A crueldade com os animais é com razão repugnada, no entanto, o aborto é celebrado. Os animais de estimação são vistos como preciosos, já as crianças no útero são outra história. Como é ter um animal de estimação? Uma tarefa rotineira, mas divertida. Animais de estimação são fáceis: eles comem, dormem, brincam e imitam o dono. E ter um filho? Inconveniente e perigoso. Afinal de contas, como criar uma família neste mundo? É algo que envolve muita responsabilidade, e incerteza também. Cuidar de um bebê é inconveniente. Criar um filho é como criar um cachorro, só que o cachorro às vezes é mais divertido! Por exemplo, quando você adquire seu primeiro cachorro, é necessário dedicar-se a cuidados de higiene e limpeza, mas não se perde muito sono por causa disso. Já quando você tem seu primeiro filho, precisa ficar sempre de plantão durante a noite. No entanto, há uma diferença, e ela é crucial: seu filho é uma pessoa. Não há como fugir desse fato: ele é uma nova pessoa. Quem ele será? Como vamos educá-lo? O que eu fiz para merecê-lo? Ao vê-lo crescer e fazer descobertas, sei que nunca poderia ter gerado meu filho sozinho e por minhas próprias forças. Ele é um dom. Eu não decidi seu sexo, aniversário ou características físicas. Os chamamos de nossos filhos, mas nunca poderemos reivindicar propriedade sobre eles da mesma maneira que fazemos com um animal de estimação. O filho vai crescendo e sua vontade e intelecto aparecerá com mais destaque. Ele passará a aprender, pensar e tomar decisões. Ele se tornará cada vez mais interessante, expressando algo que sempre esteve lá: sua personalidade, sua “pessoa-lidade”. Desde a sua concepção, isso já estava por vir. Criar um animal de estimação é simples. Não precisamos ensinar história ou regras de etiqueta aos nossos animais de estimação. Solte um gato de três anos em um campo e ele conseguirá sobreviver. Faça o mesmo com uma criança, ela não durará uma semana. Quando você considera a moralidade, as coisas ficam ainda mais complicadas. As crianças precisam aprender a distinguir o bem do mal, e a controlar suas emoções. Isso requer muito mais esforço do que ensinar novos truques a um cachorro. Porém, quanto maior o esforço, maior é a recompensa. Receber o dom de outra pessoa é algo extraordinário, e não há nada que se iguale a poder criar e formar um santo. Ser pai exige noites sem dormir, compromissos desfeitos e decisões angustiantes. Os pais não podem se eximir de atender às necessidades físicas básicas de seus filhos e ir embora. Os bons pais devem ser altruístas e dedicados; caso contrário, estarão lidando com uma criança desnutrida, infeliz e subdesenvolvida. O sacrifício é um requisito fundamental, não uma opção. Ser pai exige amor. Quando descobri que minha esposa estava grávida, sabia que tinha uma escolha a fazer: sacrificar minhas próprias preferências e ser um bom pai e esposo, ou viver uma de casado agindo como solteiro, negligenciando, assim, as necessidades da minha família. Querendo ou não, tive de tomar uma decisão. Dela dependia meu crescimento ou estagnação. Como novo pai, fui confrontado com uma escolha a ser feita: tornar-me o tipo de pessoa que pode criar um recém-nascido para ser um santo, ou não. Aqui, o que está em jogo é a eternidade. Fonte: adaptado de padrepauloricardo.org
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