segunda-feira, 19 de junho de 2017

A desculpa dos presentes

2º Crônicas 19,7 – “Que o temor a Deus esteja conosco. Vigiai o vosso procedimento, pois, junto do Senhor, nosso Deus, não há iniqüidade, nem distinção de pessoa, nem admissão de presentes.” Caros leitores, muito benvindos. Neste artigo vamos refletir um pouquinho sobre a questão dos presentes. Em toda a sagrada escritura encontramos muitas passagens e ensinamentos sobre a questão de se presentear. Tanto no antigo como no novo testamento. No entanto, o que nos chama a atenção é o ensinamento de que os presentes podem ser usados para uma finalidade que não é correta como quando ele possui intenção de ser uma moeda de troca. Dá-se um presente com segundas intenções ou em substituição a alguma atitude que se deve ter. Este ensino encontramos no livro do Êxodo, Deuteronômio, Eclesiastes, Eclesiástico, 1º Livro de Samuel e 1º Livro dos Macabeus.

Pois bem, é ensinado na mesma sentença destes livros mencionados que é preciso termos cuidados com o fruto que os presentes podem ter em nossos corações pois se aceitarmos sua origem em forma de segundas intenções, iremos corromper nosso espírito com agrados passageiros que não são capazes de gerar frutos para a santidade. Vamos aos exemplos?

Todo mundo conhece o “presente” chamado “propina”, nem precisamos ir a fundo. Eu aceito ou cobro de você um dinheiro por fora da negociação para lhe obter ou obter alguma vantagem. Outro exemplo é o do rapaz que quer conquistar a mocinha pela qual se apaixonou dando-lhe lindos, belos e caros presentes. Para facilitar um pedido de desculpas na tentativa de economizar esforço na sinceridade do ato, oferece-se um presente para tentar diminuir a empreitada do perdão que o agressor precisa fazer. Existem ainda aquelas pessoas que se aproximam da outra dando-lhe primeiro um presente. Ora bolas, não possuem nada mais para oferecer? Uma amizade, um bom assunto, uma conversa sadia, honestas trocas de experiência de vida? Precisam transformar os presentes em muletas? Se passam muito tempo sem se encontrar alguém e para se isentarem de justificar o porquê dessa demora, compram um presente e ligam então dizendo que precisam leva-lo? São inúmeros os casos que poderíamos elencar por aqui, mas o fio da meada já foi exposto e todo mundo entendeu muito bem.
Todavia existe o belo significado dos presentes. Tão belo que é, que está até relatado também na sagrada escritura. É o presente que visa transmitir nosso sentimento em relação a alguém. Este tipo de presente materializa de forma simbólica o que sentimos por alguém e não possui segundas ou terceiras intenções. Ele faz parte de um contexto maior e não se esconde e nem esconde qualquer premedição por parte de quem presenteia. Um presente assim não precisa ser caro e pode ser fora de época. Não precisa esperar alguma data. Se alguém quer presentear sua mãe, não precisa esperar o dia das mães, pode fazer isso em qualquer dia porque sua mãe é mãe 24 horas por dia e não só no segundo domingo de maio.
Quando os três magos seguiram a estrela que lhes indicava onde estava o menino Jesus, salvador da humanidade, conta-nos o evangelho que eles trouxeram presentes (Mateus 2,11). Que bela mensagem colhemos dessa passagem. Em agradecimento ao seu nascimento lhe ofertaram presentes, detalhe, depois de adora-lo. Num gesto que simbolizava o que Jesus representava para a humanidade em toda a sua natureza divina e humana, os presentes foram dados. Assim devemos agir, não é errado dar presentes. Errado é dar um sentido que descaracteriza sua honesta função. Ele não pode substituir, ele tem que acrescentar. Ele não pode seduzir, ele tem que agradar. Ele não pode ter segundas ou más intenções, ele tem que ser sincero e verdadeiro, cheio de coisas boas, que brotam do coração. Nossa Senhora nos disse que não existe “presente” maior que poder receber a santa comunhão. Disse que uma comunhão vale mais do que mil aparições dela. Disse também que os sacerdotes são um grande presente que seu filho Jesus deu para a humanidade. Esse é o âmago da questão, presentear é tonar “material”, palpável, real e vivo um sentimento. Por que quero dar um presente? Precisamos saber muito bem senão corremos o risco de ficar distribuindo presentes no lugar de fazermos outras coisas que mais podem contribuir para nós e quem se quer presentear.


fonte: Jefferson Roger

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