Pois é, caros leitores, estão aí duas coisas difíceis de se praticar. Perdoar alguém que nos ofendeu e recomeçar a caminhada depois de uma queda, e mais uma queda, e mais outra queda, e depois de tantas quedas. Não bate o desânimo? Tantas quedas, tantas faltas, tantos erros, tantas ofensas contra Deus e como pessoas com a visão turva nos comportamos como quem não enxerga para onde se deve caminhar. Satanás investe muito na tentação do desânimo, para que deixemos de lado o esforço de carregar a cruz, renunciados de tudo, e abracemos o fácil passeio dos prazeres que a ladeira dos ímpios oferece nesta etapa de nossas vidas. Achamos difícil perdoar mas, se queremos o perdão, seja do próximo ou de Deus, sabemos muito bem pedi-lo. E mais, queremos mesmo e pra ontem. Então como é que fica se temos dificuldade em perdoar e clamamos a Deus a justiça sobre o ofensor e ao mesmo tempo queremos dele misericórdia? Não vai dar certo, Deus que é misericordioso, também é justo, e por isso não nos deixará de fora desta questão da justiça. Está lá, na oração do Pai Nosso. Só seremos perdoados se perdoarmos. Bem pensado por Jesus esse requisito. Um Jesus que disse que (João 1,5-10 e 2,4-6) “Deus é luz e nele não há treva alguma. Se dizemos ter comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a verdade. Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade. Se pensamos não ter pecado, nós o declaramos mentiroso e a sua palavra não está em nós. Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos nele: aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu.” E como bem podemos perceber nos versículos acima, quem diz conhecer Jesus mas não guarda seus mandamentos se faz um mentiroso, e só para recordar isso é uma desobediência direta ao oitavo mandamento da lei de Deus. Porém, como vimos, se arrependidos estamos, confessemos os nossos pecados para que ele nos perdoe de toda a culpa. Essa prescrição é antiga e encontramos em Eclesiástico 4,31 – “Não te envergonhes de confessar os teus pecados”. E não devemos sentir essa vergonha porque superior a ela existe a alegria do perdão. Afinal, com exceção do pecado contra o Espírito Santo, todos os pecados arrependidos serão perdoados (Marcos 3, 28-29). Vomitar para fora da alma e do coração tudo que existe de ruim em nós, abala o inferno, pois essa atitude alveja nossa alma com o sangue do cordeiro. Cientes disso então, correremos a pedir perdão a Deus quando cairmos por conta de nossas fraquezas. E entendendo isso não teremos dificuldade nenhuma em conceder o perdão a alguém. Assim como Jesus estende a mão para a pecadora em João 8, quando concedemos o perdão a alguém, agimos da mesma forma e não fazemos feliz só quem perdoamos, fazemos feliz quem nos ensinou a perdoar. Cicatrizes irão ficar, por conta dos erros cometidos e pecados? Com certeza irão. Todos nós podemos apontar para nossas vidas poucas ou muitas cicatrizes. Mas a questão é o que fazer com elas. Vamos ficar olhando para as marcas dos erros e varre-las para debaixo do tapete? Vamos aprender com elas para não mais errar? Vamos olhar para elas e sempre nos lembrar de que não queremos mais dar aquelas cabeçadas na vida? Vamos a cada vez que olharmos para elas nos alegrarmos porque estão ficando cada vez mais distantes de nós ao ponto de nem ser mais possível quase vê-las, e com isso não corremos mais o risco de cometermos os mesmos pecados? Pois quando se torna a pecar ou pior, reincidir no pecado, Jesus nos adverte em João 5,13-14, no episódio da cura do paralítico – “O que havia sido curado (o paralítico), porém, não sabia quem era, porque Jesus se havia retirado da multidão que estava naquele lugar. Mais tarde, Jesus o achou no templo e lhe disse: Eis que ficaste são; já não peques, para não te acontecer coisa pior.” Porém, caros leitores, é preciso antes de encerrar o artigo, lembrar que o mesmo Jesus nos disse que “para Deus nada é impossível” (Mateus 19,26), pois esse Deus que é amor (1ª João 4,8) se alegra e corre ao nosso encontro para nos perdoar e nos colocar de volta sob seus cuidados (Lucas 15). Sempre podemos recomeçar, mas nunca devemos deixar para recomeçar amanhã, porque não sabemos se iremos fazer parte do amanhã. Deus nos concede o hoje, amemos hoje, perdoemos hoje, nos reconciliemos hoje, sejamos caridosos hoje, nos arrependamos hoje, nos convertamos hoje. Hoje, tem que ser hoje! A graça é diária e sempre presente, no hoje, do contrário seremos como o insensato do evangelho (Lucas 12,16-21) que planejava o seu amanhã mas teria sua alma tomada ainda naquela noite. Duração - 5min15s fonte: Jefferson Roger
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