terça-feira, 29 de janeiro de 2019

O santo, o mundano e o pecador

A diferença entre ser salvo e ser santo é muito bem explicada por Jesus quando se faz entender através do episódio do jovem rico. O jovem queria saber o que fazer para alcançar o reino dos céus e Jesus lhe disse que deveria seguir os mandamentos. Porém, quando o jovem disse que já fazia tudo isso e ainda queria mais, então Jesus lhe explicou que deveria vender seus bens, dar aos pobres e o acompanhar. Ou seja, deveria se desapegar da materialidade e suas raízes mundanas. Resumindo até aqui, o Cristo disse que se queremos ser salvos devemos seguir os mandamentos, mas se queremos ser santos temos que ir além.

Eis aí a diferença entre quem é salvo e quem é santo. O pecador vai fazendo o seu esforço entre quedas e levantes e na obrigação dos mandamentos sai do estado de abaixo de zero (pecador em estado de pecado mortal) para o estado de salvo, com seus pecados perdoados e suas penitências cumpridas. Nesse ponto, o penitente está no “zero”, nem tem o que pensar de si, pois sequer deu um passo na direção da santidade.

Todavia, nesse ponto é a hora de seguir em frente, sair do zero, ir além da obrigação. Daqui para frente Deus espera o nosso amor, a nossa imitação ao Cristo. Quanto mais se ama, mais santo se fica, mas um amor a Deus e por causa de Deus. No entanto, existe aqui o grande perigo da peregrinação; não ocorre a transformação do pecador em santo, como o milagre da água transformada em vinho, existe aqui a batalha contra os espíritos malignos dispersos pelos ares.

Dentro dessa batalha encontra-se o mundano. O que é o mundano? Vamos exemplificar com o ensinamento de Santa Teresa. Ela diz em seu livro das moradas que quando entramos pela graça de Deus na primeira das sete moradas, rumo ao centro onde se encontra a felicidade que é Deus, nesta primeira morada o que nos impede de irmos adentro, para as próximas moradas é a nossa fraqueza e ausência de propósito que nos move a abrirmos as janelas da primeira morada e olharmos para fora do castelo. Estando na graça não nos voltamos para o centro do castelo e direcionamos nosso olhar para fora, através das janelas que nos mostram o mundano, as tentações. A pessoa vê toda a “beleza e as delícias” do mundo e se lamenta, “eu estou aqui sendo proibido de fazer tudo aquilo porque sou católico e estou aqui na graça de Deus”. Não entende sua condição e coloca Deus na posição de desmancha prazer.

Para encerrar vamos dar um exemplo. Digamos que você recebe o seguinte mandamento, caro leitor: “você está proibido de matar a sua mãe”. O que você pensa a respeito disso? Com certeza deve achar muito fácil não estar sujeito a esta lei porque, como você ama sua mãe, esse amor te deixa livre do mandamento e acima da lei. O amor liberta a pessoa e é por isso que enquanto se dá “ouvidos” à concupiscência da carne não se consegue amar e imitar Jesus.


Fonte: Jefferson Roger

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