sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Saindo de Casa

Existe uma prática católica muito antiga que consiste em persignar-se antes de sair de casa. O mesmo, também ao se chegar. No entanto, não só simples atitudes como essa, de se colocar sob a presença da Santíssima Trindade, através do sinal da cruz feito em nós mesmos, como também tantas outras que exigem mais tempo nosso, são muito facilmente deixadas de lado, por conta do suposto pouco tempo que temos e das prioridades que elencamos, sem falar no desleixo espiritual e entre eles, o de deixar os ensinamentos da palavra de Deus, na margem dos nossos afazeres, quase comendo poeira no acostamento de nossas vidas.

A consequência de tudo que decidimos e escolhemos existe. Nunca é adiada ou evitada, ela apenas tem o seu momento certo para acontecer. Isso nos lembra a representação humana da figura da justiça. A mulher com os olhos vendados que segura uma balança, representando a imparcialidade e o julgamento baseado em atitudes. É até louvável a tentativa humana de imitar o proceder divino embora saibamos que a justiça dos homens não consiga, vezes por outra, ter a conduta esperada por Deus. Sendo assim, já que é fato de que se colhe o que se planta, e como não sabemos quanto tempo temos concedido por Deus, o que importa realmente é o que fazemos com o tempo que ele nos deu. Em Eclesiástico 7,40 lemos que devemos pensar constantemente em nossos novíssimos para jamais pecarmos. Vale lembrar, a expressão novíssimos se refere aos últimos acontecimentos nesta etapa de nossas vidas. Morte, juízo, inferno, purgatório e céu.

Realmente é salutar para a vida material e espiritual termos os novíssimos em grande conta. Pensarmos neles até de forma prioritária. O católico precisa começar o dia com a “malinha pronta para a viagem”. Deus nos concede o hoje, o passado não existe mais e pode nos premiar ou condenar, o amanhã não existe ainda. Temos o hoje. Munidos dessa verdade devemos olhar para a nossa vida e avaliar a cada instante se nossa morte no minuto seguinte seria um problema ao nos apresentarmos diante do justo juiz ou não.

Ao sairmos de casa, poderemos não voltar no fim do dia. Deixamos esposa, marido, filhos e nossa casa para trás e seguimos rumo aos nossos trabalhos e escolas. Longe da família estamos nos comportando como um membro dela? Lembremos, como dizem os antigos e os evangelhos nos ensinam: Deus vê no oculto, Deus está vendo. Filhos desobedecem pais? Maridos traem esposas e vice-versa? Vivem todos afastados de Deus? Algum membro da família está desgarrado da religião? As prioridades da família não incluem Deus em seus planos? Como pode o marido mentir para esposa e filhos que vai sair de casa para fazer alguma coisa e vai adulterar com sua amante ou seu caso? Como pode a filha dizer que vai posar na casa da amiga e ao invés disso vai fornicar em outro lugar?

Quando saímos de casa devemos olhar para nossos filhos e para o cônjuge, entregarmos nosso dia a Deus, rezarmos pela manhã, ao meio dia, a tarde e antes de deitar. São as famosas três paradas do dia para examinarmos nossa consciência para vermos como estamos nos comportando perante Deus e nossa família, e a quarta parada é para entregarmos na hora de dormir o fruto de nosso dia. Sempre deixamos nossa casa pela manhã e não sabemos se vamos ver no retorno do trabalho ou escola todos com vida. Não sabemos! Por que então desperdiçarmos nossa preciosa vida ao lado dos que vivem conosco cuidando apenas dos nossos interesses egoístas? Não deve ser assim, nossa família é meio de salvação e cada um é veículo de salvação para todos os membros dela. O sacramento do matrimônio, o batismo, crisma, confissão e eucaristia não existem para bonito ou para serem eventos sociais. Constituídos divinamente são um caminho de salvação que Jesus colocou a disposição de suas ovelhas. Acatemos, sejamos gratos, recorramos a eles e vivamos o que Jesus nos pede.


fonte: Jefferson Roger

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