terça-feira, 11 de junho de 2019

Deixado para morrer

Com certeza para muitas pessoas parece que Deus fica sentadinho lá em cima com sua lupa só olhando as formiguinhas aqui na terra (nós seres humanos), tentando levar uma vida sem serem queimados pela luz do sol que sua lupa pode aumentar e muito nos fazer sofrer. Fica lá, divertindo-se em ver quem será que vai conseguir ao final de sua jornada escapar do seu furor e conseguir o imerecido céu. Parece que somos deixados aqui na terra com nossos problemas enquanto ele fica lá em cima acompanhando tudo. E não adianta, rezar, rezar e rezar, pedir, pedir e pedir, parece mesmo que fomos deixados aqui para morrer.

De fato, a vida do homem aqui na terra é uma batalha constante. Em pleno século vinte e um ainda existem pessoas que vivem uma vida que não é baseada em alguma crença religiosa. Elas acham que depois que a morte chegar elas farão parte da não existência eterna. Parecem ateus, embora se saiba que existem três tipos de ateus:

Os que dizem não acreditarem em Deus, mas vivem como se acreditassem;

Os que dizem não acreditarem em Deus e vivem como se não acreditassem;

Os que dizem acreditar em Deus, mas vivem como se não acreditassem.

Seja como for, a relação que as pessoas têm com a morte nunca é das melhores. Ela é certa, inevitável, necessária e chega muitas vezes sem aviso prévio. Parece que a morte é a carta na manga de Deus. Quando menos esperamos ela dá a sua cartada e lá se vai mais uma vida. O sujeito pode estar em dia com suas obrigações divinas ou não, a surpresa da morte em sua vida pode lhe agravar a outra etapa de sua existência ou não, claro, falando-se de modo cristão.

Porém, vamos lá, aos cristãos a música é outra. Fomos sim deixados para morrer, mas não abandonados. São Francisco de Assis chamava a morte de sua irmã. Sua amiga que traria a boa notícia de que o encontro com o criador, o retorno para a pátria celeste estava se aproximando. As alegrias eternas estavam separadas pelos momentos finais dessa primeira etapa de nossas vidas. Foi necessário aos planos de Deus que a morte vencida na cruz fosse experimentada por cada um, herdeiro do pecado de Adão e Eva. Ela faz parte da purificação final que renovará a alma e a encaminhará para o céu. Querer ir para o céu, mas não querer morrer é completamente incoerente. A boa morte ou a morte necessária conforme nosso grau de comprometimento com Deus nessa vida certamente nos aguarda. Ele nos deixou para morrer, mas nossa morte virá conforme necessitemos de mais ou de menos purgação para sermos admitidos junto ao Pai Eterno. É por amor que ela existe, essa sim é a carta na manga de Deus, onde no último instante ele ainda tenta nos resgatar.

São João Maria Vianney dizia à uma viúva: não se preocupe, houve tempo entre a ponte e o rio. Referia-se ao marido que tinha se suicidado e que ela temia estar no inferno. Para Deus, tudo é possível.


Fonte: Jefferson Roger

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