sexta-feira, 8 de novembro de 2019

A Possessão

O estudo da possessão demoníaca nunca foi, não é e muito provavelmente nunca virá a ser uma ciência. Existem, porém, muitos que vêm devotando suas vidas a estudar o assunto, que vem tentando determinar o ponto no qual a possessão tem início para que ela possa ser evitada. A possessão remonta à época de Cristo, que expulsou demônios de inúmeras pessoas, de acordo com o Novo Testamento. Atualmente, muitas igrejas e seitas cristãs ainda praticam o rito de exorcismo; a principal dentre elas: a Igreja Católica. Existem dois tipos de possessão: a de uma pessoa e a de um lugar como uma casa ou outro tipo de construção.

Entre os estudiosos, uma posição é quase unânime: a entrada inicial é feita apenas depois da vítima ou residente da construção visada ter feito uma escolha – por mais inconsciente ou tênue que seja – de dar permissão. Assim que se dá a entrada inicial, a entidade possessiva começa a atormentar o hospedeiro ou os ocupantes da construção que ela adentrou. Isso costuma ser feito por meio do medo. A entidade não apenas se alimenta do medo, ela sabe que o medo enfraquecerá a vítima, aproximando, assim, a entidade do controle total, deixando-a mais perto da possessão completa.

De acordo com aqueles que os testemunharam, nenhum exorcismo é igual ao outro, embora todos tenham duas coisas em comum, uma delas, inesquecível para todos os envolvidos, quer seja o exorcismo de uma pessoa ou construção: a presença. Ela é invisível, etérea e, ainda assim, sentida tão profundamente por todos os envolvidos que parece quase tangível. É uma presença que não é masculina, nem feminina... nem humana, nem animal... nem uma única entidade, nem uma multidão delas... mas é distinta e, conforme o exorcismo avança, se torna mais forte. Se e quando fala, ela às vezes se refere a si mesma como “eu”, às vezes como “nós”. Ela se move ao redor daqueles presentes como uma brisa fria como gelo, uma corrente de ar das profundezas da caverna mais subterrânea da Terra, até o exorcismo chegar ao fim... até a entidade possessiva ter sido expulsa em nome de Deus. A segunda coisa que todos os exorcismos têm em comum é a mais ameaçadora: o perigo.

Aqueles que participam de um exorcismo estão em perigo constante e devem esperar ouvir os insultos mais abomináveis e ver as coisas mais assustadoras que provavelmente vivenciarão nas suas vidas. Sua fé deve permanecer sólida como uma rocha diante do abuso horrível e sobrenatural. Os demônios não serão expulsos sem uma luta furiosa, e sua principal arma, como sempre, é o medo. Eles se alimentam dele e farão qualquer coisa que conseguirem para arranca-lo de dentro daqueles envolvidos na tentativa de expulsa-los. Nem todas as tentativas são bem sucedidas.

Os demônios esperam um convite antes de entrar, mas nem sempre saem quando ordenado.


Fonte: adaptado do livro “Lugar Sombrio”

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