sexta-feira, 8 de junho de 2018

A catequese é uma CHAtequese

O servo não é maior que seu senhor, nos alertava Jesus. Parto desse ensinamento do salvador para iniciar este artigo que pretende refletir um pouco sobre a realidade que a igreja de Cristo (Mateus 16,18) enfrenta a muito tempo no que diz respeito a transmissão da doutrina católica. Atualmente é para poucos uma alegria participar dos encontros de catequese e uma ansiedade em aguardar a chegada do final de semana para poder encontrar colegas da comunidade para compartilharem experiências e aprenderem um pouco mais sobre a religião que professam e vivem.

Opa! Começaram os problemas. Ecoar a palavra de Deus (significado da catequese) deve ser uma atitude primeira dos pais, eles até se comprometeram a isso perante o altar, durante o sacramento do matrimônio, na presença de Deus. Será que esqueceram tão rápido? Parece que sim, porque a transmissão dos valores religiosos imaculados tem sido terceirizada por eles (os pais) aos cuidados da igreja. Esta é uma atitude exatamente igual a de Pilatos, um lavar as mãos. A igreja, representada pelos catequistas dentro da pastoral, entram num cabo de guerra com grande desvantagem. O que era para ser uma extensão do ensinamento dos pais, acaba sendo apenas o que eles irão receber em termos de doutrina cristã.

A semana com suas cento e sessenta e oito horas reserva para a catequese apenas, atualmente, uma hora e meia. As outras cento e sessenta e seis horas e meia, que deveriam ser aproveitadas pelos pais, ficam jogadas ao vento que a correria do mundo impulsiona com suas cobranças e seus muitos afazeres. Graças a Deus isso não acontece por inteiro no meio do seu povo. Existem pais comprometidos com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que seguem e praticam a religião que professam e se engajam nas práticas da fé envolvendo a prole no mesmo caminho. Nota-se facilmente durante os encontros quais são as crianças e jovens que possuem de berço uma aproximação com as coisas de Deus. Aos que não são assim o que fazer? “Pau que nasce torto morre torto”, diz o ditado. “É de pequenino que se torce o pepino”, diz outro dito popular. Parece a mim, que sou catequista há muitos anos que a frente de batalha exige não só um ataque pelos flancos e trincheiras, mas também investidas diretas. Explico:

Nos tempos do início da vida da igreja, tempos apologéticos, vindo em seguida a patrística e a escolástica, o que se viam nas missões dos pregadores e também na vida dos grandes santos, como Santo Afonso, São Domingos de Gusmão, São João Maria Vianney, Padre Pio e tantos outros e outras, que a conversão acontecia pelo modo incisivo e direto da pregação da palavra de Deus e o testemunho que acontecia com a própria vida. Por que será se faziam filas durante as madrugadas para se conseguir os melhores lugares na missa desses grandes homens de Deus? Ou filas nos confessionários? Pois é, nem preciso detalhar, isso tudo que começou após a ascensão de Jesus, pode ser encontrado nas sagradas escrituras (Atos dos Apóstolos) e posteriormente no magistério, doutrina da igreja e biografia dos santos. Bastam simples consultas.

Ora, partindo desse princípio, vemos que os primeiros cristãos são muito diferentes dos atuais. O mesmo vale para o clero. Claro que ainda existem os autênticos seguidores do Evangelho, dispostos a tudo por amor a Jesus, mas é fácil de se perceber que a dose de perseverança para estes é cada vez mais exigida num mundo onde o conforto, prazeres e comodidades da vida moderna enfraquecem mentes e corações. Então, sem brilho nos olhos por não dar o que não se tem e não amar o que não se conhece a catequese vai se tornando chata: chatequese, tudo por falta de conversão e retorno às raízes que Deus quis, planejou, criou e nos propõe a cada dia.


fonte: Jefferson Roger

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