Com certeza é o que posso dizer, foi um acordar diferente, ou então não foi bem um acordar porque não se chegou de fato a se dormir. Mas, tenho que repetir, foi diferente. Buscando os porquês, coisa que todo ser humano instintivamente faz, passei a refletir na realidade acontecida. Um pouco de atenção bastou para encontrar o fio da meada. E ele começa na aridez espiritual, que pode ser medida conforme o grau evolutivo de cada um. Vamos entender a questão. Se o cristão reza três vezes ao dia, pela manhã quando acorda, próximo da sua hora de almoço e no final do dia, quando se apronta para dormir, essa prática religiosa bem vivida e de forma constante o caracteriza com um grau de religiosidade e comprometimento com sua fé. Porém, assim como o corpo precisa do alimento adequado, o espírito também. Se não nos alimentarmos bem e adequadamente, iremos perecer na doença. Nossa alma está sujeita ao mesmo curso, também pode padecer em sua santidade se nossa fé não for alimentada. A pessoa do exemplo que demos se deixar de rezar três vezes ao dia e passar a rezar apenas uma por dia e depois apenas uma por semana, fatalmente alguma coisa aconteceu, está acontecendo e irá acontecer. Um desequilíbrio está se instalando em sua vida e com menos tempo dedicado as coisas do espírito significa mais tempo para se gastar com as coisas da carne, os prazeres e o mundo. Todos, penso eu, passam pelos altos e baixos da vida e isso não exclui a religiosidade de cada um. Recentemente fui convidado a ministrar uma formação dividida em quatro encontros para os membros de uma comunidade paroquial aqui na cidade de Curitiba onde resido. Jovens das capelas e da matriz se reuniram para o evento que já conta com três etapas concluídas. O cenário encontrado não foi dos melhores, famílias desapegadas de Deus e uma tendência a transformar o sacramento que se aproximava, motivo destes encontros tidos como preparação próxima, num acontecimento social, um cumprir de agenda e costume. Instalou-se em alguns uma repulsa natural ao estilo do diabo que foge da cruz e como dizem os santos, o ódio ao pecado é a primeira reação do pecador frente a verdade. Não importava, vida que seguia e missão a ser cumprida; por conta deste evento que se transformou num embate lá fui eu me preparar com mais afinco ainda para conduzir a empreitada. Intensifiquei ainda mais as orações, leituras bíblicas, os jejuns, as adorações, as confissões, missas e os rosários. Pessoal! – Todo bom católico já sabe onde isso foi parar. Acordei um belo dia e esse dia parecia diferente, pude sentir em mim, algo interior, um afastamento das coisas do mundo, uma indiferença com os prazeres terrenos, uma compulsão ainda maior para a oração. Uma vontade multiplicada muitas vezes pelas coisas do alto, as coisas de Deus. É a sensação de Jesus fazendo morada no coração com o Pai e o Espírito Santo. Chego a pensar se é o salto de grau na santidade que Jesus prometeu a Santa Maria Margarida Alacoque e que Nossa Senhora disse que se recebe para os que rezam seu Santo Rosário meditando e com uma devoção que brota do coração. Algo me diz que sim, pena não ter acontecido antes, mas, como disse São João Maria Vianney para a viúva inconsolável: “existiu tempo entre a ponte e o riu”, referindo-se ao falecido que havia se suicidado. Sejamos assim, confortados e confiantes como essa viúva que ouviu de Jesus, na pessoa do santo, a certeza do Pai de que se o procurarmos, vamos encontrar. fonte: Jefferson Roger
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