terça-feira, 15 de janeiro de 2019

A rotina da oração

Muitas pessoas ditas de fé colocam em sua rotina diária suas práticas religiosas. Separam durante seu dia um horário para as meditações, para as orações, para o rosário, para as reflexões, leituras católicas e sagradas. Ao longo de suas vinte e quatro horas vão vivendo e colocando Deus e tudo que procede dele entrelaçado no decorrer das horas que passam.

Se a rotina é adaptada numa vida atribulada e tem sucesso, ótimo. Todavia, o que acontece se, por exemplo, o sujeito tira férias do trabalho? Digamos que durante o dia cerca de três horas são destinadas ao convívio mais direto com Deus, isso dentro de uma agenda bem atribulada. Ora, pode-se facilmente cair na tentação de se pensar que se a pessoa tira férias de seu trabalho terá mais tempo disponível para sua comunhão com Deus.

Não é assim que sempre acontece. A rotina fortemente alterada em virtude de férias, passeios e viagens prolongadas facilmente rouba a cena daquela oração, daquele rosário, daquela participação na santa missa ou daquela leitura bíblica diária ou confissão mensal.

Quando isso acontece percebe-se que a religião praticada, de fato, é colocada, pelo menos nesses períodos, em igual patamar aos eventos sociais. Tira-se férias da religião, férias de Deus, parece que ao sair da paróquia em que mora e da vida em comunidade a pessoa não se vê obrigada mais aos sacramentos e aos mandamentos. Não estamos aqui generalizando, porque em detalhes e de cada pessoa, quem sabe e vê corações é Deus. Mesmo assim, o dito acontece, todos sabemos, ou até (que Deus nos livre disso) praticamos essa conduta de ir à contramão do caminho da porta estreita.

Agravado está a situação quando o costume de pecar caminha de mãos dadas. Pecar perde valor, ganha relatividade e com isso se acha que tudo bem, peco aqui, ali e acolá e depois me confesso. Triste engano, não é remédio para se tomar depois de uma farra gastronômica para aliviar o mal-estar. Quem peca com intenção de se confessar não espere de Deus o perdão e nem a misericórdia. Isto é verdade bíblica retomada por Deus em colóquio com Santa Catarina de Sena.

Da mesma forma não devemos agir com sazonalidade em relação à nossa comunhão com Deus. Dele, sempre queremos o pronto atendimento e por que então, nos achamos no direito de não agirmos como o Cristo (Efésios 5,1 – 1ª Coríntios 11,1)? Queremos ser filhos de Deus e, portanto, herdeiros do reino, mas queremos nos comportar como o irmão do filho pródigo que exigia do pai todos os direitos e ainda pior, nem sempre agindo nós, como devemos. Que não seja assim, que as práticas religiosas sigam muito além de uma simples rotina, como escovar os dentes ou tomar banho, que elas sejam algo indispensável como a boa noite de sono, que quando deficiente ou prejudicada nos compromete a saúde do corpo e da mente.


Fonte: Jefferson Roger

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