A palavra traste originalmente significa coisa velha, de pouco valor, antigamente utilizada para se referir a alguma coisa em casa de pouco valor. Com o passar do tempo, a expressão sempre viva e em constante mutação, que chamamos de linguagem falada, adotou essa palavra para também se referir a uma pessoa que presta para nada, que é inútil. Colocadas as coisas dessa maneira, podemos enxergar claramente uma ligação dessa expressão coloquial popular com algumas passagens bíblicas que apontam para essa possível realidade na vida de uma pessoa. Eclesiástico 15,21-22 – “Ele (Deus) não deu ordem a ninguém para fazer o mal, e a ninguém deu licença para pecar; pois não deseja uma multidão de filhos infiéis e INÚTEIS. E na parábola dos talentos encontramos: Mateus 25,24-30 – “Veio, por fim, o que recebeu só um talento: - Senhor, disse-lhe, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. Por isso, tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o que te pertence. Respondeu-lhe seu senhor: - Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu. Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez. Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter. E a esse servo INÚTIL, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.” Lucas 17,10 – “Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos INÚTEIS; fizemos o que devíamos fazer.” Como podemos observar, a expressão inútil é utilizada em duas formas de aprendizado a ser colocado em prática na vida do cristão. Em Eclesiástico vemos que Deus rotula aqueles que não praticam o bem, consequentemente aderindo ao mal, como pessoas sem utilidade para o Reino dos Céus. Pessoas assim não produzem frutos em suas vidas tanto para si, quanto para os outros, quanto para a pátria celeste. Deixam de lado o mandato divino de evangelizar por conta dos seus interesses egoístas. No evangelho de Mateus, o ensinamento celeste nos diz que aquele que negligencia sua missão cristã, de não ir e pregar o evangelho a toda a criatura, dando testemunho de Cristo por amor a ele e não por medo, é ramo fora da videira e não tem serventia para o Reino. Exatamente na mesma linha da passagem de Eclesiástico. Já em Lucas a palavra inútil é usada em outro contexto, para ensinar outra questão que cabe em nossas vidas. Neste trecho percebemos o quanto, embora Deus queira precisar de suas criaturas, não precisa delas para fazerem as coisas. Ainda nos mostra que, devemos fazer e agir conforme a natureza pensada e criada por Deus e agindo assim, nada mais fazemos que nossa obrigação. Na passagem aprendemos que não devemos nos vangloriar de fazermos aquilo que é nossa obrigação cristã. Desta maneira, com estes três exemplos, vemos que o ditado do traste do inferno se encaixa muito bem na questão, resumindo a postura de uma pessoa que não está agindo de maneira a agradar a Deus e, tampouco, agradar aos homens. Se não fazemos o que devemos, não agimos como precisamos, nos escondemos acoados como o servo inútil de Mateus ou nos vangloriamos como o servo inútil de Lucas, corremos o risco de ouvirmos de Jesus no dia do juízo o mesmo que ele disse no sermão da montanha: Mateus 5,46 – “que recompensa tereis?” fonte: Jefferson Roger
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