quarta-feira, 19 de julho de 2017

Testemunhos




















É muito fácil de compreendermos caro leitor que, em meio a este mar de pessoas que existem no mundo, aconteçam os mais variados casos de vida que nem sequer possamos imaginar. Normalmente nosso raio de ação não alcança a globalização em todas as esferas existentes. Popularmente, ainda que façamos um esforço para estarmos “antenados” e “conectados” a tudo e a todos, acabamos por viver de certo modo no que se costuma chamar de “nosso mundinho”. Fazemos da nossa vida um caminhar que segue, percentualmente falando, uma listagem de regras que não raramente priorizam primeiro nossos interesses, depois os interesses do próximo e depois ainda os interesses dos não tão próximos, ficando praticamente fora da lista os interesses dos que nem próximos estão. No entanto, um olhar atento, mesmo que ao redor do “nosso mundinho”, nos permite enxergar que existem histórias e histórias de vida.

O mundo com seu impulso sufocador não quer de nós essa preocupação, uma preocupação com as outras pessoas. Este tipo de preocupação que era ensinada por Jesus se chama compaixão. Não se trata de ter pena ou dó, se trata de se colocar no lugar da outra pessoa e, se não podemos fazer nada por ela, materialmente podemos sempre e sem dúvida alguma, rezar por ela, além de aprendermos com seu testemunho de vida. Certamente sempre existe a tentação de acharmos que a cruz do vizinho é mais leve que a nossa. Isso não existe, a cruz de cada um é sob medida e intransferível. Não sabemos ao olharmos superficialmente para alguém, para sua aparência ou atitudes, como é a vida dela. Como exemplo cito a experiência que tive num desses dias que de ônibus seguia cedo para o trabalho. Sentado no banco de trás de onde eu estava, conversavam um senhor e uma senhora. Ambos não eram naturais de Curitiba, local onde resido e o estopim da conversa foi o clima frio com baixas temperaturas que estamos atravessando. Até aí tudo bem mas em certo ponto do bate-papo, a senhora começou a falar de sua vida.

Disse que se casou com trinta e seis anos, tem dois filhos e hoje é viúva, vindo a contrair a viuvez ainda na dezena dos trinta anos. Ela após a morte do marido não contraiu novas núpcias e seguiu sozinha na criação do seu casal de filhos. Era viciada em cigarro. Hoje, seu filho homem está bem encaminhado e trabalhando e sua filha tornou-se religiosa. Ela estava se preparando para exercer um apostolado missionário fora de nossa cidade. A viúva, hoje com sessenta anos bradou em alto e bom som para quem quisesse ouvir todo o seu testemunho de vida, e ainda completou: “eu sou católica!” Falou da dificuldade que foi conviver com um homem alcoólatra, da dificuldade de se criar sozinha os filhos, da vitória sobre o vício do cigarro e concluiu, entre outros assuntos, dizendo que ela buscou a Jesus e se voluntariou nas pastorais da igreja católica. Por fim, Deus em seu cuidado aproveita todos os momentos de nossas vidas para nos mostrar que nunca devemos deixar de agradecer a ele por tudo que temos. 

Devemos primeiro agradecer, depois pedir e jamais colocar um olhar invejoso sobre as vidas das outras pessoas. Vamos lembrar? Não devemos cobiçar as coisas alheias e sob este prisma até nossa pequena vida, que é finita e passageira, uma vida de servos inúteis como nos recorda o evangelho, também pode ser tratada como coisa. Na oração original de consagração a Nossa Senhora rezamos a ela: “ e como assim sou vosso, ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me, como “coisa” e propriedade vossa, amém! Façamos a nossa parte que consiste em sermos imitadores de Cristo e vivermos segundo as petições do Pai Nosso. Nos falta vontade? Estímulo? Um empurrãozinho? Aproveitemos os testemunhos, bons e maus, para que eles nos abram os olhos a fim de que possamos nos configurar ao Cristo desfigurado.

Fonte: Jefferson Roger

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