Se pararmos um pouco para pensar e refletir sobre as necessidades humanas iremos, mais cedo ou mais tarde, nos depararmos com a realidade de que sempre estamos a precisar de alguma coisa ou de alguém. Do momento em que chegamos a este mundo, durante nossa permanência nele, até o momento de nossa partida para o que nossas obras nos propiciaram para depois da morte, sempre, mas sempre mesmo estamos a “precisar”. Precisamos que nos ajudem a nascer, precisamos que cuidem de nós enquanto bebês, precisamos que nos eduquem, precisamos mais adiante trabalhar, precisamos nos alimentar, precisamos dormir, precisamos isso, precisamos aquilo e aquele outro. Tenho certeza de que não existe pessoa no mundo que possa dizer que não precise de nada, simplesmente isso é impossível. O fantástico corpo humano, divinamente projetado e criado, foi concebido para precisar. Porém, e lá vamos nós, não somos apenas o que enxergamos, o ser humano é um composto de corpo e alma. Existimos no ser enquanto razão e sentimento e também como espíritos. Eis aí um grande detalhe que embora seja comum a todos, muitos deixam de lado. Existe uma tendência a sermos egoístas por causa do extinto nativo de sobrevivência. Até aqui, nada de errado, pois não fazemos mal em querermos o nosso bem. O problema, no entanto, como sempre nos ensina Jesus, está na forma de conduzir isso tudo e nas prioridades que damos. É como se existisse dentro de cada uma balança. De um lado existe a bandeja do egoísmo, do outro lado existe a bandeja da humildade. Sabemos biblicamente falando, que a virtude da temperança nos traz o equilíbrio necessário para não nos abandonarmos ao egoísmo e tampouco negligenciarmos nossas necessidades. Sabemos muito bem que precisamos das coisas e das pessoas mas, se deixarmos a balança pender para o lado do egoísmo, iremos facilmente esquecer que também os outros precisam das coisas e das pessoas. O egoísmo nos faz agirmos como um rei, que se beneficia do serviço de seus súditos. A humildade, ao contrário, nos faz enxergar nossa condição e perceber que também o próximo precisa e muitas vezes precisa mais do que nós. O egoísmo faz a pessoa dizer a respeito do outro “ele que se dane”. A humildade remete à compaixão porque aquele que é humilde, reconhece sua miséria e não quer o mal de ninguém. Se pode, o humilde compartilha, se não pode, faz da mesma maneira porque aprendeu que a regra de ouro (biblicamente ilustrada) diz que “dividir é multiplicar”.
E tudo vale para além da matéria, além do campo material e social. Se somos um composto de corpo e alma, a parte espiritual também precisa de alimento. E mais uma vez entra em cena a balança. Vejamos um exemplo. O egoísta se acorda indisposto no domingo pela manhã, não vai na missa. Sua cama está quentinha e confortável, não está um clima agradável e quente e por conta disso ele decide ficar debaixo das cobertas pois em seu conceito de primeiro “eu”, como já acha ter o que precisa, deixa a prática religiosa para outro dia. Agora, o não egoísta que acorda nas mesmas condições de quem só pensa em seu umbigo vai dizer: Quem precisa de mim? E vai encontrar facilmente a resposta. Muitas pessoas precisam dele, muitas pessoas precisam de nós. Muitos precisam de nossas orações. Em Fátima, Nossa Senhora disse aos três pastorinhos que muitos se condenavam ao inferno porque não existiam pessoas que rezavam e faziam penitência por eles. E ela ao perguntar se eles aceitariam receber os sofrimentos que Deus lhes enviaria para a conversão dos pecadores, todos responderam que sim. Crianças de dez, oito e sete anos. Deus colocou as coisas nesses termos. Ele quer que uns ajudem os outros. Jesus nos recorda que até para os inimigos devemos rezar. Ele também ensinou que três pessoas passaram para ajudar um caído, vítima de um ladrão, mas o conterrâneo e o sacerdote não ajudaram e sim, quem era de origem que provinha de disparidade social (Lucas 10,26-35). O recado dos céus está dado, muitos precisam de nós e nós precisamos de muitos. fonte: Jefferson Roger
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