segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Santinhos ou Certinhos?

Está se achando o santinho! Não adianta, ele é todo certinho! Estas entre outras frases perambulam por aí, vagando de discussões em discussões. Algumas vezes utilizadas para tentar expressar uma espécie de elogio; outras vezes utilizadas para caracterizar um pensamento ofensivo. Seja como for, qual seria o pano de fundo que leva alguém a utilizar tais expressões?

Já diziam os sacerdotes que a soberba promove a sensação na pessoa de achar que ela já é santa. Popularmente é o santinho ou santinha, uma tentativa de separar aqueles que foram colocados sob a honra dos altares: os santos portentosos. Ninguém vai chamar Santa Paulina ou Santa Gema de santinhas, tampouco chamar São João Maria Vianney ou São Pio de Pietrelcina de santinhos. Existe uma diferença enorme e abismal entre nós e eles. Todos chamados à santidade, porém, eles viveram a radicalidade do evangelho. Nós, não.

No entanto, alegra-nos saber que o caminho pelo qual eles passaram é o mesmo que devemos trilhar. Não existiu um facilitador para eles que contribuísse para a formação da santidade. A justiça divina se encarregou e se encarrega disso. E então, por que usar os diminutivos?

Tirando o aspecto das ofensas poderíamos correr o risco de interpretar como algo bom. Mas não conseguimos dizer de alguém, com bons olhos, que ele é um santinho, nos parece que isso não soa bem. Dizer que alguém procura fazer tudo certinho ou que procura agir certinho na vida não causa estranheza ao ouvido e ao pensamento. Parece não causar estranheza porque fazer ou agir “certinho” significa fazer ou agir como deve ser, como manda o figurino, numa expressão que também se ouve por aí.

Como estamos percebendo, quando agimos corretamente (certinho) caminhamos no rumo da santidade (para sermos santos); nossas fraquezas e quedas insistem em nos manter apegados ainda em alguma coisa ou alguém (não conseguindo deixarmos de ser santinhos). Como disse Jesus, entre nós não deve ser assim. Não devemos pensar pequeno e nos contentarmos em entrar no céu “raspando”, escapando da condenação por pouco.

Sobre Santa Tereza d’Ávila, abadessa de um mosteiro, autora do livro (que recomendo) Castelo Interior - As Sete Moradas, conta-se que após sua morte, quando uma das freiras do convento em que viveu estava recolhida em oração, eis que surge para ela, por permissão divina, a visão de sua superiora, que veio para recomendar mais uma vez que suas dirigidas em vida, se esforçassem mais para alcançar a glória dos céus, e ainda completou dizendo: que se lhe fosse possível retornar para a terra ela procuraria passar por quantos sofrimentos mais fosse possível para alcançar no céu um maior grau de glória. Recado dado, é hora de deixarmos a política de salário mínimo de lado, para trás, e começarmos, se ainda não começamos, a vivermos nos moldes do Cristo, da Virgem Maria e dos santos.


fonte: Jefferson Roger

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