sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Treinando o Corpo

Glorificai a Deus no vosso corpo, assim lemos na primeira carta aos Coríntios. Nosso corpo, que é santo, presente de Deus para nossa interação e vivência neste período provisório de peregrinação no vale de lágrimas precisa sim, como diz a escritura, ser muito bem cabresteado por nós, porque, também sabemos muito bem, ele tende a agir meio como advogado do diabo.

Facilmente ele se acostuma com confortos e prazeres corpóreos e com algum custo, ele se acostuma com uma vida disciplinada. Não é fácil, caros leitores, nos sentarmos escravizadamente em frente a um prato delicioso e nos empanturrarmos até a sacies dos olhos só parando por que não cabe mais nada em nosso estômago? Não é fácil ficarmos debaixo das cobertas numa manhã fria e chuvosa de domingo ao invés de sairmos, por exemplo, para irmos à missa? Não é fácil ficarmos esparramados no sofá da sala apenas usando o controle remoto para trocar canais e assim ficarmos por horas atrofiando os músculos?

Pois é, nosso corpo precisa de muito pouco para memorizar e se acostumar com atividades prazerosas. Agora, tente disciplina-lo a comer nos horários, dormir nos horários, fazer exercícios físicos regulares e periódicos para você ver se ele não se rebela e grita em protesto! E pior, além de protestar, se deixarmos alguma disciplina, seja de que natureza for, rapidamente ele perde o hábito e sua eficiência naquilo que deixamos de fazer. No entanto, quando passamos a trata-lo com o devido respeito conforme sua natureza pensada e criada por Deus, ele passa a nos servir e deixar de ser uma vitrine e um latão de lixo.

O corpo, que é santo começa a servir ao Senhor, dar testemunho e glorifica-lo, exatamente de acordo com o propósito dele. Aos poucos, nossa vontade, que brota no coração (assim nos ensinou Jesus) e se instala na mente, passa a comandar o corpo e esse é o percurso correto. Nosso corpo até tenta protestar, como uma criança mimada, mas no controle da situação, nós ditamos as regras para ele. E assim, vencendo as doenças espirituais da gula e da luxúria, crescemos no amor e santidade rumo aos céus. Façam a experiência, comecem a praticar uma forma de penitência qualquer ou então a penitência chamada de jejum. Comece aos poucos, só algumas horas e vá com o passar do tempo aumentando na medida em que seu corpo for sendo “treinado” e for se acostumando com a imposição de sua vontade. Mas não esqueça dos propósitos e da maneira correta de se fazer.

Nossa Senhora bem lembrava em suas aparições que no verdadeiro jejum não se passa nem sede e nem fome, ou seja, o propósito da penitência tem caráter espiritual e o corpo trabalha em conjunto para ordenar, mente, corpo e espírito numa direção apenas. Se você se sentir mal, recue, diminua a intensidade da penitência, Deus precisa de você no campo de batalha, a radicalidade que os grandes santos tinham em suas penitências, se alcança com o tempo, vá com calma e pés no chão. A experiência de qualquer forma de jejum é magnífica e recomendada a todos, com prudência e coerente diligência da condição e compleição de cada pessoa. Aprendemos na bíblia e na vida dos santos que essa prática é muito utilizada pelos cristãos. Quem vos escreve também já a alguns anos pratica e, atualmente, exerço o que chamo de jejum das trinta horas. Como já me disseram, só por Deus mesmo para não se cansar das atividades do cotidiano e para não sentir nem fome ou sede. É um período de extrema união com Deus e pelas causas da sua igreja. Pelo bem dos pecadores, como nos recorda Nossa Senhora em Fátima, a pedido de seu filho, rezamos e fazemos penitência por eles. Nunca pode ser considerado mérito pessoal ou heroísmo e sim, um serviço que um membro do corpo de Cristo por amor a Deus, exerce no seio da igreja, para seu bem, mas fundamentalmente para o bem comum.


fonte: Jefferson Roger

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