quarta-feira, 10 de abril de 2019

A disposição do penitente

Já pararam para pensar porque é que as pessoas comungam, comungam e comungam, confessam, confessam e confessam e não ficam mais santas? Ou até mesmo o exame de consciência próprio nos traz à tona essa realidade de vida? Pois bem, a relação da improdutividade está na disposição do penitente. Jesus é o mesmo para cada um, a sua graça é a mesma para cada um. Fazendo uma analogia temos: o sol é o mesmo ao distribuir seu calor por toda a parte. Seus raios atingem uma telha de metal e uma telha de barro. Porque uma esquenta mais do que a outra se o sol é o mesmo e emite por igual seus raios?

São Tomás de Aquino nos esclarece que a disposição do penitente é fator importantíssimo na recepção dos sacramentos. Essa disposição pode, por causa do pecado cometido, servir de trampolim para um estado de graça maior. Pode ainda manter o penitente no mesmo estado de santidade; ou colocá-lo num estado inferior.

A coisa é séria mesmo. Se o piloto automático é ligado e nos dirigimos para a confissão como quem quer se livrar daquele pecado apenas, de forma relapsa premeditando novas ofensas contra Deus, ou agindo num desserviço próprio de peca, cai, se levanta e confessa e torna o ciclo a se repetir de maneira intencional, sem a queda pela tentação, nada mais pode acontecer do que confissões inválidas e sacrílegas, além de infrutuosas, o mesmo valendo para a comunhão.

Na confissão é necessário apresentar o pecado contra o qual se quer empreender uma luta constante, eis aí o propósito (que deve ser firme) de não comete-lo outra vez, ou melhor ainda, nunca mais. Outrossim é o fato de se compreender que o arrependimento brota da ciência que os erros acarretam suas consequências. A danação eterna da alma está atrelada aos pecados, por mais que justificativas mirabolantes e majestosamente engendradas pela mente humana sejam forjadas, tudo isso não é e nunca será páreo para a verdade das verdades, aquela que brota do Verbo Encarnado.

A verdadeira disposição precisa conter, além do arrependimento verdadeiro, como aquele que nos faz desejar voltar no tempo para não cometer o pecado, um compromisso inabalável com uma vida que pode nos conduzir para o céu. Somos frágeis vasos de barro, nos advertem as escrituras, por muito pouco, jogamos a vida das felicidades eternas junto de Deus na lama. Não podemos deixar de agir como nos exorta São Paulo: temos que lutar contra o pecado até o sangue. Já não foi derramado por nós muito sangue na paixão de nosso senhor Jesus Cristo? E o que fazemos nós?


Fonte: Jefferson Roger

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