Escreveu o Papa Bento XVI em sua encíclica Deus caritas est a seguinte colocação: “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.” Pois bem caro leitor, ser católico é, entre tantas coisas, ter-se encontrado com Cristo e, a partir desse encontro, lutar para mudar de vida, visto que a própria existência ganha um sentido. Ou melhor, muito mais do que um simples sentido, a vida ganha O Sentido único de todas as coisas. Diversas vezes somos levados a crer que encontramos a Deus devido aos nossos próprios esforços. Esse modo de pensar é perigoso, pois podemos cair no erro narrado no capítulo 11 do Livro do Gênesis (episódio da Torre de Babel) que narra como os cidadãos do mundo quiseram construir um caminho para o céu, onde imaginavam que Deus, literalmente, habitava, supondo que assim poderiam alcançá-lo, com suas próprias mãos e forças, para que seus nomes ficassem gravados para sempre na História. É óbvio que a ação humana é necessária para encontrar a Deus, porém, nós não somos os primeiros na ordem do amor. São João narra isso de forma clara no versículo 10 do capítulo 4 de sua primeira Carta: “Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos Ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados.” Isso se faz necessário conhecer para que não queiramos tomar o lugar de Deus, para que sejamos mais humildes e aceitemos a nossa posição de criaturas e, assim, possamos iniciar uma verdadeira vida espiritual, uma vida de intimidade com Deus. Resumindo: Deus o amou, caro leitor mesmo antes da sua conversão, mesmo antes de você ter alguma noção de que estava pecando, mesmo antes de você rezar o santo Terço... Deus já o amava, mesmo enquanto você rolava na lama do pecado! Pois bem, Nosso Senhor tem cuidado de nós desde o momento em que nascemos, e dispensa as graças necessárias para que possamos encontrá-lo. Ora, afirmo isso com certeza, porque Ele mesmo veio ao nosso encontro, e não há maior graça que essa, conforme é narrado no Evangelho segundo São Lucas na passagem das cem ovelhas e da dracma perdida – Lucas 15,4-10. Enfim, nós somos essa dracma perdida, nós somos a ovelha perdida que Deus buscava encontrar! Deus já nos procurava, mesmo que não nos déssemos conta de sua existência. O SENHOR não é um “deus passivo” que não se move e permanece em seu “descanso sabático” até que suas criaturas lhe alcancem... Não. Deus é Amor e o amor é ativo, o amante não repousa até se unir ao objeto amado; o amor verdadeiro é doação, e sua maior expressão é encontrada em Cristo Crucificado. Por isso entendamos que Deus não nos ama mais só porque agora somos menos pecadores, ou rezamos mais e praticamos alguns atos de piedade. Não sejamos presunçosos pensando que merecemos ser ouvidos porque agora alcançamos um alto nível de intimidade e amizade com Deus. Muito pelo contrário. Quanto mais amigo de Deus formos, mais humildes seremos. Como ensina Santa Teresa de Ávila, “a humildade é caminhar na verdade”. Que possamos repetir com o humilde centurião, todos os dias de nossas vidas, a seguinte máxima: “Senhor, não sou digno”. Porque, realmente, por nossos próprios méritos, não somos dignos de nada! E então, se cumprirá o que o Senhor prometeu: "Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado." - Lucas 14,11. Que assim seja! Fonte: adaptado do site "ofielcatolico"
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