terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Parecem desculpas

Você quando começa a viver a idade da razão, começa a aprender sobre as coisas de Deus. Vai aprendendo que Deus fez o mundo e tudo que nele existe. Vai aprendendo sobre as belezas da criação. No início esse aprendizado visa te afastar da sua realidade; de que você vai viver uma vida com sofrimentos. Quanto mais o tempo vai passando, mais você vai percebendo a distância entre o Deus de amor que é ensinado e o Deus que se pode aferir na atualidade.

Uma das primeiras coisas que é ensinado é de que a pessoa precisa ter fé. Ela aprende que fé é a certeza a respeito daquilo que não se vê. Dessa forma, logo se percebe que Deus simplifica sua relação com sua criatura ao extremo. Ensina-se que tudo é como Deus quer ou acontece por sua permissão. Ensina-se também que o que conta é o tempo de Deus e não o da pessoa. Ensina-se que se deve agradecer por tudo, infinitamente, e isso é inclusive atestado em várias passagens bíblicas “dar glória a Deus eternamente”, inclusive depois da morte. Se você pede uma coisa a Deus e não lhe é dado, existe sempre uma explicação religiosa do porquê. A culpa é sempre de quem pede não ter recebido e nunca de Deus. Se diz que pedimos o que não precisamos para nossa salvação, por isso não ganhamos. No entanto, se a pessoa pedir algo não material, relacionado ao bem comum, comunitário, embasado nos modelos bíblicos, irá perceber muito rapidamente que também não irá receber. O novo esforço da religião para explicar isso é que algumas coisas são para os eleitos, não estamos dignos a receber, não fizemos a nossa parte, ainda não estamos prontos e por aí vai. A religião facilmente possui respostas para endossar as atitudes divinas.

E mais, ainda batem na cara dos necessitados quando dizem (o pessoal lá de cima em aparições aos eleitos) que se soubéssemos o quanto nos amam, choraríamos de alegria. Ora, é como se estivessem a dizer que vejam bem, se quiséssemos demonstraríamos nosso amor, mas não queremos, vocês devem acreditar sem ver (pela fé). Na verdade, o choque é bem maior, aos poucos as pessoas vão descobrindo que tudo que é prometido é para o futuro, isso em termos de alegrias e recompensas.

O que se vê no mundo é a imensidão das injustiças e a conversa divina é sempre a mesma: a recompensa e salvação aguardam os perseverantes. Deus não se importa em nos provar que existe e que no céu nos aguardam coisas maravilhosas que nem se quer conseguimos conceber. Ao contrário, como é Deus e não precisa de nós para nada, ensina que quem se esforçar e “comer o pão que o diabo amassou” e ainda assim não ir contra os desígnios divinos, no fim da vida poderá entrar no céu.

Todavia, toda essa reflexão, por mais esforço racional que possa ter, é facilmente invalidada pela fé. As pessoas querem ver para crer e não o contrário. O contrário demonstra a fé. Quem tem fé, age conforme o necessário com a esperança apontada para a eternidade, vivendo uma vida de completa doação e caridade para com o próximo em resposta ao dom da vida concedido por Deus, que é eterna e depende de nossas obras para receber a sentença do justo juiz.


fonte: Jefferson Roger

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