o relato de que aquele que é justo perante Deus peca até sete vezes por dia. Pois bem, se o homem justo, tem essa condição, o que dirá do pecador que precisa aceitar o convite de Jesus à conversão e mudança de vida? “Arrependei-vos e crede no Evangelho” – Marcos 1,15. Sendo assim, nossa realidade exige uma contrapartida frontalmente encarada com muita seriedade. Se pecamos, sabemos que pecamos e temos consciência disso, ficar navegando por esses mares, acostumando-se com a convivência dos pecados irá, cedo ou tarde, naufragar a pessoa que julgou poder conciliar sua vida com os desejos de Deus. O viver bem para o cristão, passa muito longe do sentido material e corporal da palavra “bem”. Ele traz um “q” a mais, que é o “bem espiritual” que se realiza numa consolação que vem dos céus. Este bem traz alívio de consciência e uma paz interior que impulsiona a pessoa a seguir em frente, caminhando na vontade de Deus, sendo capaz de suportar qualquer “como”, já que ela encontrou o verdadeiro “porquê”. E nem é preciso acreditar na teoria, cada um pode fazer a experiência e comprovar por si só os benefícios de se aproximar de Deus. E este convite constante à conversão, de forma muito bela é chamada por Santo Ambrósio da seguinte forma. Ele a descreve como sendo dividida em duas possibilidades. A conversão da água, que nos vem pelo batismo, e a conversão das lágrimas, que nos vem pelo arrependimento, pela penitência. “Uma penitência que precisa ser, antes de tudo, interior. A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e repugnância às más obras que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça. Esta conversão do coração vem acompanhada de uma dor e uma tristeza salutares, chamadas pelos Padres de aflição do espírito, arrependimento do coração – CIC 1431”. E movidos por esse sentimento, por esse arrependimento do coração, devemos então recorrer a Deus, único a perdoar nossos pecados. “Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça CIC 1446”. No entanto, como Cristo confiou a seus apóstolos o ministério da Reconciliação, os Bispos, seus sucessores, e os presbíteros, colaboradores dos Bispos, continuam a exercer esse ministério. De fato, são os Bispos e os presbíteros que têm, em virtude do sacramento da Ordem, o poder de perdoar todos os pecados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote cumpre o ministério do bom pastor, que busca a ovelha perdida; do bom samaritano, que cura as feridas; do Pai, que espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar; do justo juiz, que não faz acepção de pessoa e cujo julgamento é justo e misericordioso ao mesmo tempo. Em suma, o sacerdote é o sinal e o instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador. Portanto o sacerdote, o confessor, não é o senhor, mas o servo do perdão de Deus, seu instrumento pelo qual a graça divina atinge o penitente pois, recordemos mais uma vez, só Deus perdoa os pecados mas esse mesmo Deus, na pessoa de Jesus Cristo que é um com o pai, concedeu aos apóstolos e sua sucessão essa condição intercessora: João 20,21-23 – “Disse-lhes (Jesus) outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. A graça concedida pelo amor de Deus está aí. Recebe-la não está fora de nosso alcance, basta darmos o primeiro passo, aceitarmos o convite divino e, como nos lembra o catecismo no número 1431, firmarmos o propósito de mudança de vida que consiste também no propósito de não mais pecar. Vídeo relacionado: Duração - 6min20s fonte: Jefferson Roger
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