De forma muito direta, prática, simples e objetiva, Santo Agostinho faz uma catequese sobre alguns sentimentos que afligem as pessoas e seus ensinamentos servem tanto para a esfera corporal quanto espiritual. Ele nos ensina que tudo que contraria a nossa vontade nos causa tristeza, sofrimento e dor. Caso não sejamos contrariados naquilo que queremos, tudo que nos acometer, todas as formas de adversidades, mesmo que possamos processar e definir as sensações como dores, sofrimentos e tristezas, elas não trazem nenhum resultado espiritual negativo e sim de realização e felicidade pessoal por estarmos participando e unindo nossos sofrimentos a cruz de Cristo. Um atleta que está fazendo um programa de exercícios intenso se, eventualmente, sente os incômodos da extenuante carga das atividades físicas, ele não vê num primeiro momento, isso como algo negativo, desastroso, triste ou penoso. Ao contrário, como por vontade própria decidiu se submeter a isso em vista de um êxito adiante, aceita pagar o preço da situação que até poderia ser esperada. Os antigos monges penitentes do deserto, que viviam uma vida de intensa mortificação no corpo, com práticas muito intensas de agressões físicas, não encaravam suas consequências como algo indesejado. Ao contrário, como por vontade própria decidiam se submeterem a isso em vista de um êxito adiante, aceitavam pagar o preço da situação que até poderia ser esperada. Nos dois exemplos podemos perceber a espiritualidade da coisa. Tanto o atleta quanto os monges sofreram na carne não sofrendo no espírito. Para ilustrar o artigo coloco aqui o apontamento de Santo Agostinho. Ele diz que “o sofrimento, tristeza e dor resultam daquilo que contraria minha vontade”. Um exemplo de vontade contrariada que serve muito bem para ilustrar a questão é o de uma criança que quando quer alguma coisa e os pais a proíbem de ter ou fazer, ela desanda em gritos, choros e esperneia fazendo todo o tipo de teatro como resultado de estar sofrendo as contrariedades impostas pelos pais. Isso infelizmente pode se agravar bastante dentro do comportamento humano. Todos conhecem casos policiais em que o homem não aceita o fim de um relacionamento com uma mulher e comete por conta disso alguma agressão contra ela, contra o novo homem na vida dela ou contra os dois. A dor que ele sentiu no coração, a tristeza que teve que amargar por perder a mulher que gostava e o sofrimento dia após dia sem ela em sua vida que culmina numa grande tormenta dentro de si, tormenta essa que promove o ressentimento e este por sua vez descontrola as faculdades mentais, podendo levar a atitudes e consequências desastrosas já aqui nesta vida ou na eternidade. Como dizia um filósofo ateu “o homem pode suportar qualquer como, desde que ele tenha um porquê”. Os porquês em nossas vidas, sobretudo os porquês espirituais, são de grande valia em nossa caminhada. Se andamos sem rumo ficamos acusando Deus por tudo que acontece quando achamos que ele fica intervindo em nossa felicidade como um desmancha prazeres, com se ele lá de cima quisesse ver o circo de nossa vida pegar fogo.
Na vida as pessoas de destaque acadêmico e esportivo não são aquelas com melhores preparos e estudos? Na área empresarial e no mercado de trabalho não é assim também? Ora, se a vida humana em sua natureza sempre imitou a natureza divina, o mesmo acontece em relação a nossa vida espiritual. Como acontece o preparo e crescimento dela para que possamos estar aptos e prontos para o paraíso? Através das práticas religiosas abraçadas e permitidas por Deus. Para que cresçamos no amor e na consequente santidade, Deus por sua providência nos envia ou permite os sofrimentos e tribulações para completar aqueles que tomamos a iniciativa de fazer. Tudo visando o fim último, a salvação das almas. Artigos relacionados: O mistério da dor Sem sofrimento? Sem cristianismo! Sacrifício ≠ Sofrimento O castigo, a cruz e as chagas Deus me livre fonte: Jefferson Roger
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