quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Os desigrejados

Existe pelo mundo afora, e também por aqui no Brasil, uma denominação de pessoas que se intitulam desigrejados. Essa bandeira eles sustentam com muito orgulho pois afirmam seguir a igreja de Cristo (Mateus 16,18) e não as instituições físicas que se intitulam igrejas. Porém, motivados por alguns argumentos até válidos e sinceros, a atitude da pessoa que abandona a igreja, enquanto instituição, esbarra num problema muito grande: eles amam o Cristo cabeça mas não querem fazer parte do corpo de Cristo. Segundo eles, os desigrejados, não é necessário fazer parte de uma instituição para seguir Jesus. Pelo que vi, no histórico dessas pessoas, existem alguns fatores que corroboram para essa guinada.

Frustrações, decepções, indignações e incapacidade de seguir um magistério estão entre as principais causas. Uma coisa é certa. Eles defendem que a pessoa precisa ler muito a bíblia para compreenderem porque não devem fazer parte de qualquer instituição chamada de igreja. Defendem a tese de que a palavra original “igreja” quer dizer assembleia e em nenhum momento na bíblia se encontra essa denominação relacionando-a com as instituições e seus prédios. Bom pessoal, como católico que sou, agora vou defender a religião que pertenço e a sua igreja, que é a católica. Vamos lá.

No antigo testamento encontramos algumas passagens que mostram que o povo se reunia publicamente para confessar seus pecados e ouvirem a palavra de Deus (Neemias 9,1-3). Depois de Cristo também encontramos essa realidade nas pregações apostólicas e no livro dos primeiros passos da igreja (Atos 20,7). Já com uma tradição de mais de dois mil anos aprendemos que o costume, que tem comprovação bíblica, sempre aconteceu, ou seja, o que se iniciou publicamente em praças, depois se transportou aos templos e hoje vivemos a mesma realidade religiosa de sempre nos ambientes que chamamos de igreja.

É evidente que o corpo de Cristo, a sua igreja, seja ela triunfante, padecente ou peregrina, de caráter espiritual e material, que é, por conseguinte, já que foi fundada pelo próprio Cristo, santa, possui em seu meio membros pecadores. Por isso as pessoas que querem seguir Jesus participando desse corpo de Cristo, também enquanto igreja física, se decepcionam quando testemunham ou tomam conhecimento de tanta coisa errada que acontece dentro dela. A pessoa se sente ultrajada, indignada, ofendida, traída e passa a não querer mais fazer parte disso. Eis aí, o detalhe da questão. A atitude certa nesse momento é aquela em que São Paulo disse em suas cartas que devemos unir nossos sofrimentos ao do Cristo. Ou alguém acha que Jesus fica contente da vida com toda essa baderna que acontece dentro das igrejas? E aqui só me refiro a católica!

Com certeza não, no entanto, a pessoa ao invés de se manter firme, sendo desta forma, uma espécie de mártir, unindo seus sofrimentos interiores a cruz do seu salvador, faz como Pilatos, lava as mãos e se recolhe para o conforto de seus afazeres. Pula de galho em galho, atrás de outra denominação que lhe satisfaça ou então vira um seguidor de Cristo autônomo. Sofre com isso porque sua consciência fica martelando uma atitude muito perigosa que é viver longe dos sacramentos, do magistério, desgarrado da Santa Tradição e com isso tudo praticando uma auto religião que não tem como agradar a Deus. Jesus disse quando se referia aos apóstolos sobre os quais a igreja se ergueu que “quem vos ouve, a mim ouve, e quem vos rejeita, a mim rejeita, e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” – Lucas 10,16. E ainda na primeira carta a Timóteo 3,15 – “A igreja, lugar do Deus vivo, é coluna e sustentáculo da verdade”. E para encerrar, na primeira carta aos Coríntios 12, 28, encontramos o relato de que a vontade divina quis constituir os alicerces de “sua igreja” inicialmente nos Apóstolos: “Na Igreja, Deus constituiu primeiramente os apóstolos, em segundo lugar os profetas, em terceiro lugar os doutores, depois os que têm o dom dos milagres, o dom de curar, de socorrer, de governar, de falar diversas línguas”. Portanto, a você que “conseguiu” por força própria ou se convenceu por algum fundamento que encontrou, de que fora da igreja de Cristo, enquanto constituição espiritual, mas também física é possível chegar a glória eterna, cuide bem da sua alma, você só tem uma vida e uma chance para salvar sua única alma. Tua salvação depende das suas obras (Apocalipse 22,12), depende do que você faz de certo ou errado, não do que os outros fazem de certo ou errado. Se algo dentro da igreja te afastou dela, esse algo feito por algum membro que caminha no erro, ele será julgado por Jesus pelo seu erro, você não se deixe contaminar por uma maçã podre. Lembre-se da parábola dos talentos.


fonte: Jefferson Roger

Nenhum comentário:

Postar um comentário