segunda-feira, 17 de julho de 2017

A mulher do próximo

Uma coisa é muito clara para aqueles que buscam percorrer o difícil caminho que nos leva para a porta estreita do paraíso: nossa vida é cheia de “pode” e “não pode”. Bem sabemos também, que os bons costumes e o bom senso, aliados ao pudor e a modéstia muito contribuem também, inclusive para os que não seguem qualquer religião, para uma conduta que tem como embasamento não prejudicar o próximo sobre algum pretexto egoísta. No entanto, para muitos de nós, a questão das proibições e permissões não é algo que está acima do nosso julgamento. Digo dessa forma porque muitos querem definir para si mesmos o que se pode ou não se pode fazer, baseados apenas em suas próprias crenças, verdades e comodidades, fazendo de maneira completamente errada, uso do seu livre arbítrio.

Como bem aprendemos na bíblia, nos é apresentado o bem e o mal, nos cabendo uma escolha. Jesus nos ensinou que o que escolhermos isto irá gerar nossa recompensa por conta de nossas obras. Por isso, é muito importante para a vida de cada um e para a salvação de sua alma, escolhas muito bem realizadas porque, como sempre gosto de mencionar, só temos uma vida e uma chance para salvarmos nossa única alma. Visto que esta situação se apresenta a todos, cabe a cada um não agir por conta própria seguindo uma regra de vida que não condiz com a universalidade divina imposta pelo criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Gosto de colocar na pauta a palavra “imposta” porque é isso mesmo que acontece em nossas vidas. Não que Deus imponha algo, mas quando decidimos segui-lo aceitamos que seja feita a vontade Dele e, sua vontade, nos impõe um modelo de comportamento a seguir dignos de ser seus filhos se, vale recordar, almejamos a vida eterna.

Entretanto a humanidade parece se esforçar para não dar valor devido para a gravidade do pecado, destruidor de almas e passaporte para as chamas eternas. Insiste em se convencer que ser feliz pecando não é pecar! Cada uma viu! Jesus é bem taxativo e sem rodeios. Além de bem exigente e com um alto padrão de julgamento. Como dizia o Padre Kemphis, autor do livro A Imitação de Cristo, “não é raro desagradar a Deus, aquilo que agrada aos homens”. Quando Jesus recordou nos evangelhos que tudo brota no coração, inclusive o estímulo a pecar e mesmo o próprio pecado, ilustrando com o exemplo do adultério, ele nos mostrou que o padrão comportamental que espera de nós, é um comportamento de alta envergadura.
Se olharmos para uma mulher, desejando-a, já cometemos adultério, assim nos ensinou Jesus. A mensagem é, se desejarmos o que é errado já estamos cometendo pecado. É preciso então, com a ajuda celeste mortificar o corpo e seus sentidos, é preciso colocar cabresto mesmo e mantê-lo em rédeas curtíssimas. Nada de consentir sequer com ocasiões de pecado, Santo Antonio Maria Claret já ensina que a própria ocasião de pecado por sua natureza já se constitui num pecado. Nada de cultivar amizades improprias, nada de fantasiar o que é proibido com alguém que não é quem Deus nos deu. Quando Jesus falava sobre arrancar alguma parte do corpo para que pudéssemos entrar no reino dos céus, o que ele dizia não era literal, mas espiritual. É preciso um autopoliciamento, ele mesmo disse: vigiai e orai sem cessar. Algo que é do próximo não nos pertence, isso é muito fácil de compreender. E Jesus ainda vai mais longe, diz que aquilo que não nos pertence, nem devemos desejar ter. O alcance do que o Cristo nos ensina é muito amplo. Quem deseja algo do outro pode roubar, como é o caso dos ladrões, pode dar um jeito de que aquilo acabe em nossas mãos, como é o caso dos invejosos que querem algum cargo na empresa e fazem de tudo para consegui-lo passando por cima de tudo e de todos. Quem deseja algo de alguém e não pode ter para si, termina por desejar que esse alguém perca o que tem. Quem deseja ter um carro novo como o do vizinho pode acabar ficando muito feliz se o carro do vizinho for roubado ou ele sofrer um acidente e seu carro ficar completamente destruído. Quem deseja uma mulher que não é a sua, para realizar seus prazeres e vontades egoístas, joga seu corpo na lama do pecado, usa a outra pessoa como um produto de consumo, se deixa usar, fere a dignidade de ambos, peca contra os mandamentos, rompe sua amizade com Deus, fica fora das graças santificantes e se persistir nesses tipos de atitudes que são impróprias para a salvação, terminarão na ladeira dos ímpios onde irão rolar para a condenação eterna. Em vista dessas realidades tão claras é uma maluquice que ainda assim as pessoas busquem pecar. Por isso os grandes santos diziam, por não se conformarem com os pecadores, que deviam existir muitos hospícios para que se internassem os pecadores, porque pecar é um ato de extrema loucura. Pecar é como ingerir conscientemente um veneno que sabemos ser mortal. As pessoas em sã consciência não fazem isso quando se relaciona o fato ao corpo, mas, por que fazem isso quando o veneno é espiritual? Cuidam do corpo e dão ouvidos a ele enquanto sua alma fica à deriva, escravizada. É preciso olhos abertos pois nossa vida é uma constante contagem regressiva e não sabemos em que estado iremos nos apresentar diante do justo juiz se levarmos uma vida deixando a conversão para amanhã; pode não existir amanhã.


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