terça-feira, 10 de outubro de 2017

Meditar as coisas no coração

No evangelho de São Lucas no segundo capítulo, aprendemos da Virgem Maria que, conforme nos ensinou o seu filho Jesus, tudo vem do coração. As coisas brotam no coração, se instalam na mente e são manifestadas exteriormente pelo corpo. O coração move as pessoas de bem, se a razão interfere tentando desfazer o equilíbrio que deve existir dentro da pessoa, tendemos a dar ouvidos ao diabo, aceitar suas ofertas e poluir nosso pobre coração com as coisas que passam. Satanás precisa só de uma fresta em nosso coração para conquista-lo por inteiro. Se dialogarmos com ele, tentando agradar a dois senhores, fatalmente iremos padecer.

O coração precisa ser alimentado pelas coisas de Deus, depois essas coisas precisam se instalar em nossa mente e em consequência nossas atitudes irão corresponder àquilo que acreditamos (coração) e aquilo que sabemos (razão). Santo Antonio Maria Claret já dizia que quem quer ser se salvar precisa ter Deus no coração, o paraíso na mente e o mundo debaixo dos seus pés. Maria era assim, depois na narrativa do nascimento de Jesus onde se lê que os anjos anunciaram aos pastores o que havia acontecido, eles, ao visitarem a Sagrada Família de Nazaré, contaram o que havia acontecido e a Virgem Santíssima “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” – Lucas 2,19.

Nosso coração é nosso bauzinho de sete chaves. Ele é muito valioso. Dentro dele está a sementinha que Deus brotou com a informação de que seremos felizes plenamente se vivermos no aqui e agora com ele, já experimentando um pouquinho do que será a alegria eterna na glória dos céus. Por maior e mais generoso que nosso coração possa ser, ainda assim ele possui uma fraqueza, um ponto fraco. Ele está dentro de pessoas que, como diz a oração eucarística da santa missa, são um “povo santo e pecador”. Deixando a questão física de lado, que já oferece muito pano para manga para os sofrimentos físicos dele, na parte espiritual, senão de igual maneira, muito mais ele sofre durante essa batalha pela salvação das almas.

Como se explica na Física que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, em nosso coração acontece o mesmo. O mal e o bem não podem conviver dentro dele. Não existe meio termo ou convivência pacífica entre o bem e o mal dentro do pobrezinho. Se trata de um cabo de guerra que permitimos acontecer. Um ou outro querem ocupa-lo por inteiro e nós somos responsáveis em fazer a nossa parte, ficar do lado da verdade, aceitar a proposta do Reino dos Céus e assumirmos o compromisso de resistir e viver até o sangue (Hebreus 12,4) o que nos pede Jesus (Lucas 9,23).

É preciso sempre se recolher e, como Maria fazia (Lucas 2,19 e 51), conservar as palavras e meditar e guardar todas as coisas no coração. Imitar Maria, é uma atitude de humildade e um movimento que nada mais é do que imitar seu filho Jesus (1ª Coríntios 11,1) pois, aquela que é a serva do Senhor, que aceitou que fosse nela feito segundo sua palavra, não guarda nada para si, pois é toda de Deus. Ela que é um nada perante o Altíssimo, conforme nos recorda São Luiz Maria Grignion de Monfort em seu tratado, é muitíssima maior em glória e graça do que todos nós. Recorrer a Maria não implica em amar menos Jesus, implica sim, em pedir sua assistência para que possamos viver o evangelho do Ressuscitado, fazer a vontade do Pai e não desistir de andar no caminho, verdade e vida já que sem ele (Jesus), nada podemos fazer (João 15,5). Nos acostumemos em deixar o barulho do mundo de lado para mergulharmos no silêncio da meditação e da oração para que possamos falar com Deus e ouvir o que ele tem a nos dizer, diariamente.


fonte: Jefferson Roger

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