Ninguém menos do que o próprio Jesus nos disse que é muito difícil entrar no reino dos céus (Mateus 19,23). No trecho em questão, a história do jovem rico é narrada nos três evangelhos sinóticos. Lá, ouvimos da boca de Jesus que o apego às riquezas dificulta a santificação. É importante perceber que Jesus falou ao rapaz que para que ele tivesse a vida eterna, precisaria seguir os mandamentos. O rapaz falou que isso já fazia a bastante tempo. Mas, existe um porém, muito bem colocado por Jesus e que lemos no evangelho de São Lucas 18,22. Aprendemos do mestre, para o infortúnio de muitos de nós, que não basta seguir os mandamentos. Jesus diz ao jovem que seguia os mandamentos que “ainda te falta uma coisa”, e então complementa com uma verdade arrasadora e muito exigente do amor de Deus: o desapego total, a bem-aventurança da pobreza de espírito que lemos em Mateus 5,3. Os evangelhos concluem a história do jovem rico dizendo que ele foi embora triste porque era rico e tinha muitos bens. Ou seja, era apegado. O que devemos aprender disso tudo é que, de forma muito clara nos foi ensinado que iremos para a vida eterna se seguirmos os mandamentos, mas, como são as coisas se Jesus disse que “ainda falta uma coisa”? O desapego? Se vamos para o céu, porque ainda falta o desapego? Jesus mesmo disse que se queremos ser perfeitos (santos) devemos desapegar. Encontramos o mesmo ensinamento em Gênesis 17,1, em Levítico 19,1, em Mateus 5,48 só para citar algumas passagens pois existem outras. Sendo assim, os mandamentos nos salvam e o desapego total nos santifica. Ele, o desapego de tudo, é a passagem de ida direto para o paraíso, para a presença de Deus. A obediência aos mandamentos vai obrigar os cristãos a dar uma passadinha no purgatório, satisfazendo os desígnios divinos e purificando nossa alma de tudo aquilo que possa nos fazer tristes, assim como fez ao jovem rico que conversou com o Cristo Ressuscitado. Se existe uma dor que devemos aceitar e abraça-la para vence-la é a dor de ter que se desapegar de coisas que espiritualmente não nos fazem bem. Muitas pessoas se acham inteligentes, mas a sabedoria terrena (Tiago 3,15) caminha por um trajeto perigoso pois sempre corre o risco da tentação de um atalho, onde já diziam os contos de fada, está à espera da chapeuzinho vermelho, o lobo mau. As vezes as pessoas tentam se desapegar do que lhe impede a entrada no céu. Porém, na primeira crise de abstinência, cedem miseravelmente às ordens do corpo, já escravizado pelos vícios que fazem a razão corroborar a seu favor até criando, para a conveniência própria e deleite do diabo, argumentos e razões até mirabolantes para não abandonar tudo aquilo que é de estimação. São Tomás de Aquino ensina que a menor pena do purgatório é maior que a maior pena que já existiu aqui na terra e que foi a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, o lugar das penitências é agora (Mateus 4,17). No céu irá entrar direto quem tirar nota 10. Quem tirar entre 6 e 9,9 vai ao purgatório fazer recuperação. Quem tirar nota vermelha, de 5,9 para baixo, dançou. De tanto faltar a escolinha de Jesus, não aprendeu a lição e as poucas vezes que foi só fez bagunça, agora, no final do ano letivo (fim da vida e hora da morte) só resta colher aquilo que se plantou durante o tempo concedido por Deus com uma única diferença. O reprovado na escola, no ano seguinte vai repetir o ano, na vida real o reprovado (condenado) não vai repetir porque a chance de salvar sua única alma é uma só. A analogia escolar serve para nos abrir os olhos, de qualquer forma teremos que nos tornar santos. Se nosso esforço terrestre for falho mas acontecer, seremos salvos e Deus nos colocará na purificação. O que não pode é trocarmos o esforço da caminhada pelos prazeres terrenos pois eles nos premiarão com tormentos eternos. fonte: Jefferson Roger
Nenhum comentário:
Postar um comentário