quarta-feira, 10 de julho de 2019

Vivemos na fé ou seremos “reprovados”?

O cristianismo é o mistério da presença real de Jesus Ressuscitado ao nosso lado – Dom Divo Barsotti. Deveras, o exercício do cristianismo supõe uma comunidade e uma relação íntima com Deus, de modo que se pode viver constantemente na sua presença, “mesmo que minha fé seja tão pobre que eu não consiga reconhecê-la”.

Mas como entender essa presença real de Jesus Ressuscitado? O capítulo 24 do Evangelho de São Lucas pode nos dar algumas pistas a esse respeito. Trata-se da passagem em que Jesus se encontra com os discípulos de Emaús e, abrindo-lhes a inteligência, revela-se como um Deus que caminha conosco, ainda que não reconheçamos a sua presença. Os discípulos de Emaús são, na verdade, os cristãos de todas épocas que, diante das dificuldades e das notícias más, terminam acabrunhados e desesperados. Jesus, por sua vez, concede-lhes a sua graça para que vejam e creiam outra vez.

É essa graça de Cristo que nos coloca em comunhão com Ele. Jesus está virtualmente presente no nosso meio, isto é, a sua força age em nossos corações, motivando-nos a crer, esperar e perseverar contra as adversidades do mundo. Em outras palavras, a graça de Jesus Ressuscitado já nos relaciona ao seu triunfo final, pelo que não nos resta mais senão “esperar até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés” - Hebreus 10, 14. Essa é a maravilha do cristianismo.

Nas palavras de São Bento ouvimos que “o mundo e a Igreja estão atravessando momentos de confusão desnorteadora: de um lado, ataca-se impunemente a santidade do matrimônio e da família, iniciando-se por fazer concessões diante de pressões capazes de incidir negativamente sobre os processos legislativos; do outro, o valor do compromisso sacerdotal é questionado como entrega total a Deus através do celibato apostólico e como disponibilidade total para servir às almas, dando-se preferência às questões ideológicas e políticas, inclusive partidárias”. Com efeito, a fé dos cristãos ameaça vacilar. Mas, como recordava Santo Agostinho, “vacilará a Igreja se vacila o seu fundamento, mas poderá talvez Cristo vacilar? Visto que Cristo não vacila, a Igreja permanecerá intacta até o fim dos tempos”.

No meio dessa confusão e aparente vitória do inferno, os cristãos que permanecem na graça podem manter-se firmes e seguros de que a palavra definitiva está do lado de Deus. Nosso único dever é o do exercício da fé, a fim de que, na hora oportuna, reconheçamos os passos do Salvador na nossa direção, e não andemos mais tristes como os discípulos de Emaús. Por meio da oração íntima e perseverante, podemos viver na presença real de Jesus muito para além do momento da comunhão eucarística. Neste sentido, a oração precisa ser um compromisso diário de todo cristão.


Fonte: adaptado de padrepauloricardo.org

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