terça-feira, 25 de julho de 2017

Nossa irmã, a Morte

Caros leitores eis aí um tema que é evitado sempre que possível até que ele entre pela porta da frente de nossas vidas. O ser humano se sente bem convivendo com ela quando esta não passa apenas de uma notícia. De fato, até estamos acostumados com ela pois todos os dias é possível assistirmos no noticiário da tv que alguma pessoa morreu. Não sabemos se centenas ou milhares de pessoas morrem todos os dias. Tudo não passa de cálculos e estimativas. De vez em quando o mundo trata de endeusar a morte de alguma celebridade e a mídia secular, por conta da audiência, passa dias em cima do acontecimento e não me venham dizer que é por solidariedade aos envolvidos ou por apreço a quem morreu. Somente por causa disso não é mesmo! Certa vez, num congresso que participei, todas as emissoras de tv da região foram convidadas a participar e de forma um tanto soberba e com seus egos inflados, alguns dos representantes dos canais abertos confirmaram que o que “vende” é a notícia polêmica e trágica.

Noves fora isso, não há como negar a realidade que aguarda a todos no final da linha, quando esta etapa de nossa existência eterna se encerrar. “Pensa constantemente em seus novíssimos e jamais pecarás”, nos alertam as sagradas escrituras em Eclesiástico 7,40. São Francisco chamava a morte de sua irmã pois entendia que ela tinha para consigo um propósito libertador. Como bem sabemos, a morte na grande maioria das vezes irá nos pegar de improviso, desavisados e o inesperado poderá, conforme nosso grau de fé, nos tirar o chão. Quando olhamos para alguém que gostamos nem cogitamos imaginar perder essa pessoa, nem sequer queremos conceber que a morte tire essa pessoa de nossa vida.

Alguém já teve enquanto dormia aquele pesadelo com alguém que faz parte da sua vida onde a pessoa veio a falecer? Pois é, não se acorda com aquela sensação bem desagradável? Parece verdade não é mesmo! Pois bem, é uma pitadinha, uma amostra grátis do que pode acontecer conosco, é uma possibilidade real. Não devemos virar as costas para a realidade da morte. Claro que não temos como nos preparar de forma completa para a experiência da morte com nossos entes queridos e tão pouco com a experiência da nossa própria morte. No entanto, precisamos fazer o nosso melhor esforço e mantermos nossa consciência voltada para essa veracidade que vai nos acometer, queiramos ou não.

A mala de viagem do católico deve sempre estar pronta, porque a qualquer momento nossa irmã distante irá chegar muitas vezes sem nenhum aviso prévio. Poucas vezes ela avisa que está próxima quando é o caso de uma grave doença que já vai colocando o enfermo de frente na reta final de sua jornada neste vale de lágrimas. Tanto o doente quanto os que o cercam são brindados com essa graça divina se Deus concede esse período de penitência final e conversão para todos que estão a conviver com esse enlace que é crucial.

Em verdade até podemos dizer que a cada dia morremos um pouco. Essa etapa de nossas vidas nada mais é que uma contagem regressiva para a passagem. Somos tentados a achar as vezes que é uma injustiça de Deus não sabermos quando morreremos, pois, se assim fosse poderíamos dar conta de nossa salvação. Mas, muito pelo contrário, o que Deus nos concede, nos privando desse conhecimento é algo muito melhor. Se não sabemos quando a contagem regressiva vai terminar, devemos nos comportar como se esse ano fosse o último, como se esse mês fosse o último, como se esse dia fosse o último, como se essa manhã fosse a última, como se essa hora fosse a última, como se o próximo minuto não existisse para nós.

Se temos fé, sabemos que iremos encontrar nossos entes queridos que se esforçaram para alcançarem a glória eterna e que nos esforcemos para ajuda-los a alcançarem isso, no paraíso para vivermos eternamente na comunhão com Deus, a Santíssima Trindade, a Virgem Maria e os anjos e santos de Deus. Se cremos iremos entregar o medo da morte aos cuidados divinos e com isso iremos receber do Espírito Santo o dom da fortaleza e da ciência, e precisamos pedi-los, pois são dons que nos ajudam a aceitarmos a necessidade de passarmos pela purificação final nesta etapa da vida que é a nossa morte assim como a morte dos que nos rodeiam. A morte é tratada como algo comum pelo mundo, mas o mundo tenta retirar dela a sua importância. Não é assim que devemos encara-la. Se negligenciarmos o fato corremos o risco de deixar incompleto aquilo que fazemos em vida e a morte quando chegar nos pegará como as mulheres imprudentes do evangelho que não tinham óleo para suas lamparinas.


fonte: Jefferson Roger

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