terça-feira, 29 de janeiro de 2019

O santo, o mundano e o pecador

A diferença entre ser salvo e ser santo é muito bem explicada por Jesus quando se faz entender através do episódio do jovem rico. O jovem queria saber o que fazer para alcançar o reino dos céus e Jesus lhe disse que deveria seguir os mandamentos. Porém, quando o jovem disse que já fazia tudo isso e ainda queria mais, então Jesus lhe explicou que deveria vender seus bens, dar aos pobres e o acompanhar. Ou seja, deveria se desapegar da materialidade e suas raízes mundanas. Resumindo até aqui, o Cristo disse que se queremos ser salvos devemos seguir os mandamentos, mas se queremos ser santos temos que ir além.

Eis aí a diferença entre quem é salvo e quem é santo. O pecador vai fazendo o seu esforço entre quedas e levantes e na obrigação dos mandamentos sai do estado de abaixo de zero (pecador em estado de pecado mortal) para o estado de salvo, com seus pecados perdoados e suas penitências cumpridas. Nesse ponto, o penitente está no “zero”, nem tem o que pensar de si, pois sequer deu um passo na direção da santidade.

Todavia, nesse ponto é a hora de seguir em frente, sair do zero, ir além da obrigação. Daqui para frente Deus espera o nosso amor, a nossa imitação ao Cristo. Quanto mais se ama, mais santo se fica, mas um amor a Deus e por causa de Deus. No entanto, existe aqui o grande perigo da peregrinação; não ocorre a transformação do pecador em santo, como o milagre da água transformada em vinho, existe aqui a batalha contra os espíritos malignos dispersos pelos ares.

Dentro dessa batalha encontra-se o mundano. O que é o mundano? Vamos exemplificar com o ensinamento de Santa Teresa. Ela diz em seu livro das moradas que quando entramos pela graça de Deus na primeira das sete moradas, rumo ao centro onde se encontra a felicidade que é Deus, nesta primeira morada o que nos impede de irmos adentro, para as próximas moradas é a nossa fraqueza e ausência de propósito que nos move a abrirmos as janelas da primeira morada e olharmos para fora do castelo. Estando na graça não nos voltamos para o centro do castelo e direcionamos nosso olhar para fora, através das janelas que nos mostram o mundano, as tentações. A pessoa vê toda a “beleza e as delícias” do mundo e se lamenta, “eu estou aqui sendo proibido de fazer tudo aquilo porque sou católico e estou aqui na graça de Deus”. Não entende sua condição e coloca Deus na posição de desmancha prazer.

Para encerrar vamos dar um exemplo. Digamos que você recebe o seguinte mandamento, caro leitor: “você está proibido de matar a sua mãe”. O que você pensa a respeito disso? Com certeza deve achar muito fácil não estar sujeito a esta lei porque, como você ama sua mãe, esse amor te deixa livre do mandamento e acima da lei. O amor liberta a pessoa e é por isso que enquanto se dá “ouvidos” à concupiscência da carne não se consegue amar e imitar Jesus.


Fonte: Jefferson Roger
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Você se recorda do dia em que se casou?

Caros leitores, por que não recordarmos o que é assumido em forma de compromisso na presença de tantas testemunhas e principalmente na presença de Deus? O que se vê por aí é que tão logo termina a cerimônia que celebra o sacramento do matrimônio, transformada em evento social, o que ali ficou sacramentado rapidamente cede lugar aos mandatos do mundo, a começar pela festa de casamento. Recordemos então algumas passagens do rito do matrimônio para que seja possível uma breve reflexão a respeito daquilo que se diz e aquilo que se faz. Pedimos tantas coisas para Deus, mas não abrimos nossos corações para aquilo que pedimos e tampouco fazemos aquilo que nos comprometemos. Depois, ainda por cima, culpamos os outros.

Rito do Matrimônio

Padre: Noivos Caríssimos, viestes à casa da Igreja, para que o vosso propósito de contrair Matrimônio seja firmado com o sagrado selo de Deus, perante o ministro da Igreja e na presença da comunidade cristã. Cristo vai abençoar o vosso amor conjugal. Ele, que já vos consagrou pelo santo Batismo, vai agora dotar-vos e fortalecer-vos com a graça especial de um Sacramento para poderdes assumir o dever de mútua e perpétua fidelidade e as demais obrigações do Matrimônio. Diante da Igreja, vou, pois, interrogar-vos sobre as vossas disposições.

Diálogo antes do consentimento

Padre: (…) e (…), viestes aqui para celebrar o vosso Matrimônio. É de vossa vontade e de todo o coração que pretendeis fazê-lo?

/ Noivos: É, sim.

Padre: Vós que seguis o caminho do Matrimônio, estais decididos a amar-vos e a respeitar-vos, ao longo de toda a vossa vida?

Noivos: Estou, sim.

Padre: Estais dispostos a receber amorosamente os filhos como dom de Deus e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja?

Noivos: Estou, sim.

Consentimento Matrimonial

Padre: Uma vez que é vosso propósito contrair o santo Matrimônio, uni as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da sua Igreja.

Noivo: Eu, (…), recebo-te por minha esposa a ti (…), e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da minha vida.

Noiva: Eu, (…), recebo-te por meu esposo a ti (…), e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da minha vida.

Padre: Confirme o Senhor, benignamente, o consentimento que manifestastes perante a sua Igreja, e Se digne enriquecer-vos com a sua bênção. Não separe o homem o que Deus uniu. Bendigamos ao Senhor.

Todos: Graças a Deus

Benção das Alianças

Padre: Abençoai e santificai, Senhor, o amor dos vossos servos (…) e (…), para que, entregando um ao outro estas alianças em sinal de fidelidade, recordem o seu compromisso de amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Todos: Amém

Noivo: (…) recebe esta aliança como sinal do meu amor e da minha fidelidade. Em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo.

Noiva: (…) recebe esta aliança como sinal do meu amor e da minha fidelidade. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Benção Nupcial

Padre: Invoquemos irmãos, para estes esposos, a bênção de Deus, para que Ele acompanhe com a sua proteção aqueles que uniu pelo sacramento do Matrimônio. Pai santo, criador do Universo, que formastes o homem e a mulher à Vossa imagem e quisestes abençoar a família por eles formada, humildemente Vos suplicamos por estes Vossos servos que hoje se unem pelo Sacramento do Matrimônio. Desça, Senhor, sobre esta esposa (…) e seu marido (…) a abundância das vossas bênçãos, e a virtude do Espírito Santo inflame os seus corações, para que, no dom recíproco do seu amor, alegrem com seus filhos a família e a Igreja. Eles Vos louvem, Senhor, na alegria e Vos procurem na tristeza; no trabalho sintam a Vossa ajuda e nas dificuldades a Vossa consolação; rezem na Assembleia Cristã e sejam vossas testemunhas no mundo; e depois de uma vida longa e feliz, alcancem, com todos estes seus amigos, a felicidade do Reino dos Céus. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Todos. Amém.

Fonte: ritos da igreja católica
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

O pecado esquecido

Caros leitores, sobretudo os católicos; dentre as bombas atômicas que nosso senhor Jesus Cristo deixou como remédio em sua igreja (Mateus 16,18), uma das mais potentes (não a mais potente, já vamos compreender adiante), chama-se “sacramento da confissão”. Já dizia o sacerdote Duarte Sousa Lara, um dos grandes segredos para sermos santos, que é sinônimo de sermos felizes, é o sacramento da confissão.

Como já estão a perceber, metaforicamente falando, as sete bombas atômicas fazem referência aos sete sacramentos. Remédios diferentes para necessidades específicas que, num todo servem para uma necessidade única: a salvação de nossas almas em sua resistência no combate contra o mal. Na bíblia está escrito “confessem seus pecados” e diz, através da boca de Jesus “a quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados, a quem o retiverdes, eles lhes serão retidos”. Também fala que se não perdoarmos os pecados (ofensas) cometidos contra nós, tampouco Deus perdoará nossos pecados. Como vemos, através da sucessão apostólica, Jesus concedeu o poder de perdoar os pecados aos sacerdotes. Eis aí a confissão auricular e particular.

Pois bem, não é novidade alguma ao católico que esse perdão está vinculado ao arrependimento sincero com firme propósito de emenda de vista e conversão. Mesmo assim, é preciso salientar que a origem de todo o mal, de todo o erro e pecado, é o egoísmo, a soberba. Por não amarmos mais a Deus sobre todas as coisas, com todo nosso coração, alma e entendimento, trocamos, por conta de nossas vontades egoístas e soberba, o primeiro lugar que Deus ocupa em nossas vidas (cuja atitude é nosso dever e salvação) e o substituímos por outras coisas e nessas coisas estão, desgraçadamente incluídos, os pecados.

O sujeito comete um pecado, enraizado como já se disse na desobediência ao primeiro mandamento. Um exame de consciência mal feito não conduz o penitente até a raiz do erro e ao se confessar o mesmo não atinge a profundidade do mal que causamos à alma. Uma queda assim, não avaliada corretamente, deixa um estopim para ser facilmente aceso e promover as recaídas. Vale lembrar que o Cristo disse que uma recaída coloca a pessoa num estado sete vezes pior. Portanto é muito importante nos conscientizarmos muito a respeito disso porque é por causa de não amarmos a Deus e o colocarmos em primeiro lugar em nossas vidas que fazemos o mal que não aprovamos, como diz São Paulo em suas cartas. Por isso a necessidade da constante comunhão com Deus, se sempre lembrarmos do motivo que Jesus morreu não seremos mais capazes de colocarmos alguma coisa ou alguém em primeiro lugar, desobedecendo um dos maiores mandamentos que Jesus nos apontou, sobre os quais toda a lei e os profetas se assentam.


Fonte: Jefferson Roger
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domingo, 20 de janeiro de 2019

Tenha foco, muito foco

Prestar a atenção em alguma coisa, concentrando todo nosso poder mental nada mais é do que direcionar nossos sentidos e capacidade de absorver tudo que nos cerca, seja de forma abstrata ou concreta. Mentalizar, se concentrar, focalizar em algo ou alguma coisa é essencial se queremos lograr êxito em alguma empreitada, seja de qual natureza for. Todavia, isso não exime um combatente nem o isenta de caminhar pelo lamaçal das dificuldades que nossa vida terrena sempre nos proporciona.

Sendo assim, fica fácil percebermos que se o empenho não é esmerado, o desleixo pode contribuir para a derrocada de um intento. Se isso acontecer, nossa parte, mal desempenhada irá causar a culpa própria pelos não acertos. Não é hora de apontarmos culpados e nem colocarmos nossa culpa em alguém. Do contrário, sempre bem-vindo é, quando alguém nos pega pela mão e nos auxilia na retomada dos caminhos corretos. Não é assim que fazem, por exemplo, os pais?

Certa vez estava eu em casa, com toda a família, esposa e filhas, no gramado da frente com a filha mais nova, fim de tarde. Ela brincava pelo quintal e eu estava cuidando e próximo ao portão do carro. De repente, aproxima-se da frente de casa uma mulher que fazia seu exercício de corrida a pé, era minha mãe (mulher do meio na foto, e estava com a mesma roupa da foto). Parecia estar de passagem, mas parecia também que tinha vindo até mim com um propósito. Assim que percebi sua chegada, saí de casa, fui ao seu encontro e nos abraçamos. Recordo-me de abraça-la bem forte indagando em meu interior, se isso não seria um sonho, pois tinha consciência de que estava morta.

Senti o caloroso abraço e após, ficamos de mãos dadas; nesse instante minha mãe me dirigiu as seguintes palavras: “tenha foco, muito foco”.

O tom de suas palavras me recordou de imediato o tom de voz que Nossa Senhora sempre dirige em suas mensagens ao redor do mundo. Sempre é um tom de advertência de uma mãe que ama e se preocupa com seus filhos. Após ouvi-la, assenti que sim com a cabeça, nos despedimos, outro corredor já a esperava na rua e eles foram embora correndo, desaparecendo de minha vista. Entrei para dentro de casa e em seguida, acordei. Era um sonho.

Um sonho muito nítido e muito bem acolhido porque, afinal de contas, em nossa caminhada cristã e católica, o horizonte, a razão da nossa esperança (1ª Pedro 3,15) não pode ser perdida de vista porque sem porquês, como suportar o como? A vida deve ser bem vivida, mas isso não significa vive-la de qualquer forma, é preciso vive-la como um fruto que sempre cai perto da árvore, e essa árvore, como aprendemos nos evangelhos, é Jesus. O foco tem que estar nele.


Fonte: Jefferson Roger
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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

A rotina da oração

Muitas pessoas ditas de fé colocam em sua rotina diária suas práticas religiosas. Separam durante seu dia um horário para as meditações, para as orações, para o rosário, para as reflexões, leituras católicas e sagradas. Ao longo de suas vinte e quatro horas vão vivendo e colocando Deus e tudo que procede dele entrelaçado no decorrer das horas que passam.

Se a rotina é adaptada numa vida atribulada e tem sucesso, ótimo. Todavia, o que acontece se, por exemplo, o sujeito tira férias do trabalho? Digamos que durante o dia cerca de três horas são destinadas ao convívio mais direto com Deus, isso dentro de uma agenda bem atribulada. Ora, pode-se facilmente cair na tentação de se pensar que se a pessoa tira férias de seu trabalho terá mais tempo disponível para sua comunhão com Deus.

Não é assim que sempre acontece. A rotina fortemente alterada em virtude de férias, passeios e viagens prolongadas facilmente rouba a cena daquela oração, daquele rosário, daquela participação na santa missa ou daquela leitura bíblica diária ou confissão mensal.

Quando isso acontece percebe-se que a religião praticada, de fato, é colocada, pelo menos nesses períodos, em igual patamar aos eventos sociais. Tira-se férias da religião, férias de Deus, parece que ao sair da paróquia em que mora e da vida em comunidade a pessoa não se vê obrigada mais aos sacramentos e aos mandamentos. Não estamos aqui generalizando, porque em detalhes e de cada pessoa, quem sabe e vê corações é Deus. Mesmo assim, o dito acontece, todos sabemos, ou até (que Deus nos livre disso) praticamos essa conduta de ir à contramão do caminho da porta estreita.

Agravado está a situação quando o costume de pecar caminha de mãos dadas. Pecar perde valor, ganha relatividade e com isso se acha que tudo bem, peco aqui, ali e acolá e depois me confesso. Triste engano, não é remédio para se tomar depois de uma farra gastronômica para aliviar o mal-estar. Quem peca com intenção de se confessar não espere de Deus o perdão e nem a misericórdia. Isto é verdade bíblica retomada por Deus em colóquio com Santa Catarina de Sena.

Da mesma forma não devemos agir com sazonalidade em relação à nossa comunhão com Deus. Dele, sempre queremos o pronto atendimento e por que então, nos achamos no direito de não agirmos como o Cristo (Efésios 5,1 – 1ª Coríntios 11,1)? Queremos ser filhos de Deus e, portanto, herdeiros do reino, mas queremos nos comportar como o irmão do filho pródigo que exigia do pai todos os direitos e ainda pior, nem sempre agindo nós, como devemos. Que não seja assim, que as práticas religiosas sigam muito além de uma simples rotina, como escovar os dentes ou tomar banho, que elas sejam algo indispensável como a boa noite de sono, que quando deficiente ou prejudicada nos compromete a saúde do corpo e da mente.


Fonte: Jefferson Roger
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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Está resolvendo seguir Jesus?

Lucas 9,23 – (disse Jesus) “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz dia após dia e me siga.” Caros leitores, essa afirmação de Jesus nos traz muitos ensinamentos em relação ao que consiste levar uma vida segundo os desígnios de Deus. Jesus vai logo mandando seu recado de forma bem direta, sem enrolação. Quer segui-lo? Tem que ser todos os dias. A afirmação que ele nos faz está diretamente relacionada com a oração ensinada por ele do “Pai Nosso”.

Por quê? Porque segui-lo significa abrir mão da própria vontade em prol da vontade de Deus! Se não fizermos assim não iremos conseguir caminhar com o Cristo, estaremos inclinados a seguir o salvador apenas quando for conveniente, mais fácil ou houver interesse egoísta. Os desejos pessoais, se não forem egoístas não contribuirão negativamente para a peregrinação, pois serão colocados em segundo plano.

Se o comportamento cristão for esse, sabe-se que este afastamento das verdades reveladas não apontam para o horizonte proposto no evangelho. Isso porque não existe fidelidade da nossa parte para com Deus. A população em geral entende que Deus é fiel, mas alguns não compreendem a fundo que Deus é fiel ao que ele propôs em seu projeto e não para o que nós propomos para ele, sobretudo se nossa proposta não tem nada que coadune com o que Deus quer de nós e para nós.

Neste ponto sentimos na pele se está adiantando seguir Jesus ou não. Como somos filhos de Deus e não escravos, tampouco mimados por ele, o resultado daquilo que vivemos aparece no dia a dia. O ser humano parece ter uma natureza questionadora, sempre inquieto, busca incessantemente os porquês para tudo. Isso tem o lado bom, todavia resvala no perigo do escrúpulo e da indiferença e falta de seriedade em encarar a vida. O diabo quer exatamente isso, que não levemos a vida com seriedade. O mal, já nos ensinam os sacerdotes exorcistas, não existe para ser questionado e sim combatido. Por isso muitos não percebem no aqui e agora a importância de seguir Jesus, ficam agindo como o apóstolo Tomé e querem todos os resultados já. Como alguns frutos nos esperam na eternidade, para aqueles que o seguem, essa falta de percepção faz tudo parecer em vão. Ainda mais quando as dificuldades das mais variadas espécies acometem nossas vidas. Muitos se perguntam numa hora dessas: de que está adiantando seguir Jesus?

É na dor e no sofrimento que a oração tem mais valor. É em pé perante a cruz, quando abrimos mão do que queremos, nos rendendo ao que Deus quer para nós, que encontramos o sentido para tudo. Quanto mais nos debatemos, como peixe fora d’água, mais sofremos por não amarmos a Deus acima de todas as coisas, com todo nosso coração, alma e entendimento. Se ainda estamos nesse ponto, transformamos o ato de segui-lo num verdadeiro fardo para nossas vidas.


Fonte - Jefferson Roger
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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Mariologia ou Mariomania?

A mariologia deste artigo será a de sempre, a mariologia católica que os santos cultivaram ao longo dos séculos e o Concílio Vaticano II ratificou na constituição Lumen Gentium.

Antes do Concílio, havia um debate teológico entre dois grupos. Um deles entendia a Virgem Maria como membro da Igreja. Apesar de correta, essa abordagem pode, entretanto, resumir a participação de Nossa Senhora no mistério salvífico à mera função de intercessora, como é o caso dos demais santos. A diferença entre estes e aquela seria apenas quantitativa, tendo Maria uma intercessão mais elevada que a dos outros. Mas a posição de Nossa Senhora na economia da salvação, como entendia o outro grupo, não é somente eclesiológica, mas também cristológica, uma vez que Ela, estando unida ao mistério da Encarnação, participou diretamente na redenção da humanidade.

Notem que o primeiro dogma mariano proclamado pela Igreja foi um dogma profundamente cristológico: o dogma da maternidade divina. E ainda que acusem a Igreja dessa época de estar contaminada pelo “romanismo” de Constantino, a verdade é que, desde o tempo apostólico, os cristãos já veneravam a Mãe de Deus pela sua especial proteção, algo que se verifica na mais antiga oração mariana: Sub tuum praesidium. Autores antiquíssimos, como é o caso de Santo Ireneu de Lion e Santo Inácio de Antioquia, já chamavam Maria de “nova Eva”, relacionando-a à restauração do gênero humano, conforme a promessa do Gênesis.

Para equilibrar as duas visões, Paulo VI proclamou o título de Maria, Mãe da Igreja, ainda durante as aulas conciliares. Desse modo, o Santo Padre confirmou tanto a posição de Maria como membro da Igreja quanto a sua singularidade entre os demais santos. Maria não é um membro qualquer, mas a Mãe desse corpo, cuja cabeça é Cristo.

No capítulo VIII da Lumen Gentium (n. 56), os padres conciliares atestam que “Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens. Como diz S. Ireneu, “obedecendo, ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o gênero humano”.

A devoção mariana, portanto, não pode ser uma coisa facultativa aos católicos, como o são as devoções a Santa Teresinha ou a São Pio de Pietrelcina, os quais, embora tenham vivido uma conduta exemplar, não foram eles mesmos “causa de salvação” para a humanidade. A Tradição afirma claramente a participação direta de Maria no mistério da redenção, motivo pelo qual se espera da Igreja a proclamação dos dogmas da “corredenção” e da “mediação de todas as graças”. Por essa razão, a devoção mariana, longe de nos afastar de Jesus, só nos é necessária para encontrá-lo, amá-lo e fielmente servi-lo, como ensina São Luís de Montfort (conforme Tratado, II, n. 62). Essa é a verdadeira mariologia católica!


Fonte - adaptado de padrepauloricardo.org
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O povo de Deus, no deserto andava...

Este é um trecho de uma música bem antiga que se canta durante as missas. Digo bem antiga porque quando eu tinha sete anos já se cantava nas celebrações esse cântico. Hoje com meus quarenta e sete anos, ainda é possível ouvi-la nas santas missas. Já se vão pelos menos mais de quarenta anos de sua existência e sua letra continua atual e marcante, assim como a palavra de Deus.

“O povo de Deus, no deserto andava, mas a sua frente alguém caminhava, o povo de Deus era rico de nada, só tinha esperança e o pó da estrada...” As palavras desse cântico são repletas de uma belíssima catequese. Elas nos colocam exatamente em frente ao significado do que representa para cada um de nós, sermos filhos do altíssimo, no que consiste e no que implica.

Ser rico de nada é ter o desapego pelas coisas que passam; esperança devemos ter na eternidade e não no futuro. O diabo nos oferece a tentação do amanhã, nos incentivando a deixarmos tudo para depois, inclusive o que é importante para a alma, com exceção é claro, da satisfação dos próprios desejos desordenados em relação ao que Deus nos pede e espera de cada um.

“Também sou teu povo senhor e estou nessa estrada, somente a tua graça me basta e mais nada, também sou teu povo senhor e estou nessa estrada, tu és alimento, da longa jornada...”

Essas duas estrofes nos rementem novamente ao significado de ser povo de Deus, membro da sua igreja, trilhando o caminho deixado por Jesus e reconhecendo que precisamos apenas da sua graça e do seu corpo e sangue. Os santos já diziam que para aquele a quem somente a graça de Deus não basta é um egoísta.

Grande verdade, pois se queremos algo diferente do que Deus nos dá é porque o estamos tirando do primeiro lugar de nossas vidas e dando prioridade aos nossos desejos egoístas, ferindo o primeiro mandamento de sua lei, os mandamentos do amor, muitas passagens do evangelho e em consequência rompendo com ele, deixando com esse virar de costas, a vida da graça santificante, tão necessária para alcançarmos a estatura do Cristo e um dia a vida eterna na glória e felicidade.

Um Deus que nos acompanha na jornada da vida, único alimento, se quisermos um dia estar com ele, só espera de cada um que aguentemos as tribulações do vale de lágrimas. Logo terminará a jornada, não há como comparar os poucos anos de uma vida terrena com uma eternidade no paraíso. Assim que isso for plantado em nossos corações, todo o sentido do que é mundano e profano cai por terra porque deixamos de querer aproveitar a vida no meio da bagunça, farra e prazeres baixos para garimparmos as pérolas (boas obras) no meio do deserto que irão no dia do juízo depor em nosso favor.


Fonte: Jefferson Roger
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quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

O que escrever? O que pensar?

Essas são perguntas que normalmente fazemos quando estamos reclusos em nossos pensamentos, unidos ao coração e fazendo um autodiagnóstico a nosso respeito. O que pensar a respeito da vida que levo? Das atitudes que tenho? Das atitudes que deveria ter e não tenho? Diz o ditado popular que Deus escreve certo por linhas tortas; e eu, como estou escrevendo os capítulos da minha vida?

Deixar que a vida ande no automático é um perigo daqueles. De tempos em tempos a pessoa faz uma atualização dessa automação (oferecida pelo mundo) e segue feliz e contente rumo a que? Pensa que a regra do jogo está ao alcance de uma prateleira, do dinheiro, das drogas, do prazer desregrado e das futilidades que não preenchem o coração com aquela satisfação que se recebe quando mais damos do que recebemos para alguém – Atos 20,35.

A questão como se vê, é não dar ouvidos ao canto da sereia. É ser uma pessoa inquieta no sentido de não se satisfazer com uma vida como a vida dos derrotados. Os derrotados acham serem vencedores, porque seguem a correnteza da vida que o mundo oferece. Como aquilo que Deus pede a seus filhos é bem diferente daquilo que o mundo pede que façamos, a tentação do amanhã oferecida pelo diabo derruba a pessoa em sua fé e a faz olhar para si como um derrotado. E por que então se aceita essa condição de derrotado? Simples, ela está maquiada pelo inimigo em pratos saborosos, como diz na bíblia, doce na boca, mas amargo no estômago.

A pessoa se deixa vencer porque tenta agir sozinha (João 15,5), e dessa forma vai levando a vida achando que por não fazer explicitamente o que é mal, tem uma conduta correta. Como se engana, como nos enganamos quando achamos que estamos bem. Percebe-se pela história dos cristãos durante toda a vida da igreja fundada por Jesus (Mateus 16,18), que a vida daqueles que pela fé e paciência se tornaram herdeiros das promessas de Deus (Hebreus 6,12) era e ainda é uma vida bem tribulada.

E nossa vida, está colocada nas mãos de Deus? Assumimos nossa dependência completa por ele? Deixamos ele nos conduzir para que possa a nosso respeito nos ver como filhos adotivos do pai que o servem e o agradam? Ou da nossa vida fazemos uma oportunidade e resolvemos pagar o preço por vivê-la desprezando aquele que nos criou e que por míseros anos de uma vida terrestre, vivida num brio e vigor a todo custo pela sua palavra, nos oferece pautado em nossa fé, uma eternidade de alegrias que nem concebemos?

Início de ano, novos propósitos, velhos compromissos reassumidos, projetos em andamento, projetos retomados, oportunidades diárias que Deus nos concede para tomarmos vergonha na cara e fazermos o que devemos e precisamos. São sempre escolhas, o mal das escolhas é que algumas delas, trarão consequências que não são imediatas, porque tem caráter espiritual; estas estão reservadas para o dia do juízo de cada um.


Fonte: Jefferson Roger
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