quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A fé em frangalhos

Fé, lemos nas sagradas escrituras na carta aos Hebreus, é a certeza a respeito daquilo que não se vê. Sobre fé muito pode ser debatido. A pobre da coitada da fé, muitas vezes é relativizada. Tantas outras é monopolizada. Vezes ainda é misturada com outros conceitos e deixa de ser fé porque não é mais autêntica. Todavia, uma coisa muito grave que acontece com ela é quando se torna porcentual.

Passamos a ter uma fé que não é mais 100%. A fé fica oscilando, como se estivesse numa balança. Pende para próximo de zero, alterna para próximo do máximo, muitas vezes fica no meio do caminho. Porém, em alguns casos, existe ainda outra gravidade; ela nunca chega à totalidade porque as pessoas não querendo desapegarem-se de seus pecados de estimação não se entregam totalmente a Deus e vivem uma fé de conveniência.

O que é bom para mim e não exige sacrifício eu acredito e quero; o que é bom (embora não pareça bom) e exige de mim uma entrega e compromisso eu deixo de lado e passo a não crer, ou pior, me esforço para não acreditar naquilo, porque fico dando uma de São Tomé. Se faço algo e não vejo resultado imediato confirmado pelos sentidos, deixo de acreditar. Pobre da fé, fica jogada como uma toalha molhada na cama, como um sapato no meio do caminho.

Como Deus quer filhos e não escravos e também não tem intenção de mimar ninguém, a dureza de seu amor, muitas vezes incompreendida, insiste em promover o acolá no agora. Algo muito difícil de praticar, porém, pensando de forma sensata, o que se tem a perder vivendo a fé em plenitude? E o que se tem a perder deixando-a de lado? É uma balança bem perigosa para colocarmos nossas fichas apostando aqui ou ali.

Não é à toa que pediram a Jesus para que a fé fosse aumentada. Do contrário se assim não for, se a fé não estiver erguida sobre a rocha, qualquer esbarrãozinho da vida já a faz balançar como vara verde em meio ao vendaval. Ela precisa ser cuidadosamente cuidada em detalhes, alimentada diariamente, como, fazendo uma analogia, o cuidado que temos com uma violeta. Se não for bem cuidada ela perde sua primeira leva de folhas e não floresce mais, mesmo que não morra logo, segue com sua beleza em frangalhos, com pouca viscosidade.

Que não deixemos isso acontecer. Do corpo bem cuidamos, dando o alimento, a noite de sonos e os hábitos saudáveis. Da alma não deve ser diferente, tão pouco do coração e mente. Não somos só corpo, somos corpo e alma. Sem o exercício constante da fé a mesma vai atrofiar, definhar, esmorecer e por fim secar, desaparecer. Que pesar e que lástima é a vida de alguém que se deixou chegar a esse ponto.


fonte: Jefferson Roger

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