quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Se Deus quiser

Pois muito bem, essa expressão, caro leitor, com certeza você já ouviu ou quem sabe até mesmo já a disse. Em alguns contextos ela é muito bem usada. Por exemplo, quando temos algum projeto ou planejamento que pretendemos pôr em prática e não queremos fazê-lo sem a anuência de Deus, tratamos logo de deixar isso bem claro para ele proferindo as palavras “se Deus quiser”.

Porém, se fizermos, ainda que por cima, uma pequena contabilidade em nossa vida a respeito do que pedimos a Deus e não nos foi concedido o que fazer com todos os resultados de termos dito essa frase e termos constatado em primeira mão que ele não quis? Será que é isso mesmo? Será que pedimos e não fomos atendidos porque ele não quis? Nos parece que sim, a bíblia nos ensina nas cartas apostólicas que o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inefáveis porque nem sabemos o que pedir e pedir como convém. Somos maus “pedidores” e o que é pior: maus “agradecedores”, em expressões que cunhei inspirado no desenho animado por computador francês de nome A Bailarina, onde a personagem Felice fala para o Victor que ele é um péssimo “fugidor”.

Jesus mesmo, no episódio dos dez leprosos e tantos outros dos evangelhos, nos demonstra que somos mal-agradecidos. Por outro lado, existe a tentação de querer colocar toda culpa nele porque não aconteceu o que queríamos. Assim agem os ateus que, por não aceitarem que Deus é quem “manda no pedaço”, preferem defender a tese de que ele não existe, pois se existisse não permitiria as atrocidades que estão pelo mundo afora. Quanta desinformação ou rebeldia porque constatam que muito do que querem viver Deus não quer, porque é errado e prejudica a alma que, diga-se de passagem, é apenas uma que temos com uma chance para salva-la. Ou então o culpam dizendo que se Deus quisesse me concederia isso, que Deus é esse que não provê meu bem-estar e minha felicidade?

De novo, vou ter que dizer, isso soa meio como uma burrice. A regra não é nossa, Deus nos concede o que precisamos, não o que queremos; o que queremos ele nos concede apenas quando houver sintonia com sua vontade. Colocadas as coisas dessa forma precisamos ficar muito atentos quando usamos a expressão do título do artigo. Deus quer pouca coisa de nós. Esse é o problema porque nós queremos muito mais dele e muito mais para nós. Qualquer que tentou ou tentar caminhar por esta via vai se debater com o muro da verdade que demonstra em letras garrafais que as coisas não são assim. “Se Deus quiser vou me converter”, mas o sujeito faz a sua parte? A conversão não cai do céu, ela é proposta e oferecido meios para tal, mas a cruz está nas costas de cada um. “Se Deus quiser eu vou para o céu”; ele quer isso, está até registrado nas escrituras na passagem que diz que “Deus quer que todos que me confiou sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” – palavras de Jesus. Porque nem todos se salvam? Simples, não fazem a sua parte (as boas obras – Apocalipse 22,12). Como vemos, só palavras sem atitudes tornam nossa vida incompleta.


fonte: Jefferson Roger

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