No início da própria conversão, as pessoas abandonam os pecados mais grosseiros (bebedeiras, orgias, roubos, etc), e a sua vida assume certa sobriedade e constância para as coisas do Céu. Elas já rezam com mais frequência, praticam algumas virtudes e, quando percebem suas faltas, não demoram para procurar o auxílio de um sacerdote. Apesar desse progresso, no entanto, essas almas ainda têm de enfrentar um obstáculo dificílimo para realmente progredirem na santidade: a irritação. Não é difícil encontrar pessoas que a qualquer sinal de contrariedade demonstram uma ira surpreendente. Basta que lhe façam uma única injustiça para que o mundo venha abaixo. As almas que se encontram assim precisam confiar em Deus. O aumento no grau de santidade depende exclusivamente de uma intervenção divina, que só acontecerá no momento de Deus. Enquanto isso, a alma precisa manter-se firme na oração, nas práticas de piedade, suportando toda essa miséria por amor ao Senhor, segundo o itinerário que São Pedro apresenta: 2ªPedro 1,5-7 - “Esforçai-vos quanto possível por unir à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o amor fraterno, e ao amor fraterno a caridade”. A alma em estado de graça, embora já possua certa caridade, ainda precisa purificar-se de muitas paixões desordenadas, e essa purificação serve para unir o coração do homem ao “manso e humilde” Coração de Jesus, que concede aos seus amigos a “paciência infusa”. Nesse sentido, a alma necessita ser constante para suportar as provações. Com essa perseverança, a pessoa poderá cumprir a plenitude da lei pela humildade diante de Deus e a mansidão diante do próximo. O grande problema da ira é a irracionalidade dos desejos. Por exemplo, quando pretendemos chegar pontualmente a um compromisso, mas as circunstâncias nos impedem, a única solução é aceitar o atraso. A ira, nesse caso, de nada adiantará, e ainda pode ser um motor para o pecado grave. É mais forte o soldado que suporta as provações da trincheira do que aquele que apenas atira no campo de batalha uma única vez. Os homens fortes são pacientes, pois Cristo foi paciente na cruz. Vale, portanto, o conselho de São Josemaria Escrivá: “Serenidade. — Por que te zangas, se zangando-te ofendes a Deus, incomodas os outros, passas tu mesmo um mau bocado… e, por fim, tens de acalmar-te?” Fonte: adaptado pelo autor do site padrepauloricardo.org
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