quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O pecado capital da Gula

Capitalizar é fazer algo sair de um ponto e se transformar em algo maior que o original. Quando o dinheiro está na poupança ele vai capitalizando, vai rendendo e o montante original se transforma em novo montante de valor maior. Por isso utiliza-se esse termo para o grupo de doenças espirituais também chamadas de pecados capitais. Eles são capitais porque nos conduzem a outros pecados de maior gravidade. Chega a ser meio paradoxal porque a necessidade de se alimentar existe e ao mesmo tempo seu excesso pode acarretar problemas, e falo aqui do pecado capital da gula. Problemas tanto fisiológicos quanto psicológicos. Relatos de pessoas que encontram refúgio na comida são muito antigos. É o pecado da gastrimargia, que quer dizer “loucura do estômago”. O alimento passa a ser tratado fora da sua realidade e natureza e sem conformidade com sua finalidade. O alimento se destina a nutrição do corpo e um desequilíbrio nisso acarreta em mazelas muito sérias. As pessoas não percebem, mas quando caem nesse pecado, ele avança as fronteiras culinárias e por causa do vício da gula, outros pecados acontecem. A gula consiste em não se contentar e querer sempre mais e mais. Alguém enxergou aí alguma semelhança com os vícios? Pois é, ela existe mesmo. E a gravidade da gula é tão imensa que ela termina por consumir quem invade, fisiologicamente, psicologicamente e, não podia deixar de ser, espiritualmente. No entanto, a desigualdade social causa muito desequilíbrio no fornecimento alimentar mundial. Enquanto muitos comem demais e desperdiçam demais, milhares comem de menos e, ao ponto do desespero em manter a chama da vida acesa, chegam a cometer verdadeiras barbaridades que jogam na lama a dignidade humana matando sua fome se alimentando de restos de alimentos e outras substâncias que não servem ao propósito nutricional. Não devia ser assim, mas é; ao nosso redor nos deparamos não com cenas como a dessa foto, no país em que vivemos, mas nos acostumamos a ser indiferentes quando vemos pessoas que vivem nas ruas de nossa cidade se alimentando de restos e de doações pontuais. Que Deus olhe por todos e que em sua justiça divina recompense e sentencie a todos conforme suas obras. Isso é uma certeza dita pelo próprio Cristo (Apocalipse 22,12). Às vezes achamos que não podemos resolver o problema da fome mundial, nos julgamos uma gota no oceano. É verdade, somos uma gota mesmo, mas já dizia Santa Teresa de Calcutá “que sem essa gota o oceano será menor.” Podemos muito, não nos enganemos, somos filhos do altíssimo. Podemos rezar por todos, concretamente fazermos parte de alguma entidade que ajuda os mais necessitados, podemos (e devemos) contribuir com o dízimo até porque nós temos o que comer em nossas casas e podemos sair do trivial da rotina alimentar fazendo passeios culinários e gastronômicos. Gostamos de tantos alimentos e de alguns nem tão saudáveis. Ficamos de namoro com a gula e deixamos que ela invada nossas vidas em outras áreas. Que perigo! Se temos o pão nosso de cada dia, tanto material quanto espiritual, que agradeçamos a Deus. Os dons, vale lembrar, são distribuídos pelo Espírito Santo como ele quer para o “bem comum”. Para o bem comum e não para o bem do nosso próprio umbigo. Jesus disse que até um copo de água que dermos não ficará sem recompensa e por que tantos não fazem nem isso? Artigo relacionado: Escravos até da comida fonte: Jefferson Roger

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