segunda-feira, 16 de outubro de 2017

As graças são independentes

A romeira de quarenta e sete anos Poliana Abraão de Paiva foi notícia a poucos dias por conta de sua entrevista para a rede globo de televisão por ocasião da comemoração dos trezentos anos do encontro da imagem de Aparecida. Contou a mulher que a peregrinação que fazia até o santuário nacional, se dava em razão de agradecimento por uma graça alcançada pela intercessão de Maria Santíssima, invocada sob o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

A romeira percorria a rota alternativa criada pela prefeitura de São Paulo, chamada rota da luz, que tem o objetivo de retirar os peregrinos andantes dos acostamentos das vias. Porém, para o caso em questão, em certa altura, o grupo que caminhava rumo ao santuário foi surpreendido por condições climáticas muito adversas onde um galho de árvore veio a quebrar e cair sobre a mulher, que foi socorrida pelo serviço municipal de atendimento urgente, mas não resistindo aos ferimentos veio a falecer.

É possível pensarmos, caros leitores, por que Poliana recebeu a graça e pouco tempo depois veio a morrer, e justamente quando ia até Aparecida para agradecer a graça recebida? Se já era uma católica devota e recorreu à intercessão de Maria Santíssima, obtendo a graça desejada, pois obviamente queria vencer a grave enfermidade (contou ela em entrevista que era um problema respiratório grave) para poder ter uma qualidade de vida melhor, mal recebeu a graça, já lhe foi tirado, não só a saúde, que ia mal e havia se restabelecido, mas lhe foi tirado tudo, foi tirada a sua vida.

O que um parente pode pensar disso? O que as pessoas com pouca fé podem pensar disso? Podem pensar que é uma baita sacanagem. Podem pensar por que Deus concedeu a graça se ele já iria lhe conceder a morte pouco tempo depois? O cenário apresenta uma situação de perigo para as pessoas que não colocam um olhar sobrenatural em tudo. Vamos acompanhar. Primeiro: não sabemos quando acontecerá nosso segundo final de vida, por isso vivemos até o fim de nossas vidas atuando dentro dela. Não dizemos, ao menos não deveríamos dizer, hora não vou fazer mais isso ou aquilo, afinal, já estou a morrer, de que adianta. Segundo: Deus faz o mesmo, ele não deixa de conceder uma graça porque a pessoa está a morrer e não sabe disso. Justamente por não saber, Deus sabe que os efeitos da graça são eficazes. Terceiro: a graça recebida serve para muito mais coisa do que simplesmente seu efeito principal.

Quando recebemos uma graça pedida, recebemos junto a certeza de que o céu existe, de que fomos ouvidos e Deus, por meio dessa graça, quer nos conceder a oportunidade de conversão, arrependimento pelas nossas faltas na caminhada e um aumento da fé e nossas atitudes em favor do evangelho. Quem recebe a graça com o coração aberto e sem interesses menores, sai do outro lado uma pessoa melhor. Seu testemunho e comportamento dali em diante passa a evangelizar pessoas. No final das contas, a graça que um recebe, toca a outros. É preciso ordenar sempre o pensamento e o olhar para que acontecimentos assim sejam observados separadamente. A dona de casa não pensa que não adianta limpar semanalmente a casa porque ela vai ficar suja de novo. Ela limpa a casa independente do que virá, se a casa vai ficar mais suja ou não, dependendo das pessoas que por ela circularem. Ela não diz: que se dane, não vou limpar, vai sujar de novo mesmo. A natureza humana imita a natureza divina. Deus não diz: não vou conceder a graça hoje, no final desta semana ela vai morrer mesmo. Percebem? As graças são independentes, e principalmente as graças que queremos receber para vivermos com melhor qualidade. Quando chega a nossa hora, Deus nos chama.


fonte: Jefferson Roger

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